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sábado, 14 de novembro de 2015

Cidadania



Aproxima-se o período do pleito eleitoral em todo o território nacional, no que se refere ao âmbito municipal.Promessas, alegrias, esperanças, norteiam uma população sem o menor sentimento de cidadania, ou melhor, sem o menor conhecimento da força e da profundidade da palavra cidadania. Contentamos-nos com tão pouco!

A razão desse contentamento está na própria estrutura arcaica e verticalizada que foram cristalizados os nossos valores sociais.Nossas escolhas são nossas ou impulsionadas por sentimentos determinados externamente? Inocentes são aqueles que imaginam participar da festa da democracia, o voto. Nossas casas de educação reforçam essa cristalização, pois não sabemos bem se vivemos um nada disfarçado de mudança, ou uma mudança disfarçada de nada. Somos solúveis no que se refere a valores sociais. Somos volúveis no que se refere à educação. Somos vulneráveis no tocante à noção de cidadania.

Uma sociedade líquida e solúvel, não possui bases para sustentar suas próprias ideologias, pois elas nem mesmo existem, ou se existem faltam-lhe originalidade.

Postado por REGINALDO CABRAL




-Professor de História e Sociologia

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A conspirata contra Levy aumenta o risco político





A trama de Lula e do PT contra o ministro da Fazenda amplia a margem de risco do fragilizado e impopular governo Dilma Rousseff.

Especula-se sobre os reais objetivos do ex-presidente. Lula saiu do governo há cinco anos, mas insiste no papel de ex-presidente insatisfeito com a perda de poder. Desde o ano passado, nos primórdios da campanha de reeleição, ele manobra para indicar os responsáveis pela condução da política econômica.

Seus argumentos variam conforme a ocasião, porém obedecem a uma sequência coerente, regular, lógica: ele escolheu e elegeu Dilma, portanto, tem o encargo de administrar e de exercer influência sobre a ungida, caso contrário ela ficaria desprotegida no centro da arena política. Há vasta literatura política sobre isso: tutela.

Desde a chegada ao Planalto, ao contrário do antecessor, ela nunca delegou a condução da política econômica.

Dilma recebeu, em 2011, uma economia subterraneamente corroída nos fundamentos, mas encoberta por uma dinâmica de múltiplos incentivos ao consumo, orçamento generoso na partilha de recursos do Tesouro e uma extraordinária carteira de investimentos subsidiados pelo Estado — da fabricação de automóveis ao projeto de construção, simultânea, de cinco refinarias de petróleo, entre outros.

Seu governo, a partir de suas decisões, potencializou a herança deficitária. A crise fiscal que explodiu no bolso de 200 milhões de brasileiros foi fabricada por Lula e potencializada por Dilma nos últimos cinco anos.

Evento insólito, revelador da centralização imposta por Dilma à condução da economia, foi o anúncio antecipado da demissão do ministro da Fazenda em plena campanha, no ano passado. O economista Guido Mantega passou o último quadrimestre de 2014 ocupando a cadeira ministerial — e apenas isso.


Dilma rebarbou Lula ao optar por Joaquim Levy. Comandou a construção de uma proposta de um necessário ajuste fiscal mas, diante das críticas do PT insuflado por Lula, deixou o ministro da Fazenda exposto, diante de um Congresso onde a maioria dos aliados disputa influência sobre o Orçamento e o crédito público.

O movimento de Lula e do PT para derrubar o ministro da Fazenda não reflete nada além da luta capitaneada por um ex-presidente contra a própria aposentadoria e pelo papel de tutor da sucessora. Contribui, sim, para ampliar a confusão no atual cenário político e econômico, já bastante desordenado. Hoje não importa quem esteja na Fazenda, porque estará condenado a enfrentar dificuldades com a presidente, seu antecessor, o PT, e a rebeldia interessada de partidos aliados no Congresso.

A conspirata conduzida por Lula só tem um resultado previsível: mais e maiores prejuízos ao país.

