Há pontos muito importantes abordados na série que vem dividindo opiniões e levando muita gente a se identificar em algum momento.
Pode ser que você sinta a série se arrastar, que considere muita coisa ‘clichê’, e se incomode com a insegurança e as decisões que as/os adolescentes – e também os adultos – tomam. Mas por que ainda assim vale a pena ir até o fim?
13RW retrata fiel e cruelmente vários pontos do nosso cotidiano. Algumas pessoas irão se identificar mais, outras menos, mas é bem possível que você se identifique com pelo menos um deles, e sinta na pele cada sofrimento. Sofrimentos que estão diretamente ligados à insensibilidade e falta de acolhimento da maioria das pessoas que nos cerca.
Algumas das razões que fazem valer a pena assistir:
A temática
A série aborda questões muito antigas e que são também muito atuais; bullying, depressão, abuso, suicídio, e como todas essas quatro coisas podem estar entrelaçadas.
Nada é ridículo ou pequeno
Um a um os episódios vão mostrando o quanto uma série de coisas que vão dando errado, e que normalmente são consideradas pequenas, ridículas, e não dignas de atenção, não só podem agravar e muito a vida de alguém como podem fazer com que em algum momento a pessoa “quebre”, desistindo de lutar.
“Repara bem naquilo que eu não digo”
Fica muito claro para quem assiste que quase ninguém ali está de fato interessada/o em ouvir. Quando conversam cada uma/um parece estar falando de si o tempo todo, sem deixar espaço para a dor da outra pessoa.
Pais e mães que não ouvem
As mães retratadas são extremamente invasivas, enquanto os pais pecam pela falta. Ambos tentam se comunicar de alguma maneira, mas são raras as vezes em que conseguem deixar que a/o adolescente fale, e escutá-la/o sem um bombardeio de perguntas que termina fazendo com que a/o adolescente desista.
A árdua tarefa do adolescer
A adolescência é uma fase de transição cheia de desafios, medos, dúvidas, conflitos e inseguranças, e nem sempre os pais e mães conseguem lidar muito bem. Por isso a ajuda profissional pode ser muito rica tanto para a/o adolescente quanto para os pais e mães.
A imagem da depressão é a de alguém sempre triste
13RW mostra uma adolescente que apesar das mudanças de humor, e de estar desmoronando por dentro, passa grande parte do tempo sorridente e comunicativa, e isso é fantástico porque uma pessoa depressiva não necessariamente passa os dias em casa, chorando, e essa imagem da depressão é muito errada. Muitas vezes atrapalha, e faz com que a oportunidade de acolher alguém seja perdida.
“Why her?”
Não tem como não notar que Hannah é uma adolescente que teoricamente está dentro dos padrões, e sofre bullying. Será que em algum momento da série você se questionou sobre isso? Seria só um padrão de hollywood? Esse é mais um ponto que para mim foi interessante e faz muito sentido no contexto.
Quando as pessoas ouvem alguém que se encaixa nos padrões socialmente estabelecidos dizendo que sofre, ou até mesmo aparentando sofrer, a tendência é ignorar. A visão que se tem daquela pessoa é de alguém forte e que tem tudo, ou quase tudo. O que também é um erro, fazendo com que a oportunidade de acolher alguém seja perdida.
Estupro
Não tem como não se sentir na pele de Hannah ou Jessica. As cenas são muito frias. Principalmente a cena em que Hannah é estuprada, onde mostra claramente alguém que desiste de lutar. E essas duas cenas retratam muito bem, algo que está inserido em nosso dia a dia.
O machismo
Quando Hannah decide conversar com o conselheiro da escola ela é bombardeada por perguntas que a tiram do lugar de vítima e imediatamente a culpabiliza. Alguma semelhança com o que ocorre com a maioria das vitimas de abuso que decidem buscar ajuda? Toda.
Sobre ter algo em que se apoiar
A conversa entre Clay e o seu pai que eu mais gosto é quando o pai fala que também foi um alvo na escola, mas que ele teve algo em que se apoiar e que o ajudou a passar por tudo. E penso ter sido exatamente o que faltou para Hannah. Por mais que ela buscasse, não encontrava nenhum apoio, ninguém que a enxergasse e a acolhesse, e no final de uma série de coisas que vão dando errado, incluindo as tentativas de acolhimento, ela chega ao ponto de tirar a própria vida.
Para finalizar; a série tem sim os seus problemas que em minha opinião são problemas de roteiro, mas tem uma temática fantástica que compensará ir até o fim.
Pessoas têm me perguntado se é recomendada para todas as idades, e independente da idade, penso que é bom ter em mente que a série trata de um tema muito presente, mas nem por isso leve, e é difícil não se identificar, então vai de pessoa para pessoa.
Aconselho que você fique atenta/o ao seu sentimento enquanto assiste ou até mesmo antes de assistir, e que não assista se for muito desconfortável ou que pelo menos não assista sem ter algum apoio, e caso perceba um incomodo em uma pessoa próxima, tente conversar sobre com ela. Lembre-se; nada é ridículo ou pequeno.
Texto originalmente postado em www.psicologakarlak.com.br em 18/04/2017.
POR KARLA KRATSCHMER
Texto originalmente postado em www.psicologakarlak.com.br em 18/04/2017.
POR KARLA KRATSCHMER
-Atua na área clínica com uma psicoterapia de base psicanalítica para adultos, adolescentes e casais;
-O consultório fica localizado no bairro Chácara Santo Antônio, na ZS de São Paulo/SP, na região das ruas Verbo Divino e Alexandre Dumas;
-Oferece atendimento particular, por plano de saúde via reembolso, ou pelo PROGRAMA DE PSICOLOGIA DIFERENCIADA.
Contato:
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(11) 9-9613-5444 (chamadas e WhatsApp) |www.psicologakarlak.com.br
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Toda construção começa com algo pequeno. Em termos psicológicos estes grãos de areia se transformam em monstruosos castelos que mais dia menos dia irão desmoronar e o primeiro passo é a desistência...
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