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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Identidade do professor






A prática da docência em seus vários aspectos é um tem de grande importância e, portanto, atual: sua formação inicial e continuada, a construção da sua identidade – diante do mundo contemporâneo. Daí a necessidade de repensar também nos elementos básicos que norteiam toda a dinâmica da sua vida profissional – o conhecimento teórico e prático que se torna o ponto básico da prática social, a interdisciplinaridade e a aprendizagem continuada. “A formação do professor deve ser pensada e realizada no sentido de promover aprendizagens que despertem a capacidade do educador para: interagir com a problemática do contexto no qual a instituição está inserida; buscar constantemente a atualização dos conhecimentos adquiridos, tanto dentro como fora do contexto escolar; enfrentar os conflitos e demandas atuais; interagir com o grupo, em discussões e na troca de experiências; inserir-se num contexto interdisciplinar de trabalho; relacionar-se com outras áreas de atuação.” ( FELDMANN, 2009, p. 13).

Assim como há professor que sem uma formação, identificamos também aqueles que saem sem um preparo pedagógico de ação. Há uma necessidade urgente para a retomada da qualificação pedagógica, seja através de cursos de treinamentos, debates ou da formação continuada, discutindo os problemas de sala de aula, buscando e trocando sugestões, criando grupos de estudos, entre outros.

O ensino constitui-se em um fenômeno complexo enquanto prática social, realizada pelos sujeitos situados num contexto histórico – professor e aluno. Sendo assim, podemos considerar a construção da identidade do professor sempre num contexto histórico. A profissão de professor é dinâmica assim como a sociedade. A nossa identidade é construída quando damos significados à nossa prática como atores e autores. É também construída a partir do significado social que damos à educação.

Professor e aluno são aqueles que atuam e constroem suas respectivas realidades em diferentes contextos sociais e culturais. Nesse sentido “uma política de formação dos professores em serviço efetivamente engajada na melhoria da qualidade de ensino deverá garantir as condições e viabilizar um trabalho dessa natureza, vendo a escola e a própria formação com práticas sociais que são”. (KRAMER, 2010).

O professor é um profissional que deve buscar entender de uma maneira crítica e criativa, as transformações, os avanços e os recuos das transformações introduzidas no sistema educacional pela LDB. Defende-se aqui que a formação do professor, sua valorização e as condições de trabalho juntamente com a ampliação de sua postura crítica sobre sua atuação, constituem-se na transformação da prática social.

Ser professor, diante de tantas exigências que são incorporadas ao seu trabalho e do atual contexto social, é atuar ética e politicamente, contribuindo com seus conhecimentos, suas competências e habilidades. O professor resignifica o seu tempo e o seu espaço junto com o aluno, ambos trabalham na construção e na reconstrução de um projeto de mudança na prática social, tendo clareza dos objetivos, das metodologias, dos conteúdos, das várias formas e tipos de avaliações e dos seus respectivos resultados, tendo em conta que “não há ensino possível sem o reconhecimento, pelo professor, da legitimidade da coisa ensinada”. (FELDMANN, 2009, p. 10)

Concluímos que prática social do professor passa pelo reconhecimento da sua autonomia que não deve ser mecânica e linearmente determinada pela escola. Consiste em reconhecer seu papel e cumpri-lo, apesar do contexto adverso em que vive o aluno e da escola em que trabalha. Assumir o dever de cidadão, conhecendo seus direitos e deveres, por meio dos quais estabelece as suas relações sociais. É perceber a prática escolar como um trabalho sério e necessário à produção de homens que se relacionam histórica e socialmente (GRAMSCI, 1978).

Por FERNANDO MARTINS



-Formado em Ciências Sociais e Teologia;
-Pós graduação em Metodologia do Ensino de História;
-Escritor, Palestrante e Professor de História na Rede Pública Estadual
Twitter: @filosonando

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Bolha imobiliária na "Comunidade"!?!?!





Conversa no coletivo entre dois homens:

- Que isso! só R$ 30 mil? Vendi um barraco por R$ 80 mil lá na Caititu...

- Eu também moro na Caititu, mas lá não tem mais risco de retomarem o terreno.

