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domingo, 16 de julho de 2017

TDAH – Transtorno da atualidade ou falta de limites?




Que menina mais sonhadora, vive no mundo da lua! Que garoto mal educado é esse, que não para quieto! A culpa é da mãe que não lhe impõe limites! – enquanto a mãe se descabela, tentando descobrir uma forma de lidar com seu filho, para que ele seja tão inconveniente e não lhe faça passar tanta vergonha.

Quantas vezes você já ouviu frases desse tipo e muitas vezes até concordou com elas, por não saber realmente do que se tratava? Então vamos falar um pouquinho sobre o Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade, o tal do TDAH.

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, que afeta a atenção e o comportamento, comprometendo de maneira intensa o dia a dia de seu portador e, por isso, requer cautela e cuidados, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento. 

Seu diagnóstico é realizado quando são preenchidos os critérios para a presença do transtorno segundo o DSM 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), como por exemplo, sintomas de desatenção, hiperatividade-impulsividade presentes antes dos 12 anos de idade, com impacto negativo direto nas atividades sociais, acadêmicas e profissionais.

O TDAH não é um transtorno novo, pois em datas anteriores ao século XX suas características já haviam sido citadas por alguns médicos, entre os anos de 1845 e 1849. Atualmente sua taxa de prevalência é alta e às vezes o quadro persiste na idade adulta. E fazendo menção ao nome, é realmente um “transtorno” viver com TDAH.

As queixas principais dessas pessoas estão relacionadas ao córtex pré-frontal, responsável por nossas funções executivas, seja a capacidade para tomar decisões, para planejar e sequenciar uma tarefa e o controle inibitório (capacidade de controlar comportamentos preponderantes), além da dificuldade de prestar atenção e comprometimento da memória. Há ainda evidência de lentificação, declínio rápido de motivação, baixa tolerância à frustração. Ou seja, o comprometimento abrange as funções executivas e o sistema límbico por uma falha do sistema dopaminérgico e noradrenérgico, que por sua vez é responsável pela motivação e recompensa.

Por isso, em muitos casos, a medicação pode ser necessária e apresentar bons resultados. É importante contar com um bom neurologista/neuropediatra, psiquiatra/psiquiatra infantil e seguir suas orientações. 

Além dos sintomas descritos no DSM 5, é comum a pessoa com TDAH ter sua personalidade fragilizada. Estudos demonstram haver sentimentos intensos de isolamento e desconforto, menor envolvimento social e maior dependência. Além da constante existência de transtornos comórbidos, ou seja, outros transtornos que podem coexistir com o TDAH tornando o quadro ainda mais difícil de ser manejado, como por exemplo: transtornos depressivos e ansiosos, transtorno opositivo desafiador, transtorno de conduta, drogadição, entre outros.

Portanto é muito importante que o diagnóstico seja feito em tempo hábil e que o tratamento seja seguro e preciso, de preferência com equipe multiprofissional para reabilitação de todas as áreas afetadas, melhora da autoestima e uma garantia de qualidade de vida. Não é uma invenção da sociedade atual, tampouco perda de controle dos pais.

POR SUELI DONISETI










-Psicóloga e Neuropsicóloga;-
-Graduada pela Universidade Cruzeiro do Sul;
-Pós-Graduação em Neuropsicologia e Reabilitação Cognitiva pelo Núcleo de Estudos Dr. Fernando Gomes Pinto em parceria com o Hospital Beneficência Portuguesa;
Atua na Psicologia Clínica sob a abordagem Cognitivo-Comportamental, com atendimentos a crianças, adolescentes e adultos.
Contatos:11 95319-0439 /98999-4563


Nota do Editor:
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