Autora: Marilsa Prescinoti (*)
O bolsonaristão é um pesadelo ou "festa estranha, com gente esquisita"?
Assim como o Eduardo da Monica que tomou muita birita, definitivamente o Brasil não está legal. Está muito esquisito!
No Brasil do bolsonaristão é assim que está funcionando:
O mito é um mandrião com faixa presidencial que oferece 3 horas ao dia de expediente. O resto é motociata, barcociata e vagabundociata de alto custo.
O exemplo da família tradicional conservadora de direita é imbrochável, incomível; já está no terceiro casamento (nada contra, só observação). Casamento único é coisa de "comunista da opus dei" da oposição.
Representante da família honesta e cristã é um homem com faixa presidencial, que a usa para livrar a família inteira, que está sendo investigada. São 4 filhos, 2 ex-esposas e a atual. Tem de tudo nessa família: acusados de desvio de dinheiro público, de rachar salários de assessores, caixa dois, tráfico de influência, desvio de verbas de gabinete e fake News. Teve filho emancipado para tirar o mandato da mãe, acusação de roubo de cofre, ocultação de patrimônio; o nepotismo correu solto.
"Dinheiro, intriga e poder acima de tudo".
Outra, conclamada como amiga da primeira-dama, é mais uma representante dessa família cristã e honesta: A flor que não cheira bem, conhecida por arrecadar muito dinheiro público usando crianças carentes, as quais chama de filho, pregar com muito fervor na igreja, conseguir mandato público e mandar matar o marido no dia de folga (Flor de Lis).
O parabéns presidencial cristão vai para uma operação que matou 11 inocentes; efeito colateral na família alheia; a indiferença vai para um "vamos punir sem exageros" para agentes do estado que torturaram e assassinaram um inocente indefeso, com distúrbios mentais. Os cristãos desta temática embalam o ódio e rancor nas redes sociais, com a figura de cristo na capa e bandeira no peito. Faltando empatia, sobrando perversão!
Pastor amigo cobra propina em ouro; carrega arma no lugar da Bíblia sob o coro de um amém? Hipocrisia!
O defensor da liberdade prega AI-5: acumula dossiê contra críticos, exige de professor que assine termo para não criticar o incriticável Jair, defensor da liberdade Bolsonaro aciona Ministério da Justiça contra o cidadão comum que levantou um outdoor engraçado que o desagradou; exonerou o chefe da PRF que lamentou a morte por Covid -19 do subordinado: o autocrata não gostou da nota. Gripezinha não mata: a não ser jornalista "bundão" ou maricas. Estranho, incoerente, sem razoabilidade.
Vejo pessoas com diploma, mestrado, dinheiro e escolaridade, negar a ciência, a vacina, a ANVISA, o Butantan e a Fiocruz, enquanto, com bandeira no peito e orgulho patriótico, toma cloroquina e remédio para piolho, receita gratuita do mito da república verde amareloide dos charlatões. Alguém perdeu a racionalidade no caminho.
O bravo cidadão, defensor do antissistema que em 2018 jurou que iria melhorar o país com seu voto, elegeu Bolsonaro, um deputado medíocre do sistema que vive em família há 28 anos sugando, gastando e lucrando com o sistema. 0 deputado baixo clero chegou lá, prometendo com discursos raivosos que não governaria nos moldes do sistema. E foi só isso, discurso vazio. Se o sistema é bom ou ruim, é questão de quem elegemos e tem que ser administrado: nem demonizado, nem empoderado. O mandrião com faixa presidencial entregou o orçamento, a chave do cofre, as decisões e os aliciamentos para os piores do sistema. E aquele bravo cidadão? Os bravos de verdade descobriram a roubada e caíram fora. Outros tantos, nem tão bravos assim, acionaram o modo turbo da falta de patriotismo: meu mito, minha vida. Hoje, apoiam essa bagaça toda como se não houvesse amanhã, cegos, surdos mudos e desbotados. Só se manifestam em cânticos de exaltação ao capitão. Patriotários em ascensão.