- Eu estou naquela invasão também. Mas lá ainda tá grilado, mas dá pra vender um de dois cômodos por R$ 30 mil.


Pensando bem no absurdo dos vários "Brasis"... se um barraco com apenas contrato de compra e venda grilado, com risco de perder tudo por 30 mil... como vamos reclamar dos apartamentos nos moldes do "minha casa minha vida" por R$ 150 mil em média?


Grilaram o Brasil minha gente. E os gafanhotos do Planalto dizimaram o resto. Fazendo uma breve pesquisa sobre o tema, mercado informal é a regra, infelizmente.

Custos de transmissão de bens, documentação são muito altos para pessoas de baixa renda, então as negociações seguem informais. Em pesquisa realizada por oito universidades brasileiras, lideradas pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).O estudo traçou um retrato do mercado imobiliário nas favelas de oito capitais. O projeto Mercados Informais de Solo Urbano nas Cidades Brasileiras e Acesso dos Pobres ao Solo analisou a comercialização de imóveis (compra e venda) e a locação (aluguel) em favelas do Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre, Recife, Belém, Salvador e Brasília.Uma das conclusões do estudo é a existência de um mercado informal regular do solo nas cidades estudadas, com alta rotatividade na ocupação dos imóveis em algumas comunidades. Os mais altos níveis de rotatividade foram encontrados nas favelas do Acari (14,66%), do Grotão (13,36%) e Tijuquinha (10,12%), enquanto o mais baixo (0,36%) foi identificado no morro do Pavão-Pavãozinho. Todas essas comunidades ficam no Rio de Janeiro.Para a coordenadora executiva da pesquisa, Andréa Pulici, do Ippur/UFRJ, os números mostram que a troca de imóveis é mais intensa nas favelas do que no mercado formal. “Esse mercado é muito mais líquido e tem maior rotatividade do que o mercado formal”, destaca.A pesquisadora ressalta que a compra e o aluguel de imóveis em comunidades carentes seguem normas próprias, apesar de estarem dentro da informalidade. “Esse mercado tem práticas que regulam seu funcionamento”, diz.Pulici ressalta ainda a importância de entidades locais para coordenar o mercado imobiliário nas favelas. “No Rio de Janeiro, por exemplo, as associações de moradores têm papel fundamental”, salienta. “Quando você compra ou vende uma casa, o contrato é registrado na associação, inclusive com o pagamento de imposto para a entidade.”O estudo atesta que o mercado imobiliário informal é uma das portas de entrada das famílias pobres nas grandes cidades não apenas do Brasil, mas da América Latina. Segundo o levantamento, há uma oferta de moradias informais voltada aos mais pobres, especialmente em Belém, Brasília e São Paulo.O projeto teve apoio financeiro do Programa de Tecnologia da Habitação (Habitare), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia. A Finep investiu R$ 457,9 mil no estudo. A pesquisa resultou na construção de um banco de dados com informações inéditas sobre o mercado imobiliário em comunidades carentes consolidadas.O trabalho foi desenvolvido por uma rede de instituições. Participam a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Universidade Federal do Pará, a Universidade Federal da Bahia, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), o Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais do Departamento de Geografia da Universidade de Brasília (UnB), o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), além do Ippur/UFRJ. (fonte)

Vem a pergunta: mesmo com risco de reintegração, quais as "vantagens" de se morar na Comunidade (agora o termo favela é incorreto politicamente)? 

Pois bem. Empiricamente, conversando com meu pai, ele disse pontos interessantes: 1 - não paga aluguel, condomínio, luz e água; 2 - segurança 24h (também informal) pois os "líderes" não deixam ninguém mexer na Comunidade; 3 - Assistência social: sempre tem almas caridosas que levam alimentos, brinquedos entre outros donativos. 

Daí lembrei-me conversando com uma funcionária pública que trabalha com demandas de habitação popular, quando do cadastramento para adquirir moradia legalizada, argumentam da seguinte forma: "não Dona, prefiro ficar no barraco. Aqui as pessoas trazem pra gente comida, roupa, brinquedo. Morar naquele pombal me deixa escondido e eu não ganho nada". 