Postado no dia 12.11.2015 em http://oglobo.globo.com/opiniao/a-conspirata-contra-levy-aumenta-risco-politico-18023982#ixzz3rJ6pqSKk

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Salário dos Vereadores

 

Brasil, dos 181 países que fazem parte da ONU, é o único que paga salário para vereadores. No entanto, cada município/cidade tem o direito de definir o valor a ser pago para cada vereador, o que deixa a população muito revoltada e insatisfeita. Isso porque, muitas vezes, vereadores de cidades pequenas ganham mais do que vereadores de cidades maiores e com maior número de habitantes. Abaixo você pode conferir a salário pago aos vereadores de algumas capitais de alguns estados Brasileiros:


Porto Alegre/RS
Cerca de R$ 10.984,80
Rio Branco/AC
Cerca de R$ 12.025,41
Goiânia/GO
Cerca de R$ 11.098,34
Ivoti/RS
Cerca de R$   1.577,00
Novo Hamburgo/RS
Cerca de R$   9.476,08
Manaus/AM
Cerca de R$ 15.031,76


Mas afinal, qual a responsabilidade e os deveres de um vereador? confira abaixo a resposta:

"O Vereador tem o dever da:
- assiduidade, comparecer às sessões do Plenário e das comissões;
- cortesia, tratar com urbanidade os colegas;
- dedicação ao trabalho legislativo, dele participando no Plenário e nas comissões;
- atenção aos eleitores, tanto nos pleitos coletivos como individuais;
- probidade política e administrativa, imune dos desvios do mandato, ou seja, ter conduta retilínea;

É ainda dever do Vereador lutar pela construção e funcionamento de escolas, construção e funcionamento de hospitais e postos de saúde, abertura de estradas, pavimentação de vias públicas urbanas, perfuração e funcionamento de poços tubulares, abastecimento de água, instalação de energia elétrica.

Cabe ao Vereador cobrar do Prefeito a divulgação, até o último dia do mês seguinte ao da arrecadação, dos valores dos impostos, taxas e contribuição de melhoria recebidos, bem como todos os outros recursos passados ao Município.”
(Manual do Vereador – Senado Federal, Brasília, 2005)    

Outro fato que revolta a população de muitas cidades brasileiras, é o excesso do gasto em diárias de viagens feitas por vereadores, um exemplo, é o exagero no gasto feito por vereadores da cidade de Tupanciretã/RS (23 mil habitantes), onde o valor total de 2014 foi de 157 mil reais, um absurdo e descaso com a população. 

Já ao contrário, a cidade de Ivoti/RS (21 mil habitantes), no qual tenho o privilégio de morar, gastou no total  0,00 reais, exemplo para muitos municípios gaúchos e brasileiros.  

Também no RS, criou-se um abaixo-assinado pela população da cidade de Giruá, na qual tem como objetivo reduzir o salário dos 11 vereadores da cidade. O ato quer que o salário atual de R$ 4.603,38 vá para R$ 1.576, 38, no qual significaria uma economia de R$ 1,5 milhão em quatro anos. Más para o abaixo-assinado ser protocolado é preciso que 5% da população assine o mesmo, ou seja, o município possuí 17 mil habitantes, no entanto é preciso de 700 assinaturas, no atual momento está com pouco mais de 500 assinaturas. Esta reportagem foi bem esclarecedora pela RBS TV, mais precisamente no programa Jornal do Almoço, a qual pode ser vista no link abaixo: 
(http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/11/moradores-se-unem-para-tentar-reduzir-salario-de-vereadores-de-girua.html)

A população das cidades de Bauru/SP, Guarantã/SP, Avaré/SP, Ourinhos/SP, Botucatu/SP, Santo Antônio da Platina/PR, Mauá da Serra/PR, também pedem a redução dos salários de seus vereadores, algumas cidades já conseguiram o fato e outras continuam tentando.