A transparência ganhou sigilo de 100 anos com apoio popular. O que é isso, minha gente?
Ameaças aos adversários, às instituições democráticas, aos seus representantes é tolerada como "liberdade de expressão", enquanto a crítica aos aliados é intimidada com Polícia Federal, com atuação direta do Ministro da Justiça ou da PGR! Tempos sombrios!
O conservador de direita já se orgulha da autêntica falta de educação do presidente, do desrespeito à liturgia do cargo, da falta de equilíbrio e compostura do homem com a faixa. O liberal, libertário capitalista, já incorporou uma narrativa vazia e desavergonhada para justificar a criação de Estatais; o auxílio Brasil sem vínculo com escola; 13º do bolsa família, fim do teto de gastos, aumento de privilégios para escolhidos, orçamento secreto, emendas de relator, estouro do teto do funcionalismo para que o mito e os generais do capitão possam ganhar R$350.000,00 a mais por ano. Interferência na Petrobrás já não merece crítica. Onde foi parar a coerência desta gente?
O conservadorismo que vê no bumbum até o chão das periferias um mote à indecência e à libertinagem, hoje, sem rubor na cara, bate palmas para a linguagem chula de uma primeira-dama contando intimidades conjugais em rede nacional.
Já não se fazem conservadores como antigamente.
No bolsonaristão, o eleitor que bradou com fé contra a corrupção, já perdoou ou nem se lembra mais do desmantelamento do COAF (aquele órgão que seguia o caminho do dinheiro); não está nem aí para o fim da Lava Jato (aquela operação que prendeu Lula, tesoureiros de partido, empresários, corruptos e devolveu bilhões aos cofres), nem liga para o desmantelamento e esvaziamento de todas operações de combate a corrupção. Quem liga que o procurador da República, um (petista) para muitos, foi escolhido para isso mesmo? Qual a importância de um presidente dizer que iria interferir na PF e trocar todos os delegados & afins envolvidos nas investigações de seus filhos, do Queiroz, e amigos? É O MITO! Quem liga para a aliança do Jair com o ex-presidiário e mensaleiro Valdemar, quando se tem um Alckmin e um Lula para desviar o olhar? Jair acima de tudo, direita conservadora acima de todos! Que prendam o Juiz que prendeu essa gente toda em nome da pátria!
No bolsonaristão, corrupto é aquele que enriqueceu do seu trabalho, que administrou o maior Estado da Federação respeitando dinheiro público, que doou seu salário para instituições. "Honesto" é o rachador que abriga familiares fantasmas de milicianos em seu gabinete, que comprou mansão de R$ 6 milhões (dizem que vale muito mais) dizendo que foi com rendimentos de uma fantástica lojinha de chocolate que não vende na Páscoa, ou de serviços como advogado, sem registro de nenhum processo (sigilo de 100 anos), ou mesmo com recursos do banco imobiliário da Estrela.
Pode escolher: a firula fica por conta do patriota, de verde, amarelo e branco desbotado na cara de pau.
No bolsonaristão é assim que funciona, com gosto e gozo patriótico: Bolsonaro, que inaugurou um trecho de obras do São Francisco, foi o Deus Salvador que levou água ao Nordeste (o trecho inaugurado por todos os outros presidentes anteriores não existiu); A recuperação de 4 mil quilômetros de rodovias federais é o suprassumo da infraestrutura: com direito a asfalto movediço e disputa pelos cofres do maior e melhor administrado estado da federação: eles querem SP. Enquanto isso, sob a gestão de um desafeto político, os 8 mil quilômetros de rodovias recuperados, por boas políticas, simplesmente o DOBRO, é sem efeito, coisas de comunista da calça apertada. Faltando razoabilidade e responsabilidade cidadã.
Gente sem compromisso de País.