Com juros altos e incerteza, o mercado informal cada vez ganha mais força. Infelizmente é essa a realidade. A racionalidade da Teoria Econômica engloba essas soluções inusitadas e cada vez mais organizadas (conforme pesquisa acima) distanciando cada vez mais o Brasil formal do informal. Cultura perigosa e separatista. Reformas estruturais são mais que urgentes para tentar mesmo que a médio e longo prazo reverter essa situação. 

#SOSBrasil

Por ANA STUCCHI



-Economista de formação;
-MBA em Gestão de Finanças Públicas pela FDC - Fundação Dom Cabral;
-Atualmente na área pública
Twitter:@stucchiana

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Em Ouro Preto/MG



A Cidade de Ouro Preto

Ouro Preto, cidade histórica, hoje com mais de 300 anos, pertence ao Estado de Minas Gerais, no Sudeste do Brasil. Conhecida também como "Ourinho Cidade onde os sinos dobram". Ouro Preto foi considerado o primeiro sítio brasileiro considerado como Patrimônio Mundial da UNESCO, isto em 1980. No princípio, a região era habitada por índios, até então com a vinda dos imigrantes europeus no século XVI. No mesmo século, exploradores de São Paulo, os bandeirantes, começaram a percorrer o Estado de Minas Gerais em busca de ouro, o qual foi encontrado somente no fim do século XVII. A partir deste momento, muitos exploradores de outros estados brasileiros também vieram em busca de ouro na região de Ouro Preto. E assim foram se passando os tempos, depois com a atividade mineradora em grande escala, veio após então a Corrida do Ouro, o Período Imperial, Período Republicano, enfim a cidade foi cada vez sendo mais habitada e explorada pelo grande acumulo de ouro, o qual também foi levado para outros países pelo mundo a fora.

Pontos Turísticos

Praça Tiradentes: praça esta, em homenagem a Tiradentes, o qual teve sua cabeça exposta em 1972, na época Vila Rica, hoje Ouro Preto. Hoje no local, uma estátua de prata representa e homenageia o Mártir da Independência, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. No local estão presentes duas casa muito importantes para a cidade, o Museu da Inconfidência e o Museu de Ciência e Técnica. 

Igreja Nossa Senhora do Pilar: é uma das obras católicas mais conhecidas das que foram feitas durante o Ciclo do Ouro. A devoção a Nossa Senhora do Pilar foi trazida por um Bandeirante de São Paulo, o qual trouxe a imagem para a cidade na época. é uma das igrejas mais belas do Brasil, com aspectos arquitetônicos e artísticos encantadores. 

Igreja São Francisco de Assis: com estilos de arquitetura Barroco e com elementos decorativos Rococó. Uma das obras mais significativas da arte colonial, obra esta criada por Aleijadinho.

Igreja São Francisco de Paula: construída entre 1804 e 1898, sendo esta a última igreja erguida na época colonial na região. Um fato interessante é que as pessoas pensavam que se fossem enterradas no cemitério da Igreja elas chegariam ao céu mais rapidamente.

Museu da Inconfidência: obra histórica, ocupa onde ficava a antiga Casa de Câmera e a Cadeia de Vila Rica. O Museu é preservada em memória da Inconfidência Mineira (1789). O museu contém documentos, objetos, obras históricas do período da Inconfidência, é muito visitada pelos turistas.


Por FERNANDO BERVIAN

- Administrador do Blog do Bervian;
- Gaúcho de Ivoti/RS;
- Ensino Médio Completo;e
- Futuro Jornalista ou Professor de Geografia.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Diga não a si mesmo



Tudo o que fazemos gera uma consequência que altera coisas no ambiente ao nosso redor. Se as alterações são positivas porque beneficiam a nós ou aos outros, continuamos nos comportando da forma que a gerou, mas se somos punidos ou as consequências não são exatamente as que esperávamos quando agimos, passamos a nos comportar de outra forma. Portanto, podemos dizer que consequências positivas e a possibilidade de evitar algo ruim mantém ou aumentam a frequência de um comportamento, enquanto que comportamentos que geram punição ou consequências negativas tendem a diminuir de frequência.

