Ao optar por um atalho, sem um projeto estratégico que aponte para uma mudança estrutural na política brasileira, as oposições estão na iminência de quebrar a cara. Em que pese líderes políticos experientes e importantes, o bloco caminha, mais uma vez, para ficar ‘pendurado no pincel’, como se diz.
Isso ocorrerá, fatalmente, com a ‘nova adesão’ do PMDB ao governo Dilma, com a ocupação de mais espaços de poder na reforma ministerial. O ex-presidente Lula já vinha cantando a pedra: mais cargos ao PMDB.
E por que isso ocorrerá? Porque as oposições (aí incluído o PSDB) procuraram o atalho, apostando no impeachment ou na renúncia da presidente Dilma. Ora, se fossem coerentes, deveriam buscar, primeiro, o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já denunciado diretamente na Lava-Jato.
Ficar defendendo ora a tese do impeachment, ora a renúncia, não é uma estratégia clara, sustentável. Isso é uma questão de ocasião. Nesse jogo, líderes importantes como o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o deputado Roberto Freire (PPS) caíram no conto do impeachment. Apostaram num projeto único, sem um Plano B.
O drible inquietante nas oposições, com o carimbo do ex-presidente Lula, virá até pelo que envolve um processo de impeachment: as questões legais, dos tribunais, e a comprovação do envolvimento direto da presidente.
Sem contar que o afastamento da presidente dependeria de uma trinca que tem tudo para, mais uma vez, usar a surrada cartilha da adesão: o PMDB velho de guerra, um Congresso majoritariamente fisiológico e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que vem se constituindo num exímio lançador de bravatas.
Como se vê, o jogo caminha para um resultado que, fatalmente, trará decepção às oposições. Isso já está se materializando, e com uma pontinha importante de colaboração das oposições. Se tivessem optado por uma tese com começo, meio e fim, um projeto sustentável, o resultado certamente seria outro.
Todo esse enredo demonstra que pensar a política no Brasil, e pensar a mudança no Brasil, passa pela necessidade de mudar o sistema imperialista do presidencialismo para o parlamentarismo. Esse deve ser o caminho para uma mudança verdadeira. O impeachment poderia até prevalecer ou Dilma até poderia admitir a renúncia em algum momento, por estar muito fragilizada, mas agora estas são possibilidades muito remotas.
A questão está, então, resolvida? Não! Até porque, o alívio da redistribuição dos cargos será momentâneo e a realidade real voltará à tona quando os conflitos na base surgirem novamente, em meio à crise e a uma gestão confusa e complicada de Dilma.
Às oposições, portanto, cabe a coragem e a ousadia de pensar de forma mais estruturante. Fazer política como biruta de aeroporto, ora indo de um lado, ora de outro, procurando sempre seguir a direção momentânea do vento, não me parece estratégico.
Isso vale, repito, para o meu próprio partido, cuja bancada na Câmara vem se comportando em alguns momentos de forma estapafúrdia. Para fazer raivinha a Dilma, votou pelo fim do fator previdenciário. Votou também com Eduardo Cunha na pauta-bomba, criando encargos mesmo sabendo que a economia brasileira estava quebrando. Esse tipo de política não tem sustentação.
Postado em http://www.diariodopoder.com.br/artigo.php?i=31182627492
Por ELIAS GOMES
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Por ELIAS GOMES
-Prefeito de Jaboatão dos Guararapes (PE)
-Vice-presidente Estadual do PSDB de Pernambuco
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