Esta semana
viralizou nas redes sociais um relato de uma “mãe solteira” sobre a ausência do
pai na vida de seu filho. O tema é recorrente e o fenômeno viral apenas
demonstra que grande parte das mães e filhos se identificam com a situação.
Ser mãe não é
estado civil, fato. Mas o exercício da parentalidade, aí inclusos a maternidade
e a paternidade torna imperioso a contribuição de ambos os genitores para
auxiliar na formação da personalidade daquele que se tem como filho.
Desta forma,
quando a maternidade é exercida em “carreira solo”, convencionou-se denominar a
genitora de “mãe solteira”, uma vez que se presume não contar com a
contribuição paterna para o exercício da parentalidade.
Isto se torna
um problema, na medida em que as configurações familiares da modernidade não
têm obrigatoriamente que contar com genitores casados entre si, o que tornaria
ainda mais estigmatizada a nomenclatura de “mãe solteira”.
A “mãe de
carreira solo”, por inúmeras razões acabou por permanecer encarregada da
criação, sustento e educação de sua prole, por si só.
Ela acaba
responsável por gerir o orçamento familiar, muitas vezes com pouquíssima ou
nenhuma contribuição paterna; além de se desdobrar para realizar todas as
tarefas inerentes à manutenção do lar; da manutenção de uma carreira e dos
cuidados e educação de crianças, muitas vezes em tênues idades.
Embora existam
pais amorosos e exemplares, a situação descrita no texto compartilhado nas
redes sociais mostra um, de muitos pais, que se afastou afetivamente de seu
filho, não contribuindo sequer com valores compatíveis com o necessário para a
subsistência daquela criança.
A fixação de
alimentos judiciais encontra barreiras no balizamento da capacidade
contributiva dos genitores e das necessidades destes filhos; sendo que, embora
se considere que ambos os pais deverão assisti-los financeiramente, na
proporção de suas possibilidades, a realidade que se verifica nos tribunais é
que as mães acabam assumindo um ônus muito maior do que os pais, já que também
são grande parte das vezes, as detentoras da guarda unilateral.
Isto, porque,
dado o distanciamento afetivo, por suposto que o genitor também não se dará
conta das particularidades que tornam necessária a contribuição financeira
maior e mais ativa, além da participação diária nas vivências daquele que se
cria.
A afeição e o
contato são tão importantes quanto a contribuição pecuniária para o sustento do
filho. A assistência moral é que tornará aquele filho capaz de se desenvolver
plenamente para tornar-se um adulto crítico, consciente e saudável.
A separação dos
pais, seja por qual motivo for, não pode tornar-se um ônus para a criança; como
bem dito no texto das redes sociais: “existe ex-mulher, mas não existe
ex-filho”.
Igualmente,
ocorre a situação da visitação pelo pai, que acaba não sendo cumprida nos
moldes definidos judicialmente.
Isto, porque
acaba ocasionando uma confusão, na qual o genitor acredita que ver o filho é um
direito seu e um dever da mãe, que deve permitir o acesso à criança no momento
em que lhe convir.
Assim, acabamos
vivenciando situações nas quais a criança espera na porta, com a sua malinha de
roupas, a visita do pai para passar o fim de semana que nunca acontece.
Ou o pai que
comparece fora dos horários combinados e interrompe a rotina daquele pequeno
ser em formação, tornando ainda mais dolorosa a vivência da separação dos pais
para a criança.
Mas o que me
motivou a trazer esta discussão para o Direito das Famílias, além de tratar-se
de assunto comum nas rodas de conversas maternas, é a proximidade com a
celebração do Dia dos Pais.
Convoco os
leitores a utilizar esta data para refletir sobre a sua forma de exercer a
parentalidade e discutir com seus pares sobre a necessidade das mudanças na
forma de pensar e agir de nossa sociedade, em prol de atingir medidas mais
eficazes e eficientes em nosso judiciário.
Embora exista
previsões de indenizações materiais pelo abandono afetivo, dinheiro algum
jamais suprirá para um filho, a presença de um pai em sua vida.
Que os pais
possam se comprometer efetivamente com o bem estar dos filhos, possibilitando-lhes
a convivência, o afeto, a assistência moral e material e a educação e criação;
alcançando nas medidas judiciais impostas nas separações, acima de tudo o
benefício destas crianças.
Segue o relato
da Jhessika Lima, que desabafou no Facebook e alcançou mais de 260 mil curtidas
e 111 mil compartilhamentos, com 38 mil comentários:
“É fácil ser
pai quando existe festa de família e você se faz de melhor pai do mundo. É
fácil passar pelo quintal e dar um abraço e dizer que ama. É fácil dar um
brinquedo no Dia das Crianças e no aniversário. É fácil quando os outros
perguntam se a filha está bem e o pai abre um lindo sorriso e fala que está. É
fácil pagar um boleto de plano de saúde e achar que está feita a sua parte de
pai. Sabe o que é difícil? É ser mãe os 365 dias do ano sozinha. É acordar de
madrugada para dar remédio quando se está doente, é intercalar banho e remédio,
preocupações e colo. É ir não só a festinhas da escola, mas também em reuniões.
É deixar de comprar roupa e sapato para si e comprar para a filha porque quer
vê-la bem vestida e arrumada sempre. Difícil mesmo é passar 1 ano inteiro sem
esse pai ter pagado pensão, ter sido ausente durante 6 meses sem ao menos ver a
filha ou dar um telefonema, ter renegado ajuda emocional. Quando se sai de um
casamento e se tem filhos, os homens deveriam lembrar que existe ex-mulher SIM,
ex-filho NUNCA!”
POR GABRIELLE SUAREZ
-Bacharel em Direito pela Faculdade de
Direito de Varginha/MG;
-Atua como Advogada na seara do
Direito de Família em São Caetano do Sul/SP; e
Membra associada do IBDFAM (Instituto
Brasileiro de Direito de Família) e comentarista e articulista jurídica.
E-mail: gabrielleasuarez@adv.oabsp.org.br
E-mail: gabrielleasuarez@adv.oabsp.org.br
Nota
do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira
responsabilidade de seus autores.
Sensacional texto apropriado para o Dia dos Pais, pra mim foi muito dificil terminar de ler porque me divorciei duas vezes e sei o mal que fiz aos meus filhos pela ausencia não só fisica mas emocional na formação deles, sempre dou graças a Deus pelas minhas ex-esposas pelo que elas fizeram por mim na vida dos meus filhos, possibilitando que hoje sejam pessoas de bem, felizes realizadas como ser humano, o que não posso dizer de mim que carrego essa mancha na minha vida.
ResponderExcluir