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sábado, 12 de agosto de 2017

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Estamos vivendo uma época incrível em que apenas num clic você se conecta com o mundo. Nunca se teve tanto acesso à informação como agora. O conhecimento cabe na palma da mão de qualquer um, basta ter um aparelho celular conectado à internet e você “ganha o mundo”. Toda essa tecnologia traz muitos benefícios, principalmente para a educação. A pesquisa imediata facilita a vida do estudante, sem contar a diversidade de fontes a pesquisar em questão de minutos. Muitos seriam os benefícios do fácil e livre acesso à internet em nossas vidas nos dias atuais. Poderia ficar citando vários, no entanto, o meu convite ,com este artigo, é para que possamos pensar no “outro lado” da tecnologia. Já de imediato, deixo claro que não sou contra esse mundo virtual que está ao alcance de todos, apenas os convido a refletirem comigo sobre o uso da internet. Começando pela infância, lá nos canteiros onde a vida brota, onde semeamos sementes e a “terra é fértil”, porque na infância, a “terra” a que me refiro, é o cérebro humano, e nesse canteiro maravilhoso onde tudo brota como num passe de mágica, começa a minha preocupação com todo o estímulo eletrônico dos tabletes e celulares. Não são poucas as vezes em que pais colocam seus filhos mediante a tabletes ou celulares com os seguintes argumentos: ” Enquanto brinca ou assiste a algum vídeo infantil (e vale lembrar que, graças a Deus, nessa idade ainda podemos garantir o que nossos filhos estão vendo), ele se distrai e eu posso fazer minhas coisas”. 

BEM, APENAS PARA REFLETIR.... Será que esse tempo que a criança fica exposta a essa tecnologia para que os pais possam fazer suas coisas, terem sossego, tranquilidade para um bom bate papo, não está sendo muito? Como saber? Como saber se meu filho fica tempo demais exposto à tela de um celular ou tablete? E será que eu poderia aproveitar esse tempo com meu filho de outra maneira? Será que estou muito impaciente e tenho buscado esse recurso muitas vezes? Será que meu filho não está se desligando muito da realidade porque passa tempo demais com amigos e/ou situações virtuais? Será que esse vídeo traz contribuições pedagógicas que realmente fazem a diferença na vida escolar do meu filho? Será que os valores morais que tais vídeos transmitem, estão de acordo com os que sonho para meu filho? Será? Será?

E aí, só para complicar mais um pouco, eu pulo da infância e vou para a adolescência e tudo fica um pouco mais complicado.... Lembra, na infância em que os pais tinham como acessar o vídeo para o filho ver? Pois é, na adolescência não é bem assim... Eles já cresceram e o acesso é eles que fazem e, infelizmente, na maioria das vezes, sem a permissão dos pais. Nossos adolescentes têm acesso a um mundo gigante e sem censura alguma. Muitas vezes se colocam vulneráveis em sites comprometedores e arriscam sua segurança, não só emocional, mas física, com amizades e relacionamentos virtuais duvidosos. Ao mesmo tempo que é encantador fazer amizade com um adolescente do outro lado do continente, é perigoso ao extremo. O mundo virtual pode ocasionar um dano enorme à vida de nossos adolescentes quando se entregam a experiências nem sempre agradáveis e frutíferas. O livre acesso à informação traz um pano de fundo para tragédias, dramas familiares que pouco conhecemos . Estamos vendo uma geração de filhos trancados em seus quartos conectados com o mundo e o perigo entra pela tela de maneira tão fácil quanto encantadora. Antes temíamos por nossos filhos na rua, sendo vítimas da violência urbana, agora temos que temer o silêncio dos quartos, porque é nesse ambiente que ele pode estar vivendo grandes perigos. Ameaças como o famoso “jogo da baleia azul” nos trouxe um alerta quanto ao conteúdo do que nossas crianças e jovens estão clicando por aí. Tudo vira ameaça para nós, pais e educadores, porque deixamos escapar pelos dedos o controle da vida virtual de nossos filhos. 

E, BEM, APENAS, NOVAMENTE, PARA REFLETIR.... Será que meu filho adolescente trancado num quarto me traz tranquilidade? Por que será que esse silêncio não me incomoda? Onde está meu filho agora? Quanto ao espaço físico eu tenho a resposta: dentro do seu quarto, mas e o espaço “mundo”? Com quem ele está conversando? O que ele está vendo? Que tipo de vídeo está acessando? Que espécie de conhecimento está adquirindo? Por que ele não conversa mais comigo? É só esse fone no ouvido o tempo todo? O que isso significa?

Ah.... quantos “serás” nos acompanham nessa deliciosa tarefa de educar..... Não tenho a resposta para essas perguntas. Como educadora aprendi que perguntar é mais importante do que responder, pois perguntando eu levanto hipóteses e levo o outro a buscar respostas, questiono. Eu o tiro do senso comum com minhas indagações, incomodo e provoco mudanças. Talvez se nós, pais e educadores, estivermos mais próximos, não deixaremos espaço para que o mundo virtual nos roubem os filhos. Quem sabe se, ao invés de colocarmos um celular na mão de uma criança para lhe ocupar o tempo e distraí-la, estejamos presentes para uma boa brincadeira e que, o espaço “quarto de adolescente”, seja mais frequentado por nós para uma boa e divertida conversa sobre o dia, assim poderemos ter filhos (menos conectados) e mais presentes em nossas vidas. Que a cada clicar, eles possam fazer deliciosas descobertas, mas que saibamos orientá-los e nos fazer presentes nesse mundo virtual, para que nosso espaço de pais e educadores não ceda lugar ao desconhecido e perigoso mundo virtual. 

Clique aqui para... Clique aqui para se conectar e despertar para o que é urgente: estar e se fazer presente na vida de seus filhos, se conecte nessa ideia de que seu lugar de pai e responsável não pode ser roubado por outro e de maneira tão rápida e perigosa. A presença dos pais na vida real faz com que o mundo virtual seja apenas um espaço a ser visitado em busca de conhecimento, diversão e nunca como fuga de uma vida sem graça, sem amor e afeto.

POR JACQUELINE CAIXETA FIGUEIREDO










-Pedagoga;
-Autora de material didático;
-MBA em gestão estratégica de pessoas;
-Pós graduada em:
 -Psicopedagogia;
  -Alfabetização e construção de pensamento e
   -Inclusão escolar;
-Especialista em alfabetização e inclusão;
-Palestrante na área de educação e -Diretora Pedagógica na Colégio São Miguel Arcanjo do Sistema Escolápio de Educação
Nota do Editor:

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