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segunda-feira, 19 de junho de 2017

Na Lanterninha

  

Grandes empresas sediadas no país dispõem de infra-estrutura e de uma cadeia logística completa, que as coloca entre as melhores do mundo. Muitas delas possuem, por exemplo, seu próprio transporte rodoviário, ferroviário, portuário, cabotagem, supply e até aeroviário; geram sua própria energia; e bancam a saúde, educação e segurança de seus funcionários. Elas possuem, também, seus próprios meios de produção, armazenagem, suprimentos, transporte, mão de obra especializada e tecnologia de informação, conectando seus fatores. Esta logística está integrada em todas as fases do seu processo produtivo e fortemente estruturada por tecnologias modernas, o que garante o sucesso de suas operações.

Por outro lado, muitas empresas menores estão fechando as portas ou demitindo milhares de pessoas, por falta de uma estrutura mínima que lhes permita seguir em frente. Isso porque a logística e infra-estrutura oferecidas pelo Estado estão longe da real necessidade da das nossas médias, pequenas e micro empresas, as quais não têm condições financeiras ou técnicas de se auto prover com tal aparato.

Especialistas afirmam que as causas das deficiências em infra-estrutura e logística, no Brasil, são: falta de estratégia, planejamento, capacidade de gestão de recursos públicos, gerenciamento das obras, além de problemas regulatórios e, principalmente, da corrupção. Estes são considerados, também, os principais motivos para a perda de competitividade brasileira. Infelizmente, estes problemas não podem ser resolvidos no curto prazo e, certamente, comprometerão o futuro do nosso crescimento econômico. 

Os desafios são enormes quando se trata de solucionar os gargalos decorrentes desse desaparelhamento estrutural, num país onde as instituições não resolvem os graves problemas do inchaço da estrutura pública e da corrupção pandêmica, que sugam a maior parte dos recursos. 

É preciso entender que o Estado não pode ser transformado num mero empregador. Suas responsabilidades com os impostos arrecadados vão além dos objetivos sociais com aliados e que investimento útil é o que se espera como resultado de tamanha carga tributária. Por outro lado, urge um ataque fulminante da Justiça àqueles que saqueiam impunemente os cofres públicos. 

Tanto uma folha de pagamento inchada, quanto a hedionda corrupção pública dificultam investimentos em educação, saúde, capacitação profissional, segurança, energia, transportes, meio ambiente, esgotamento sanitário e tratamento de água, essenciais para o crescimento da economia e do desenvolvimento social, em todas as regiões brasileiras. Dificultam, também, a relação público-privada, indispensável na execução de várias obras, empurrando-nos para um crescimento econômico medíocre.

Observar, entretanto, que resolver os gargalos estaduais, sem considerar o contexto da hinterlândia e sua sinergia, aprisionará qualquer estado. O mapeamento dos setores econômicos locais, para identificar as suas carências; e a elaboração de políticas de atração de novos negócios, focados nas próprias potencialidades, devem ser exercícios permanentes de qualquer gestor responsável. Somente dessa maneira assistiremos à transmutação dos grandes desafios em oportunidades. 

É preciso elaborar planejamentos públicos confiáveis, de longo prazo; mobilizar o empresariado para as ações em favor de todo o conjunto da sociedade; e instigar uma maior participação da população, que também precisa abandonar o silêncio. 

A falta de um compromisso mais forte, de todos os atores, com as demandas do futuro, colocará em risco toda uma perspectiva de desenvolvimento sustentável, nos aproximando, perigosamente, de um apagão infra-estruturante e logístico geral colocando-nos, permanentemente, na posição de lanterninha do planeta. 

POR MARTHA E.FERREIRA



















-Economista e Consultora de NegóciosNota do Editor:

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Um comentário:

  1. Vejo que um dos nossos maiores problemas estruturais partem da premissa que o governo tem que resolver todos os gargalos dos modais produtivos. Alinhemos o pensamento que nossos políticos vivem para si e para suas reeleições infinitas.

    Explico, que podemos ver a olhos nus que estamos em campanha franca e aberta para presidência. Que quem está enlameado até o pescoço precisa se reeleger para garantir o tal foro. Isto dito, o país perde muito tempo com sua política que com sua estrutura para atender as demandas das empresas que ficam dependente de capital, modais de transporte, vias de escoamento, reféns da malha rodoviária precária, impostos e burocracia.

    Observem que estamos criando mitos como o fizemos no passado não tão distante. Discute-se de tudo, menos o que realmente é necessário para nos alçar ao 1 º mundo. Sim, temos empresas competentes e competitivas, mas temos muitas empresas que vivem do coitadismo EMPRESARIAL...

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