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Não sou poeta, sou apenas um
caipira e a vida que me inspira, é a vida de peão. Na toada de Pedro Bento e Zé
da Estrada, na Mágoa de Boiadeiro, que já fui um pouco na vida e ainda creio
ser bastante na alma.
Certamente minha melhor idade
ainda não veio. Salvo, se esta for a última, que espero não seja, dando me Deus
uma esticadinha, por direito, para quitar algumas dívidas que tenho ainda com o
destino e viver mais um pouco um grande amor. Mas criado, na roça, lá existe
uma praga que se chama pau de leiteiro. Um arbusto que dá em pasto malformado e
a terra roxa, que é a minha, em que dá o pau de leiteiro, quando chove forma um
barreiro de dar gosto porque este padrão de terra demora para absorver a água e
é muito suscetível a qualquer pingo que nela caia, fazendo às vezes, por isto,
um barreirão.
A cablocada diz que está com
tudo, um cara que nada mais tenha de fazer, a não ser pensar, picando o pau de
leiteiro, com o canivete na mão e cuspindo na terra roxa, para fazer barreira,
por que este sujeito, tem o privilégio de realizado, poder somente pensar,
enquanto pica o pau do leiteiro e cospe na terra roxa para fazer barreira.
Esta poderá ser minha melhor
idade, de pensar e de livre pensar, porque se hoje penso e porque sou, não
penso livremente. Porque advogado, penso pelos outros, a eu poder ser um
cidadão consumista, pelo prazer de minha profissão.
Mas acho que o pensar sobre o por
que a flor desabrocha e o mato cresce, divagando sobre a existência de Deus,
poderá ser minha melhor idade, em que poderei dissertar sobre Jean Jacques
Rousseau, quantos filhos enjeitou, como era a indagação que o irmão de um amigo
já partido, fronteiriço, o incomodava todas as noites, com esta pergunta
infantil, impedindo o de dormir, enquanto ele respondia, ora, vá dormir seu
bobão e o mano continuava na dúvida quantos aos filhos de Rousseau, por toda
noite.
Logo, a melhor idade sempre será
aquela em que a gente vive por viver, mas com a consciência do poder livremente
viver e aí nem mesmo a primeira infância ou o desabrochar da sexualidade ou ser
calouro das Arcadas, para ser a melhor idade. Somente, para mim, algo que me
fará viver e que ainda esteja por vir, como espero, venha, então, a picar o pau
de leiteiro e cuspir no chão da terra roxa para fazer barreira em meu dolce
fare niente.
Mas hoje, porém o mundo está de
ponta cabeça. Como estivera na época de Cromwell, na Inglaterra de Carlos I,
decapitado. Daqueles dias em diante passou-se a se dizer que o Parlamento
inglês podia tudo. Menos transformar o homem em mulher porque isto era
impossível. Atualmente, contudo, homem
pode ser mulher e mulher pode ser homem e os tempos são mais de homem com homem
e de mulher com mulher e, pois, não de faca sem ponta e de galinha sem pé.
Porém eu tenho nada com isto, desde que cada um dê o que seja seu e deixe em
paz o que é meu. Assim era a caminho de minha melhor idade.
Flávio Dino, ex-governador do
Maranhão, nesta confusão de tudo, disse que o Tenente Bolsonaro, Capitão por
reforma, é o Diabo. Ora, eu escrevo Diabo com D maiúsculo porque eu não brinco
com o Tinhoso. Mas acho que dizer que Bolsonaro é o Diabo, é desprestígio para
o Capeta.
Nestas plagas e nestes tempos
bicudos, até mesmo Asmodeu tem dificuldade em ter melhor idade. Mas cá de mim,
cada fase de minha vida, é minha melhor idade. Não tenho de que reclamar, ainda
que seja difícil existir. Aos que tenham paciência em me ler, que são poucos,
carpe diem, esta, a melhor idade. Curtam cada lufada de ar que possa respirar.
A vida pode ser uma somente. Sempre uma melhor idade. Será?
* LUIZ ANTÔNIO SAMPAIO GOUVEIA