Veja a baixo, o número de vereadores nas capitais de cada Estado:

Porto Alegre/RS
36
Florianópolis/SC
27
Curitiba/PR
38
São Paulo/SP
55
Rio de Janeiro/RJ
51
Vitória/ES
15
Belo Horizonte/MG
41
Goiânia/GO
35
Campo Grande/MS
29
Cuiabá/MT
25
Salvador/BA
43
Palmas/TO
19
São Luís/MA
31
Teresina/PI
29
Fortaleza/CE
34
Natal/RN
29
João Pessoa/PB
27
Recife/PE
40
Aracaju/SE
24
Maceió/AL
21
Belém/PA
34
Macapá/AP
23
Boa Vista/RR
21
Manaus/AM
31
Rio Branco/AC
17
Porto Velho/RO
21

"Termino a seção de hoje, agradecendo a todos que me acompanham aqui todas as Quintas-Feiras e espero que me acompanhem e leiam minhas postagens durante todas quintas-feiras que ainda virão, mais uma vez Muito Obrigado a todos". 

Por FERNANDO  BERVIAN
- Administrador do Blog do Bervian;
- Gaúcho de Ivoti/RS;
- Ensino Médio Completo; e
- Futuro Jornalista ou Professor de Geografia.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Erros do PT sacrificam a população






Os brasileiros estão perplexos com o estado de degradação da economia. Até setembro, mais de 650 mil vagas formais de emprego foram fechadas; em 12 meses, mais 1,2 milhão de empregos foram perdidos; o poder de compra dos salários caiu 4% em um ano; a taxa de inflação alcança 10%, e a recessão deve ser de 3%, com perspectiva de nova depressão em 2016. Para corrigir esse quadro estarrecedor, qual foi o caminho adotado pelo governo?

Além da emenda constitucional de restauração da CPMF e do projeto para repatriar capitais de origem duvidosa, foram adotadas 11 iniciativas: dez medidas provisórias e um projeto de lei. Ainda podem ser distribuídas entre cinco medidas de natureza meramente arrecadadora (incluindo venda de ativos); uma de natureza administrativa (de pouca eficácia); uma para facilitar a negociação com desempregados (PPE); e quatro que descarregam o ônus sobre a população, seja na forma de redução do suporte social, seja na diminuição de pensão por morte e seguro-desemprego ou na elevação do custo previdenciário do trabalho.

Um governo que demonstrou não ter apreço pela restrição orçamentária –e as pedaladas estão aí para provar– não se qualifica para pedir sacrifícios à população. Dilma e sua equipe econômica precisam saber que não enganam mais e que o rumo do ajuste precisa desfazer o que nunca deveria ter sido feito. Como transferir recursos fiscais para um grupo de empresários escolhidos, por exemplo.

Nesse ponto, cabe uma sugestão de ajuste eficiente: em um dos anexos da Lei Orçamentária de 2015, encontram-se R$ 91 bilhões gastos em subsídios, sendo R$ 23 bilhões destinados ao BNDES como fonte para a tal "Bolsa Empresário". Esse valor nasce da diferença entre a taxa de juros paga e a taxa arrecadada pelo governo. Em meio a um mar de carências, despesas como essas não podem passar incólumes. É necessário tratar do pagamento antecipado do BNDES ao governo, seja diminuindo a carteira de títulos do banco, seja pela venda de seus ativos.

Afinal, antes de pedir, por exemplo, que estudantes sejam punidos com a perda do Fies, não seria socialmente preferível que os poucos empresários privilegiados com os bilhões de reais do BNDES percam subsídios?

O governo fez escolhas erradas, e a crise está aí. As escolhas para o ajuste seguem esse caminho, e o desânimo tomou conta da população e dos agentes econômicos. Nesse quadro, os ideólogos petistas defendem o retorno às práticas da nova matriz econômica, que, embora ninguém saiba muito bem o que seja, tem significado a ampliação dos gastos públicos como forma de ampliar a demanda e os investimentos.

