Este texto procura reproduzir a necessidade acerca do livro didático aos estudantes do Ensino Fundamental II e Médio, utilizado em sala de aula, questionando o déficit informativo no contexto histórico sobre a participação do Brasil na II Guerra Mundial, recorrendo à própria experiência enquanto professora de história.
O livro didático é o suporte básico para o aluno e seus estudos durante todo o ano letivo, sendo o principal recurso de leitura, privilegiando o conhecimento dos conteúdos curriculares previstos pelo MEC. Inserido no cenário educacional brasileiro, este meio é a referência na formação de mais de 50 milhões de crianças e adolescentes no Brasil atual. Entretanto, as elaborações destas obras não se encontram especificamente nas mãos dos autores principais destes livros, mas sim por um conjunto de especialistas que atuam nos conteúdos, conhecimentos e habilidades nas diferentes áreas de ensino.
É importante ressaltar que o livro didático é considerado a principal fonte de informação utilizada nas salas de aula para o acesso ao desenvolvimento da educação, abrindo o caminho para a formação crítica do aluno. Este subsídio é um material pedagógico em que os mestres e aprendizes dispõem para discutir os assuntos científicos e realizam diferentes leituras e práticas didáticas. Porém não se pode negar que muitos profissionais abominam a utilização dos livros didáticos devido ao comprometimento na autonomia na instrução, enquanto outros se posicionam a favor devido ao auxílio que esta fonte presta em seu dia a dia turbulento, organizando a rotina em sala de aula.
Para compreender um livro didático é necessário analisá-lo em todos os seus aspectos e contradições, pois considerado um portador de informações que propiciam ao questionamento e saber, conduz a formação intelectual do aluno e a capacidade de atuar na transformação da sociedade. E não menos importante sublinhar que, o conhecimento histórico nestas obras não é dado como pronto. Este se encontra em constante pesquisa e construção, sempre atualizando os estudantes do ensino básico.
Neste momento é indagada a didática do livro escolar à medida que as deficiências de informações se tornam presentes, sendo este a fonte de confiança do aluno.
Lamentavelmente, a comunicação do material acolhido em muitas escolas públicas e privadas não mostra a realidade da história brasileira. Nota-se que o tipo de história que os alunos têm recebido omite conflitos e vitórias no contexto nacional e mundial, impedindo a compreensão de um processo como um todo.
Torna-se presente, em especial, a perda das memórias deixadas por homens brasileiros que participaram do processo da II Grande Guerra, dificultando também as referências nacionalistas enviadas aos receptores.
Quando se pergunta sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, a grande maioria dos alunos não sabe responder. Alguns arriscam uma nota, pressupondo que nada de grandioso foi feito, a não ser enviar alimentos a alguns países participantes ou, até mesmo, limpar os corpos e minas dos campos de batalhas.
A participação dos brasileiros em um dos mais cruéis genocídios ocorridos na primeira metade do século XX foi marcante na história do Brasil, porém este sofre um esquecimento implausível. Em muitas obras educativas são valorizadas informações sobre o envolvimento dos países Europeus, Estados Unidos e Japão, enriquecendo os conflitos provenientes do oeste e leste Europeu, as batalhas nas regiões da antiga URSS, os torpedeamentos em extensões americanas, os combates em terrenos asiáticos, etc. Mas é surpreendente constatar a falta de linhas no dizer sobre o Brasil.
A Segunda Guerra Mundial é o tema mais curioso entre os alunos, visto que a maioria deles desconhece que nosso país atuou significativamente, sobretudo em terras italianas, com bravura e heroísmo, combatendo as forças do Eixo.
É relevante salientar que a história indígena, a memória dos descendentes africanos que se iniciou no Brasil como escravos, a independência do Brasil e outros fatos não são menos importantes na construção da memória, mas verifico que os bravos brasileiros esquecidos fazem parte de uma extensa biografia disponível, porém pouco apresentada.
O tema aqui exposto vem sendo redescoberto e publicado em diversos estudos ajudando a documentar as ações nacionais em combate, contudo torna-se necessário construir, ou complementar esta memória no material educacional, para que os jovens se sintam orgulhosamente nacionais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARONE, João. A Segunda Guerra Hoje. In:_____ 1942 O Brasil e sua Guerra Quase Desconhecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013. p. 15-18;
BARONE, João. Antes da Guerra. In:_____ 1942 O Brasil e sua Guerra Quase Desconhecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013. p. 21-39;
BITTENCOURT, Circe. Livros Didáticos entre textos e imagens. In: Circe Bittencourt (org). O Saber Histórico na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2013. p. 69-90;
O livro didático de história hoje: um panorama a partir do PNLD. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882004000200006 Acesso em 24 de Novembro de 2017;
Opinião: O Papel do Livro Didático. Disponível em: http://www.todospelaeducacao.org.br/educacao-na-midia/indice/26006/opiniao-o-papel-do-livro-didatico/ Acesso em 24 de Novembro de 2017;
Uma Análise sobre o Ensino de História e o Livro Didático. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/viewFile/12156/10675 Acesso em 20 de Novembro de 2017.
POR MARIA DE MARCO BOHOMOLETZ
- Graduada em História pela PUC Minas;
- Pós Graduanda em Gestão Educacional pela UNA BH;
- Professora de História do Ensino Regular(fundamental II) e EJA; e
- Experiência em Pesquisa Histórica.
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