Para a Psicologia Comportamental, os sentimentos e as emoções estão sujeitos a essas mesmas leis. Vivemos em um ambiente que prega a felicidade e o equilíbrio emocional a todo custo, assim, sentimentos como raiva e tristeza são punidos, então, passamos a reprimi-los e a demonstrar só alegria, confiança e força, mesmo quando não é isso o que estamos sentindo de fato.

Podemos receber coisas boas por parecermos sempre alegres, como elogios e aprovação das pessoas, mas isso não é suficiente para fazer sentimentos desconfortáveis desaparecerem. Eles ficam dentro da gente e, conforme o tempo passa e não os expressamos, eles vão aumentando de intensidade. Então, passamos a descontar nossa tristeza e raiva nas coisas e nas pessoas ao nosso redor, o que pode nos trazer problemas e só aumentar a tristeza e a raiva, mas também fazer com que voltemos a tentar reprimir tudo de novo. Assim, basta um tempo nessa situação, para uma pessoa que até então era tida como calma e equilibrada cair em depressão ou ter uma explosão de raiva e se envolver em uma briga de trânsito, por exemplo.

Mas tão prejudicial quanto reprimir os sentimentos é sair por aí dizendo ou expressando em ações tudo o que sentimos, na hora que sentimos. Uma espécie de meio termo entre esses dois extremos é o que chamamos de autocontrole: a capacidade de uma pessoa de identificar suas emoções e administra-las de forma que possa dizer o que sente e resolver a situação que causou o sentimento sem ter de reprimi-lo nem ser punido ou gerar mais problemas por ter explodido ou agido de forma inadequada.

Tentar fazer isso é importante, pois dá a oportunidade de entendermos que, diferente do que aprendemos a pensar, não é sentir as coisas ou expressar os sentimentos que causa problemas e sim a forma como fazemos isso. Se passamos a falar o que sentimos de forma tal que deixamos de ser punidos e gerar problemas e passamos a ser bem sucedidos na resolução das situações, isso fará com que aumentemos a frequência do comportamento de expressar nossos sentimentos de forma adequada e diminuamos a frequência do comportamento de reprimir sentimentos ou expressá-lo de forma problemática.

Mas o autocontrole não serve apenas para melhorar a forma de expressarmos nossos sentimentos, ele nos ajuda, também, a mudar hábitos e alcançar metas a longo prazo. Em ambos os casos, o autocontrole é fundamental porque temos de resistir a fazer algo que traria uma recompensa imediata em nome de obter sucesso ou algo que queremos mais a diante. Para parar de fumar, por exemplo, é preciso resistir à vontade, renunciar à sensação de prazer que o cigarro traz e aguentar o desconforto da abstinência, para aos poucos ir diminuindo o numero de cigarros fumados a cada dia, até que por fim vem a recompensa de conseguir parar por completo.

Quanto mais difícil ou mais longe está o alcance de uma meta, mais complicado é ter autocontrole. Isso porque existe em nosso cérebro algo chamado sistema de recompensa, que precisa ser frequentemente ativado para trazer aquela sensação de motivação, tão necessária para nos fazer seguir em frente. O sistema de recompensa não gosta de esperar, é por isso que comemos doce no meio da dieta ou fumamos apesar de estarmos tentando parar.

Ter autocontrole é assumirmos conosco mesmo o compromisso de agir diferente em relação ao que queremos mudar, é aprendermos a nos recompensarmos quando conseguimos fazer diferente e nos acolher quando fracassamos, mas sem deixarmos de entender por que deu errado para podermos consertar em uma próxima vez. Saber controlarmo-nos é aprendermos a adiar uma vontade, pensar duas vezes antes de agir, respirar fundo. É respeito próprio e reconhecimento dos nossos limites. É saber onde queremos chegar. Saber dizer não a nós mesmos agora para poder dizer sim depois.

Por RENATA PEREIRA




-Psicóloga formada pela Universidade  Prebsteriana Mackenzie;
-Especialista em Terapia Comportamental Cognitiva pelo Instituto de Psiquiatria  do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP;e
Atende adolescentes e adultos em psicoterapia individual e em grupo.
CONTATOS:
Email: renatapereira548@gmail.com
Twitter:@Repereira548