Esse trajeto jamais foi observado no mundo. Entre os fatores determinantes do investimento, há os de fora da economia, que decorrem do julgamento que se faz da disposição política do governo, bem como de sua ideologia. O governo do PT controlou preços para disfarçar a inflação, desestruturou a Petrobras, aniquilou o setor elétrico, defendeu um protecionismo anacrônico, manipulou a política monetária e tenta agora controlar a taxa de câmbio com um caríssimo programa de swap cambial (perda de R$ 120 bilhões até o fim de setembro).

Esses são alguns pontos de escolhas equivocadas, dirigidas pela ideologia, que explicam por que esse governo é desacreditado e por que hoje ele representa a maior ameaça ao Brasil.

Caminhos existem, mas, enquanto vivermos nesse presidencialismo predador, em que a presidente usa e abusa de cargos e negociatas, o Brasil ficará refém dessa crise gestada e alimentada pelo Planalto. 

Postado na Folha de São Paulo de 07.11.2015

Por RONALDO CAIADO



- Senador pelo  DEM-GO

Comentário

É Senador a coisa tá ruça e algo precisa ser feito pela Oposição da qual o Sr. é um dos mais destacados representantes.
Esse presidencialismo predador tem de cair e de forma urgente antes que os danos sejam ainda mais catastróficos  à economia e ao Brasil.
#Impeachmentja

No País de Cunha . os brasileiros honrados não tem visto de entrada



O país do Eduardo Cunha não é o meu, não é o seu, nem o nosso. O dele, é o país da malandragem, do ilusionismo e dos fora da lei. É o país da soberba, do autoritarismo e dos grupelhos que se locupletam do dinheiro público. Que enganam os brasileiros, que lesam a pátria e surrupiam o dinheiro do trabalhador e da merenda escolar. Que desviam os recursos da saúde e da educação. É o país dos que fazem trapaça eleitoral. O país do Eduardo Cunha é o da Dilma, do Zé Dirceu, do Lula, do Vaccari, do Delúbio, do Palocci; dos diretores e lobistas da Petrobrás; da Odebrecht, da Mendes Junior, da Andrade Gutierrez, da Camargo Corrêa, da Engevix, dos mensaleiros e dos políticos corruptos, seus aliados no parlamento.

O país dos brasileiros honrados é outro. É o da honestidade, do trabalho, do otimismo, do futuro e da solidariedade. Para esses não existe visto de entrada no país de Cunha. Por isso, todos nós ficamos estupefatos com as mentiras deslavadas desses homens públicos negando o que todo mundo já sabe: o suborno, as propinas e a corrupção de que são acusados pela Justiça. Que coisa mais feia e deprimente é saber que a defesa de Cunha vai defendê-lo alegando que o dinheiro depositado nos bancos suíços é fruto das vendas de carne enlatada para o Zaire e o Congo, dois países africanos, na década de 1980. Meu Deus!, quanta lorota. Como não bastasse a segregação social e econômica contra os povos da África, agora Cunha quer transformá-los também em cúmplices da sua bandalheira, em receptadores de mercadorias que nunca chegaram lá.

Não consta em nenhum perfil político de Cunha que um dia ele teria se envolvido com o negócio de carne nesses países da África. Seus advogados tentam enganar os brasileiros com versões estapafúrdias e fantasiosas para justificar os milhões de dólares roubados da Petrobrás e depositados nas contas do presidente da Câmara e da sua família no exterior. Impressiona como esses causídicos acham que o brasileiro é trouxa, idiota ou um bando de débeis mentais para acreditar nesse conto da carochinha. Parece até aquela tese do advogado que alegou legítima defesa para o filho que matou a mãe.

As teses mais esdrúxulas desses defensores vão aparecendo na mídia para desviar a atenção da população sobre o dinheiro roubado da Petrobrás que foi parar nas contas de Eduardo Cunha & companhia, como apurou a Polícia Federal. Cunha agora diz que realmente tem grana lá fora, o que negou quando depôs na CPI. Usa de sofisma quando alega que essa conta é de suas empresas no exterior, como se ele fosse um fantasma em toda essa história e não o dono da fortuna. Diz que um defunto, o ex-deputado Fernando Diniz, depositou l,5 milhão de francos suíços em uma de suas contas para honrar um empréstimo que ele fez quando o parlamentar estava vivo e endividado. Que sujeito caridoso, esse Cunha, hein? É até comovente essa solidariedade entre ele e o finado.

