O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é compreendido como uma condição neuropsiquiátrica que se manifesta na infância precoce com uma multiplicidade de atrasos e desvios comportamentais associadas a deficiências persistentes na comunicação e na interação social e repertórios de comportamentos, interesses ou atividades repetitivos e estereotipados.
A prevalência aponta que 1 em cada 68 crianças são diagnósticas com Autismo. É importante saber que o diagnóstico de TEA no Brasil é considerado tardio quando comparado aos Estados Unidos e, com isso, intervenções são cada vez mais tardias. Como melhorar isso?
É de suma importância que todos os profissionais estejam atentos aos sinais e sintomas, que possam reconhecer critérios para, ao menos, sugerir avaliações mais específicas.
Nem sempre os pais terão esta atenção, pois isto é desconhecido aos seus olhos, principalmente aqueles pais que tem o primeiro filho. Muitos não vão acompanhar o desenvolvimento do filho sob os critérios do DSM e, então, cabe aos profissionais de saúde observar isso. Digo os profissionais, pediatras, otorrinolaringologista, dentistas, etc, aqueles que recebem crianças desde a tenra idade para avaliação e seguimento.
Esta reflexão é muito importante, pois se percebe na clínica e em ambulatórios infantis que a maioria das crianças com suspeita de TEA foi encaminhada para avaliação através da escola, ou seja, os professores notaram algumas dificuldades, e isto é muito bom, porém, exceto às crianças que vão à creche desde bebês, existem aquelas que vão com maior idade para a escola e estas podem não serem encaminhadas precocemente.
No entanto, claro que crianças com sinais graves e comportamentos alterados são mais facilmente reconhecidos não somente por escolas, profissionais, mas também pelos seus pais. A dificuldade maior permeia às crianças com sintomas mais leves e específicos.
É importante citar que não há marcador biológico no Autismo, como por exemplo, a Síndrome do X- frágil, que é uma doença genética, cujo marcador citogenético está cromossomo X e alterações no gene FMR1. O Autismo é multifatorial e seu diagnóstico é clínico. Escalas de triagem e diagnósticas podem ajudar o profissional a encaminhar a criança para avaliações com especialistas.
Nota-se que a maioria dos instrumentos que temos no Brasil demanda tempo de aplicação, treinamento e muitas vezes, um alto custo. A fim de preencher esta lacuna foi publicada recentemente no Journal of Autism and Developmental Disorders a escala Exame do Estado Mental – AMSE cujo objetivo é ser uma ferramenta de fácil aplicação, rápida e de baixo custo utilizada durante a primeira avaliação clínica.
O importante é observar sempre! E qualquer dúvida ou suspeita, se informar com um especialista. A típica frase “vamos esperar crescer um pouquinho para ver o que acontece” ou “é normal da idade” deve ser extinta.
Há muitas evidencias que crianças que recebem intervenções precoces têm maiores resultados do que aqueles com intervenções mais tardias. Considera-se precoce, antes dos três anos de idade e, ainda, existem estudos empíricos em crianças menores de dois anos de idade. Considera-se diagnóstico tardio após os três anos de idade. Alguns estudos apontam que crianças com sinais leves de Autismo, por exemplo, são, normalmente, diagnosticadas após os seis anos de idade.
Cada vez mais pesquisas são desenvolvidas, técnicas aperfeiçoadas e espera-se que cada vez mais diagnósticos possam ser feitos precocemente e que avanços podem ser notados tanto na medicina quanto nas intervenções terapêuticas. Quem trabalha no ramo da saúde e no campo da educação deve estudar e se aperfeiçoar sempre, pois só assim teremos diagnósticos corretos e tratamentos eficazes.
Referências
Artigo citado no texto: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10803-018-3530-0.
Escala AMSE pode ser adquirida no e-mail: contato.mgpsicologia@gmail.com
Manual de Treinamento on line do AMSE: www.autismmentalstatusexam.com
-Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas- PUCC(2010);
-Aprimoramento em Avaliação Psicológica- UNICAMP 2013;
-Aprimoramento Avançado em Avaliação Psicológica- UNICAMP 2015;
-Mestre em Ciências Médicas Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP 2016;
-Doutoranda em Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP 2017; e
-Especialização em Neuropsicologia e Reabilitação Cognitiva Instituto de Psiquiatria - IPq HCFM USP 2017.
Nota do
Editor:
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É de extrema importância termos acesso às informações do respectivo assunto, visto que é uma questão ampla e que pouco se fala ainda, infelizmente! Obrigada pelos esclarecimentos e por partilhar um pouco de seu conhecimento sobre TEA.
ResponderExcluirGrata :)
ExcluirGue bom isso serve de alerta vou ficar de olho bisnetos
ResponderExcluirTrata-se de uma profissional atenciosa, dedicada e com um ótimo relacionamento interpessoal. Sempre está em busca de novos desafios e aprendizados visando o aprimoramento pessoal e profissional. Parabéns por este trabalho, seu conhecimento ajudará muitas pessoas.
ResponderExcluirPercebo que está mudando essa relação com a idade, e estamos muitos atrasados em comparação aos outros países, mas agradeço pelo seu profissionalismo e que possamos ter cada vez mais profissionais qualificados e com competência como você. Parabéns pela sua dedicação e ética.
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