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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

O Espírita e o Carnaval



Autora: Maria de Lourdes Moraes Lira(*)



Antes de iniciarmos o tema, vale trazer aqui o significado do Carnaval:

Entre as várias definições sobre o significado do Carnaval entendi que a abaixo transcrita traduz bem o que gostaria de expor:

"Carnaval ou entrudo são os três dias de festas que precedem a quarta feira de cinzas. É uma palavra que tem origem no latim "carna vale" e que significa dizer "adeus à carne".

O carnaval chegou ao Brasil através das festas que ocorriam na Europa, principalmente na Itália e na França, no século XVII."


Pois bem, podemos dizer que o carnaval, ou festa da carne como o próprio nome já remete, é a comemoração de tudo que elegemos como prazer. Portanto, as festas,  o uso de drogas, a promiscuidade, a violência, a sensualidade e a sexualidade sem limites, em geral, fazem parte de grande parte das comemorações carnavalescas.

Com tais afirmativas, questiona-se: o espírita pode festejar o carnaval?

Sim, sem dúvida que pode! Entretanto, deve lembrar-se que sua conduta nessa festa não deve ser acompanhada de atitudes exageradas consigo mesmo e tampouco com seu próximo para que não atraia para si forças negativas que poderão trazer-lhe desequilíbrios espirituais, visto que o culto à carne é o despertar das paixões e das sensações e o seu uso desenfreado e irresponsável pode trazer um futuro de dores e sofrimentos como colheita

Expostos a tais situações que quase sempre são exageradas, atraem espíritos de ordem inferiores que se comprazem com tais atitudes na medida em que estarão em sintonia uns com os outros, ou seja os encarnados e os desencarnados ao trocarem energias, ora alimentadas com tais atos e que, portanto, pode-se considerar como sendo seu elo de ligação, promovendo-lhes prazer e deleite. Observa-se aqui que os referidos prazeres são inerentes às vontades materiais e essas, principalmente nessas ocasiões, são colocadas acima da moralidade.

Nesse sentido, podemos lembrar aqui uma das famosas cartas de Paulo , apóstolo que divulgou as mensagens do Cristo. Referida carta,  que é  a primeira aos Coríntios (habitantes de Corinto, na Grécia), no capítulo 6, versículo 12, apresenta a seguinte mensagem:

"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam."

Nessa frase simples, Paulo apresenta o "livre arbítrio" (tudo me é lícito), que é um dos princípios básicos da Doutrina  Espírita. Perceba que a Doutrina nada proíbe, mas sim, educa, no sentido de mostrar a verdade, e ensinar o caminho para obtê-la (mas nem tudo me convém).

Observemos também que tal lição quer demonstrar as limitações da Lei divina, do convívio com o próximo, onde essa liberdade é cerceada pela questão da conveniência e da oportunidade.

Sobre esse tema, o espírito Emmanuel, através do médium Chico Xavier, psicografou a seguinte mensagem em julho de 1939, publicada pela Revista Internacional de Espiritismo, em janeiro de 2001:

"CARNAVAL

Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas.

É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização.

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.

Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem?

Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral.

Por Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier "

Pelo exposto, conclui-se que como espíritas devemos entender as consequências do mal uso do livre-arbítrio e da infalibilidade da lei de causa e efeito. Portanto ao estudarmos a Doutrina Espírita passamos a ter  conhecimento de que todos os atos de excessos sejam no carnaval ou em qualquer dia de nossas vidas serão cobrados à medida em que forem cometidos e que o melhor para nossa vida futura é evitar contrair mais débitos diante da lei de Deus.

Portanto, ao festejar o Carnaval deve levar em consideração que o fato de estar presente nas brincadeiras não o obriga a agir como a grande maioria, não precisa deixar-se influenciar e nem conectar-se com as práticas de ações menos dignas. Redobre os cuidados nas ações e nos pensamentos.

Por fim, lembre-se que é livre para realizar as suas vontades, mas, não esqueça que deve ser responsável por tudo que fizer!

Bom Carnaval a todos !
  
Bibliografia:

- Mensagem sobre o carnaval (Chico Xavier pelo espírito Emmanuel);


*MARIA DE LOURDES MORAES LIRA




















-Advogada e Consultora; 
-Especialista nas Áreas Trabalhista e Previdenciária - OAB/SP nº 130.175 e
-Espírita e estudante da Doutrina

Nota do Editor:


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