Para começar, eu nunca gostei de ir à escola. Não simplesmente por rebeldia, mas porque eu tinha medo. Medo dos professores, medo das broncas por eu ter esquecido algum caderno, por não fazer as coisas com a perfeição exigida, por não me sentar com a coluna reta, por estar com o cabelo na cara, por não ter prendido o cabelo, por ter falado muito alto com minhas amigas ou e muito baixo com os professores... Eu vivia com medo. A escola para mim, nunca foi um lugar acolhedor e menos ainda inspirador.
Enquanto sentada na sala de aula, ouvia os professores apáticos falando coisas que não podiam ser mais desinteressantes para mim. Eu olhava o céu azul e imaginava quantas outras coisas eu poderia estar fazendo naquela manhã de sol. Uma época da vida, nas férias, comecei a odiar o sol da manhã porque me lembrava a escola. Eu preferia acordar ao meio-dia para não ver aquele sol que me lembrava da existência daquele lugar (acho que acabei de descobrir porque adoro acordar tarde).
Quando estava na faculdade, uma das professoras pediu que cada aluno escrevesse sobre o período escolar. Eu coloquei toda a minha raiva no papel e entreguei a professora. Eu já tinha 20 anos. Depois ela leu, me devolveu o papel e veio falar comigo pessoalmente: “Nossa, o que foi isso? O que houve na sua infância? Por que você odiava a escola tanto assim?” A experiência dela na escola deve ter sido positiva, tanto que ela nem me entendeu. Ficou indignada comigo. Que bom, acho que algumas crianças não tem esta experiência tão negativa quanto a minha, mas sinceramente acho que é a minoria. Tenho conversado com muita gente e posso quase afirmar que esse grupo é mínimo.
Pelo que vejo e leio hoje, a maioria dos alunos e professores sentem enjoôs dentro da escola, prestes a entrar na escola, domingo à tarde, segunda, terça, quarta, quinta e sexta-feira à noite. Nunca aceitei e não aceito esta realidade escolar, que engessa, amedronta, poda, formata, mata a essência, a criatividade, a singularidade de cada um. Na minha opinião, a escola além matar nossos potenciais paulatinamente e por muitos anos, não ensina as coisas mais básicas que um ser humano tem que aprender como por exemplo: autoconhecimento, comunicação, música, tarefas domésticas, gastronomia, economia, cidadania e principalmente não dá a oportunidade ao aluno de buscar o que ele mesmo quer aprender.
São as horas mais preciosas da infância e da adolescência, um período onde o indivíduo está se formando, completo de vigor e curiosidade, que se perdem, escorregando pelos dedos de uma sociedade cega.
Apresentar algo fora de contexto para uma criança, ainda mais por um professor desmotivado, é matar o assunto, matar o gosto pelo assunto, matar tudo o que poderia florescer do contato do aluno com aquele assunto. É matar o aluno. Paramos de pensar, de criar, de inovar, de superar. Somos bons em repetir, repetir, repetir, copiar, copiar, copiar, ter medo e SUPORTAR. Ainda hoje me sinto engaiolada nas amarras da minha mente quebradiça, pelos tantos anos de secura e abandono. Talvez meu intelecto tenha desenvolvido um pouco, mas meu aspecto emocional, social, econômico, financeiro, ainda engatinha. Um prejuízo de 20 anos.
Além de tudo isso, a escola tem sido um depósito de crianças e nisso os pais tem culpa, muitos acabam vendo seus filhos apenas na hora do beijo de boa noite e olhe lá. Não há convivência. As crianças estão largadas pelos pais e depois pela escola. Por que será que andam tão agressivos e querendo se drogar?
Mas como seria um modelo melhor? Não sei, estou pesquisando.
As pessoas então dizem: - ah mas na escola eles aprendem a conviver. Não aprendem. Aprendem a competir com o outro, classificar como melhor ou pior do que o outro, colocar a referência no externo e ter medo. Se convivessem, estariam aprendendo a cooperar, trabalhar juntos, ceder, persuadir, co-criar.
Obviamente que a opção não é deixar os filhos em casa, fazerem o que quiserem, sem estrutura nenhuma. Mas talvez deixar com que montem seus currículos de acordo com seus próprios interesses, fazendo aulas com os pais, amigos, parentes, presenciais ou online, individuais ou em grupos, mais práticas do que teóricas.
Não sei como fazer isso, mas sei que não quero mais a escola. Não quero e nunca quis. Amo aprender, amo entrar na internet e ver que o mundo está aberto para mim. Agora mesmo estou me matriculando num curso sobre Empreendedorismo Social de uma universidade da Dinamarca – e de graça!!! Um curso que tem exercícios, trabalho em grupo, estudo de caso, trabalho final e certificado.
No youtube estão as melhores aulas com os melhores professores de praticamente todos os assuntos que procurarmos. Para quê essa escola? Para ter onde deixar o filho? Será que é disso que precisamos? Mas como se vai trabalhar com o filho em casa? Não sei mas pergunto: para que ir trabalhar como se vai para a escola? Todos os dias, várias horas por dia, vivendo mais na empresa do que na própria casa, sendo escravo dos donos desta empresa?
Não há dúvidas que este é um discurso rebelde, concordo, mas é rebelde com causa. A escola precisa mudar. A educação é a base da sociedade e por isso precisa ser vista com a máxima prioridade.
Sou um contumaz crítico da Educação neste país.Digo, repito, insisto e persisto em dizer que EDUCAÇÃO no Brasil é uma FARSA.
ResponderExcluir.
Alunos não querem nada professores querem metade(alguns?) e os POLÍTICOS se esbaldam em discursos e promessas vãs.
.
Confundimos Educação com aprendizado.Deixamos que a escola, o mundo e a internet eduque nossos filhos.
.
Retiramos de nossos pequenos o primordial da EDUCAÇÃO QUE É A DISCIPLINA. Ao decretarmos que nossos filhos não terão as mesmas dificuldades que nós tivemos no passado, estamos ai lhes fadando ao fracasso, pois a dificuldade é a MÃE DO APRENDIZADO...
A escola brasileira é isso Álvaro Marcos uma "farsa" um controle de números, acredito em escolas porque no mundo existem escolas que os alunos escolhem o seu currículo de acordo com seu desejo e personalidade se formando um profissional completo e satisfeito com sua escolha.
ResponderExcluirGraziela pontua muito bem o tipo de escolas que temos, os estudantes que vêm de famílias desestruturadas é um superior aos que vêm de famílias com uma estrutura boa, e isso acaba numa guerra, não existe troca de culturas para o bem e sim, para regressão. Concordo mil vezes A ESCOLA PRECISA MUDAR, JÁ!
ResponderExcluir"Mas talvez deixar com que montem seus currículos de acordo com seus próprios interesses, fazendo aulas com os pais, amigos, parentes, presenciais ou online, individuais ou em grupos, mais práticas do que teóricas."
ResponderExcluirEntão, vejamos, se fosse assim, onde todas essas pessoas teriam aprendido para ensinar. Minha escola não foi diferente, mas, ao invés de odiar, procurei me superar... E amo estudar, sim, amo muito e enquanto vida eu tiver estarei sempre aprendendo algo novo... O que eu aprender é a única coisa que ninguém, poderá me tirar...
... O que eu aprender será a única ...
ExcluirVocê provoca é muito bom,gostei a escola precisa de urgente renovação.
ExcluirVocê provoca é muito bom,gostei a escola precisa de urgente renovação.
Excluir