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sexta-feira, 23 de maio de 2025

Mulheres versus Mocreias

Autora: Adriana Batista da Rocha(*)

Pra que time você torce?

A literatura antiga já havia registrado: há uma força ancestral na mulher — e ela se multiplica quando duas ou mais se unem, seja para o bem, seja para o caos. Ao longo da história, a força feminina foi descrita como cura, lar, rebeldia e revolução. Mas o tempo também nos mostra que essa força pode se dividir em caminhos muito distintos.

Há quatro meses venho conduzindo um laboratório silencioso, mas profundo. Observo mulheres de diferentes regiões e países, culturas e contextos. Observo escolhas, escuto consequências. Estou preparando um novo título, onde duas forças femininas colidem como universos prestes a explodir — e o que estou vendo na vida real me serve de combustível.

De um lado, uma força suave — aparentemente frágil, mas profundamente firme. Ela encanta pelo silêncio, pela beleza serena, pela delicadeza que não se dobra. Não conquista à força, conquista pela verdade que carrega no olhar. Atrai não por imposição, mas por reconhecimento: quem a segue, o faz porque vê nela sentido, e não domínio. Essa mulher não precisa gritar para ser ouvida — sua presença é como luz que preenche os espaços sem precisar empurrar sombras. Está nos lares, zelando por aquilo que muitos já esqueceram: o cuidado. Escolheu a maternidade com consciência, não por pressão. Espera o marido com o jantar servido, a casa em harmonia, os filhos brincando — não porque se sente menor, mas porque se sente inteira nesse papel que a sociedade insiste em desvalorizar.

Do outro lado, a força que ruge. Que se impõe. Que domina o espaço ao entrar. Essa mulher é temida e, por isso, seguida. Suas ideias arrastam outras mulheres pela urgência, pela raiva, pelo desejo de ruptura. Mas, aos poucos, percebo os efeitos desse modelo: muitas dessas mulheres estão frustradas. Lutaram por igualdade, mas se igualaram no defeito. Passaram a reproduzir os piores comportamentos que antes criticavam nos homens. Tornaram-se aquilo que diziam combater.

Esse não é um fenômeno novo. Na minha época de escola, já havia uma divisão silenciosa. As "meninas rodadas" se vangloriavam de ser o centro das atenções. Vestiam-se com roupas mínimas, se sentiam poderosas vendo os garotos brigarem por elas nos corredores. Outras — discretas, determinadas — estavam preocupadas com o vestibulinho, com o futuro, com o que queriam construir de verdade.

Hoje, a diferença é que o palco cresceu. A exposição é maior. As redes amplificam vozes, mas também distorcem valores. E muitas mulheres, nesse processo, perderam a própria essência. Trocaram liberdade por vazio. Confundiram o poder com performance.

Vejo agora mulheres se lamentando: "Ah…a solidão da mulher madura, a solidão da mulher preta, da mulher com filhos, da mulher moderna, da mulher pobre, da mulher rica... "A lista cresce. O modelo masculino que elas tentaram moldar não funcionou. E os poucos que se moldaram e se "desconstruíram" já não as interessam mais.

Do outro lado, surgem os chamados "red pills". Homens que cansaram dos jogos de sedução, que decidiram pensar com a cabeça de cima. Homens que escolheram ler, refletir, treinar, buscar qualidade de vida e paz. Muitos deles não querem mais se relacionar com mulheres emocionalmente instáveis, traumatizadas por suas escolhas, despreparadas para a vida real. Isso, percebo, tem se tornado insuportável para algumas mocreias. O simples "não" de um homem lúcido e firme passou a ser rotulado como "machismo tóxico".

Parece que o tempo do "chave de coxa" passou. E o que restou, para muitas, foi instigar a criação de leis que dificultam relações homem-mulher, que desumanizam o masculino e empurram ainda mais o afeto para a clandestinidade.

Prevejo complicações maiores. Mulheres à beira de um ataque de nervos. Carência de orgasmos, de afago, de afeto. Consequências amargas de um femismo que grita "meu corpo, minhas regras!" enquanto desdenha do equilíbrio, da harmonia e da responsabilidade afetiva. Agora, até amar virou um risco, e o lar — com filhos, marido e rotina — foi rebaixado a cárcere, quase um crime, apontando com dedo em riste por outras mulheres que nada construíram e o pouco que tinham foi arrancado à força.

E o amor, acabou?

Claro que não. Ele apenas ficou mais seletivo — e racional.

Me lembrei agora da caça às bruxas. A grande maioria das condenadas eram mulheres acusadas por outras: por curar com ervas, por serem belas demais, bem-sucedidas demais, livres demais.

Pensei: será que algum dia gostar e defender homens se tornará um crime?

Certamente, serei presa. Sou mãe de três, avó de meninos e — meu réu primário ainda está intacto.

*ADRIANA BATISTA DA ROCHA

Segundo suas próprias palavras:

"Adriana Rocha é escritora, Doutora Honoris Causa em Literatura, premiada no Brasil e no exterior. Arteterapeuta por vocação, editora-chefe da Gira Livro por paixão — do lar por escolha e, nas horas vagas; filha, mãe, esposa, avó e…surtada com estilo quando é necessário…"

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

2 comentários:

  1. Finalmente uma reflexão interessante sobre a mulher, e em consequência, os homens. se tornaram vítimas , agentes e pacientes das suas conquistas?? Agora é serem humildes o suficiente para saber o que fazer com tudo isso. E os homens, será que finalmente irão também mudar? quem viver, verá!

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  2. O termo ‘Red Pill’, no meu entender, não reflete homens que pensam com a cabeça de cima, mas homens extremamente misóginos que se incomodam com as conquistas das mulheres. São homens infelizes e inseguros que culpam as mulheres por tudo. São homens que buscam o retorno de um ‘macho alfa’ que controle o comportamento da mulher, que a coloque ‘no seu devido lugar’, reforçando o patriarcado.

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