Cunha tenta, de todas as formas, permanecer no país dos homens de bem. Jura que é honesto e que o dinheiro é fruto do seu trabalho como empresário (?), mas o diabo é que ninguém acredita e nem ele apresenta provas convincentes. Faz um esforço danado para tentar sair do país dos malfeitores mas é impossível diante do batom na cueca. Tenta acordo com a Dilma e com o Lula mas não consegue encontrar uma saída honrosa.

O país que o Cunha escolheu para morar no futuro é o mesmo que recebeu de braços abertos outro presidente da Câmara. Não faz muito tempo João Paulo Cunha mudou-se para lá apenas com a bagagem de mão. E este país não é imaginário. Ele está a pouco mais de 40 minutos da Câmara dos Deputados. Chama-se Papuda, para onde muitos petistas e empreiteiros também já pediram visto de entrada. 

Postado em http://www.diariodopoder.com.br/artigo.php?i=32738960270

Por JORGE  OLIVEIRA



-Jornalista

Comentário

É este país deve ser escrito com "p" minúsculo; A Papuda para o bem de todos os brasileiros honrados tem de acolher num breve futuro não só o Presidente atual da Câmara mas também a Presidente do Brasil e o seu criador o ex Presidente Luís Inácio Lula da Silva. Só dessa forma teremos de volta o nosso País com "P" Maiúsculo BRASIL!!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Violência Policial é resultante da deturpação de valores de uma sociedade






Quem nunca ouviu a seguinte frase: “Bandido bom é bandido morto.” Pois bem, está frase demonstra, perfeitamente, como estão deturpados os valores da sociedade brasileira. 

Há cerca de duas semanas, ao final um dia desgastante de trabalho, me dirigi a uma lanchonete para matar a fome que tanto que me afligia, pois o relógio já marcava 23 horas e ainda me restava, ao menos, 1 hora de viagem até o meu amado lar. 

Quando entrei na referida lanchonete, me deparei com um acalorado debate entre dois cidadãos, ambos defendendo, com unhas e dentes, a atuação das polícias civil e militar. Na ocasião da discussão, expuseram que entendiam como válido o confronto, especialmente, quando deste resultavam mortes de “bandidos”. Sim, para os dois supostos cidadãos, lugar de bandido é no cemitério. Pelo visto, falta-lhe uma dose cavalar de direitos humanos. 

No citado debate, ainda ouvi a infeliz frase: “Me espanta como caras tão estudados como os defensores públicos, aceitam defender bandidos, e os defendem com uma vontade imensa. A nossa sorte sãos os promotores de justiça.” Ao ouvir esta frase, imediatamente, comecei a refletir como estão deturpados os valores sociais de nossa nação, como se criminosos não fossem cidadãos e não tivessem direitos. 

Tristemente, essa linha de pensamento é compartilhada por grande parte de nossa sociedade, e isso só faz aumentar, ainda mais, os nossos enormes índices de violência. Pensamentos deste tipo advém da ilusão de que violência se combate com violência. Apesar de parecer utópica, a frase “violência só gera violência” é, a cada dia que se passa, ainda mais verdadeira. 

Devemos mudar esse pensamento, pois, segundo a criminologia, todos nós estamos sujeitos a cometer crimes, já que, para cometê-los, não é necessário pré-disposição e sim motivação, especialmente para o homicídio. 

Como criminalista, por diversas vezes ouvi de clientes que, em razão da total falta de oportunidades, diga-se, ausência de estudo de qualidade e baixa ou nenhuma condição de ascender financeiramente, o crime lhes apareceu bem sedutor, isto é, surgiu a motivação que lhes faltava e que, talvez não tivesse aparecido se o Estado lhes concedesse as condições para terem uma vida digna. 