No bolsonaristão, o Estado de SP que cresceu 8 vezes mais que o País, gerou 1/3 dos empregos, atraiu investimentos sustentáveis está destruído, acabado, mas o Brasil do Paulo "especulador" Guedes, sob uma inflação de 2 dígitos, desemprego nas alturas, gasolina a R$ 8,00, insegurança alimentar, 33 milhões passando fome, está decolando.
Faltando noção de realidade, somos todos responsáveis, enquanto sociedade.
Em defesa da soberania da Amazônia, o bolsonaristão recusou recursos internacionais, desmentiu satélites, demitiu gente séria, e liberou a coisa toda para o crime organizado, grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais. Rachão da República?
E assim chegamos em 2022, se complementando como feijão com arroz, o mais brasileiro dos pratos prontos, Lula e Bolsonaro despontam como favoritos na preferência popular.
E o combate a corrupção? (acabaram as operações, não tem investigação, não tem corrupção).
E o fim dos privilégios? (não vai acontecer; foi ampliado, normalizado e reconhecido).
E o fim da mamata? (trocou de lado).
E o respeito ao dinheiro público? (bobagem, a galera não liga para isso).
E o cartão corporativo, que agora é secreto? (segurança do mito, talkei?)
E o mensalão, petrolão? (coisas do passado).
E as rachadinhas, o tratoraço, Queiroz e os milicianos fantasmas? Os cheques na conta da Michele? (coisa pouca, o mensalão foi maior).
Improbidade administrativa? (a lei foi melhorada para quem pratica, não te contaram?)
E o toma lá, dá cá? (virou governabilidade)
E o desemprego, aumento da fome? (não sou cozinheiro)
E o combate à criminalidade? (tem armas para todo mundo: o tráfego, as milicias, o PCC, Comando Vermelho e as organizações criminosas em geral estão abastecidas, suas armas legalizadas, tem colecionador para todo fim. Portaria de rastreamento de armas e munições foi revogada pelo Jair; facilitou para todo mundo).
Então, meus caros, viram? Isso tudo, com o mito no comando, não é mais problema. Foi tudo aperfeiçoado, legalizado, aparelhado; ninguém mais incomoda ou se incomoda com essas coisas; gente escolhida a dedo para postos estratégicos resolveu tudo; o mito, que é o mito das falcatruas bem escondidas, não faria o que o PT fez: aprendeu com os erros.
Quem vencer em 2022 vai encontrar tudo pronto.
No bolsonaristão, que vai salvar o País, as pautas são outras: STF (tem que fechar); voto impresso porque sim; urna eletrônica; comunismo; Alexandre de Moraes; desfile de tanques em Brasília, para defumar a República e animar os saudosos; 4 linhas da Constituição: Vai ter golpe, não vai? Perdão presidencial, sem lavar as mãos, de fazer inveja a Pilatos; Lei Rouanet para esquerdistas, Sertanejos direitistas sem Lei.
Enquanto a sociedade se distrai com estes temas, eles, os predadores da República, eleitos e reeleitos, avançam sob os cofres, sobre as Instituições democráticas e sobre a própria democracia.
Ah, meus caros, esta gente brasileira, que não liga para essa bagaça toda, que só quer cuidar da vida, trabalhar, se divertir, amar seus entes "derramar seu riso e chorar seu pranto", é quem decide eleição. Eu, por aqui, fico na esperança de que um dia as boas políticas públicas sejam valorizadas; que os picaretas da pátria sejam neutralizados; que os bons resultados prevaleçam; que os Estadistas se apresentem com sucesso; que a sociedade não seja manobrada. Que a política seja pensada, racionalizada em prol do bem comum; que não seja amada ou odiada.
Enquanto isso, eu, Marilsa Prescinoti, por aqui e por aí, vou exercendo meu direito de expressão.
*MARILSA PRESCINOTI c/revisão de Maressa Fernandes
De acordo com suas próprias palavras:
- Administradora de empresa, blogueira, twiteira, politicamente engajada, esposa, mãe e cidadã comum.
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