A mudança de paradigma é necessária e urgente, já que a violência policial, aceita por algumas pessoas, desde que elas não sejam as vítimas, não resolverá o problema. Como exemplo cito o fato de que as nossas polícias mataram cinco vezes mais pessoas que as polícias americanas. De acordo com o estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano de 2012, ao menos 1.890 pessoas morreram em confronto com as polícias do país, enquanto nos EUA foram 410 mortos. 

Isto demonstra que muitos estão equivocados com o pensamento de aceitação da violência policial, já que este tipo de “valor social” não diminui a criminalidade, pelo contrário, apenas resulta em mais e mais vítimas, muitas delas inocentes, já que policiais, despreparados, tendem a agir como justiceiros, pois, tacitamente, suas ações são aceitas pela população brasileira, pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário, que deixam de puni-los pelos criminosos que cometem. 

Deixemos de lado o entendimento do “outro”, como se apena “o outro” fosse passível de violência policial ou não, devemos lembrar que esse “outro” nos inclui. A criminalidade somente cederá no dia em que o Estado brasileiro e a sua população entender que não bastam medidas paliativas ou a invenção de soluções mágicas e sim investimento em educação de qualidade e políticas sociais inclusivas. Porquanto, apenas países socialmente atrasados resolvem seu problemas como violência.

Por TADEU JOSÉ DE SÁ NASCIMENTO JÚNIOR



-Advogado e escritor;
-Especialista em Direito Civil e Processual Civil;
-Estudioso em Direito Penal e Processual Penal e
-Autor de artigos jurídicos publicados em sites especializados
-Mora e Pinheiros/ES
E-mail: tadeusajunior@gmail.com
Twitter:@tadeusajunior 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

As três mulheres do sabonete Araxá


Era assim que ela nos chamava. Sempre fomos um trio: minha mãe - que faria 83 anos neste 09 de novembro, se não tivesse morrido de um infarto fulminante aos 60, na manhã do dia em que lançaria “Cadeia”, pela editora José Olympio -, minha irmã mais velha e eu. 

Vinte e três anos depois ainda sinto sua falta e me flagro tentando imaginar o que ela acharia sobre o #AgoraÉQueSãoElas. Pergunta difícil, acho que jamais saberei. 

Clara, que nasceu para ser Clarita, jamais teorizou sobre o feminismo, pelo menos que eu me lembre. Viveu-o, sem maiores questionamentos, e passou sua visão do mundo para mim. Para minha mãe, pedir à sociedade que abrisse espaço para ela seria reconhecer fraqueza, acho eu, ela ia lá e conquistava. 

Criada por pais à frente de seu tempo, Clarita tinha uma mãe que trabalhava fora e um pai escritor, que não podia ver uma de suas filhas empenhada em tarefas “de menina”, como bordado, costura ou culinária que vinha logo perguntar: 

– Você não tem nada melhor para fazer, minha filha? Vá ler um livro. 

Minha mãe devia ter uma agenda lotada, porque nunca soube fritar um ovo ou pregar um botão. Tenho uma vaga lembrança de algumas tentativas no crochê, mas como não sobrou nenhuma peça para contar história, deduzo que não tenha ido em frente. 

Os talentos de Clarita eram outros: além de bonita, inteligente e corajosa, começou a trabalhar muito cedo e sempre se recusou a ser coadjuvante na própria vida. Trabalhou como radioatriz, escreveu telenovelas na Rádio Nacional e lá conheceu e ficou amiga de Janete Clair e Dias Gomes. 

Foi jornalista do Correio da Manhã, onde começou aos 16 anos, levada pelo pai. Depois cometeu o erro tão comum às mulheres daquela época: casou e mudou. Como se o casamento a transformasse em outra pessoa. Um continente muito menor que o conteúdo. 

Não podia dar certo e um dia o cristal quebrou. Deve ter sido bastante difícil para ela. Em plena década de 60, ser multifacetada e complexa, tão original, cobrou um alto preço. 

Clara rompeu um casamento quando ninguém ainda o fazia - a não ser que fosse abandonada pelo marido -, por vontade própria, com duas filhas pequenas. Foi trabalhar como relações-públicas da MPM-Propaganda, uma das maiores agências da época e nunca mais dependeu de homem algum. 

Casou de novo, separou 16 anos depois, namorou muito, não fosse ela uma nativa de escorpião, escreveu e publicou vários livros e sempre enfrentou a vida, da maneira como se apresentasse. 

E foi assim, de peito aberto e vontade de ferro, que minha mãe abriu caminho sozinha, durante a maior parte de sua vida. Se tinha medo, não dizia, se achava o mundo dos homens injusto, também não. Clara era forte e às mulheres fortes não se pergunta nada, confia-se que sempre estarão ali. Arrependo-me, hoje, de ter sido tão pouco curiosa. 

Minha mãe morreu cedo demais, se é que há hora certa para ir embora. Eu tinha 35 anos e fico pensando em quantas conversas não tivemos, em minha própria separação, que não pude dividir com ela; em tanta vida que não compartilhamos. 

Hoje ela faria 83 anos, com o mesmo humor afiado e o mesmo olhar profundo, estou certa. Sobre o #AgoraÉQueSãoElas, não tenho tanta certeza, terei que consultar minhas tias, da mesma idade. Clara, que nasceu para ser Clarita, já veio ao mundo livre. 

Talvez não entendesse o que ainda sofrem tantas mulheres por esse mundo afora, que não tiveram a mesma sorte que ela. 

Feliz aniversário, Mãe, amo você. 

Por BEATRIZ RAMOS MESQUITA











-Escritora e cronista brasiliense

domingo, 8 de novembro de 2015

Vai que eu precise





Sabe quando a gente guarda um objeto que nem usa mais?

Às vezes é até um estorvo no armário ou no cômodo da casa, mas a gente vai deixando, como quem diz “ainda vou precisar disso”.

E o pior: todos os dias desviamos dele, nos damos de cara com ele, nos incomodamos com ele.

Nós fazemos isso com os nossos sentimentos também.

O bom é quando a gente se dá conta da tralha parada em casa e conseguimos ter a clareza de que o estorvo está custando mais do que a falta que aquilo poderia fazer quando precisasse.

Pensando assim, quantas coisas velhas você mantém dentro de você, que não serve mais para nada?

Lembranças, raivas, dores, decepções, arrependimentos, tristezas.

Isso acontece muito com os medos.

A gente tem tanto medo de ser tomado por uma surpresa ruim da vida de novo, que fica meio preparado para enfrentar a próxima, mesmo que ela demore anos para chegar.

Como se não pudéssemos atualizar as reações e jeitos de combater quando acontecer novamente.

Guardar velharias emocionais é atraso de vida, ocupa um espaço desnecessário e muita energia também.

Porque a velharia sempre vai trazer a lembrança da má experiência, e os sentimentos junto.

Além disso é uma tralha desatualizada, de quando você tinha menos traquejo de vida.

É legal a gente conseguir “varrer a nossa casa”, sem medo de jogar os lixos fora, porque todos os dias nós somos uma nova versão de nós mesmos, e isso significa que depois de uma experiência sofrida você tende a ser mais forte para a próxima.

Precisa se dar conta disso.

Não há porque depender daquele velho medo como um remédio para quando doer de novo.

Ou daquela raiva, para poder juntar força para bater no próximo ataque.

De repente hoje você já aprendeu que nem vale a pena bater.

O que vale a pena é a libertação, que leva à transformação para melhor.

Sua felicidade é o que vale a pena.

Vida boa é aquela vivida no dia a dia, no presente, com qualidade e leveza, sem arrastar malas velhas e pesadas.

Pense nisso.

Varra a casa sempre, jogue fora o que não presta toda a vez que der de cara com aquilo.

Se limpe. 

Se livre. 



Por ROSANGELA TAVARES


-Psicóloga Clínica
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