Linda EV(*)
Será que o jornalismo profissional conseguirá sobreviver à democratização das informações nas Redes Sociais?
Poderão os veículos de massa
sobreviver sem o poder da manipulação política, econômica e comportamental?
O Brasil vive tempos conturbados, todos os dias as notícias
bombásticas e surpreendentes vem colocando em cheque a reputação de nossos
poderes. Tudo parece ter ficado mais às claras, e a informação que antes era
monopólio de um grupo específico se democratizou.
Há quem diga, que a as redes sociais são as responsáveis por
esta transformação, por dar oportunidade para qualquer pessoa expressar opiniões,
críticas, posições políticas, econômicas e sociais, ou seja, ter a palavra divulgada
para buscar outra palavra afim, buscar outro pensamento que esteja de acordo
com o seu, desta forma criaram-se os "fazedores de opinião" e também os grupos, rebanhos, militâncias, torcidas.
Como jornalista de formação atuando como colunista em revista
de moda, devo reconhecer que lembro com certa indignação, quando os principais
estilistas do Brasil estavam reservando lugares privilegiados dos seus desfiles
para uma nova classe de especialistas: As Blogueiras de Moda. Quem eram estas
novas pessoas que não tinham a formação acadêmica, não tinham trajetórias
construídas nos veículos de comunicação tradicional, quem eram estas para
merecerem tanta atenção do nosso “mundinho fashion” tão fechado e seletivo?
Hoje percebo o quanto a experiência vivida na Revista de
Moda foi vanguarda, como uma espécie de anúncio do que estaria por vir. Sim,
falo da crise de credibilidade que a Imprensa tradicional está vivendo, e creio
que um dos motivos desta, é o despreparo que jornalistas profissionais
demonstram quando são confrontados nas redes. Pois se antes os e-mails chegavam
às redações e eram selecionados entre os publicáveis ou não, no setor do jornal
que permitia a opinião do leitor, hoje, a
resposta é imediata e visível para todos, incorporando-se, mesmo que contra a
vontade do jornalista, à sua matéria.
Lógico que não podemos desconsiderar que o jornalista
empregado de um veículo de massa, não escreve aquilo o que quer, ele segue uma
pauta e sofre sim, um cerceamento que se dá de acordo com o viés político,
econômico e social do seu Patrão. Lógico também que isto é um "segredo", um
acordo tácito, já que enraizou-se na Imprensa brasileira a mentalidade de que o jornalismo deve adotar
sempre uma postura imparcial, focado apenas nos fatos.
A hipócrita postura de isenção da Imprensa , acaba por gerar
reações cada vez mais intensas e passionais dos leitores que vem acompanhado com atenção o
desenrolar dos fatos. As críticas vêm
desde os cidadãos comuns até o Presidente da República, o que gera uma
indignação da classe jornalística e Associações profissionais, que
corporativistas contra atacam, promovendo uma guerra que não deveria existir,
pois todos já sabemos quem serão os derrotados.
A cultura do Jornalista
Especializado e Consagrado ter a sua palavra elevada a manifestação de
verdade absoluta, ruiu-se com as transformações comuns aos novos tempos. Vemos,
tristes, editoras, redações de revistas e jornais, sites e TVs vivenciando graves crises financeiras que os obrigam a despedir
pessoas, diminuir salários e até mesmo fechar suas portas. Mas não vemos um
movimento de autoavaliação, um olhar crítico perante o jornalismo que está
sendo feito no País e o porquê a Mídia se afastou tanto do pensamento reinante
da sociedade brasileira, o porquê a visão do jornalismo brasileiro tanto se
opõe a visão da realidade vivenciada pelo brasileiro comum.
A Imprensa tem papel fundamental numa Democracia
Institucionalizada. Ela serve para regular os Poderes de nosso País, chegando
até ao status de ser vista como um quarto poder. Porém , no atual momento que
vivemos, sua atuação vem se distanciando da sua primordial finalidade que é
informar, trazer à luz o que estava oculto. Assim como um médico tem o
compromisso com a vida, o jornalista tem o compromisso com a Verdade dos fatos.
*LINDA EV
CV de acordo com suas próprias palavras:
-Jornalista formada pela FACHA- RJ e pós- graduada em jornalismo cultural pela UERJ. Faço parte de um grupo de brasileiros que acredita na grandeza e potencial do nosso País, por isto, sou ativa nas Redes Sociais ajudando a ecoar as vozes dos cidadãos indignados com a corrupção e o descaso de certos políticos com a nossa nação; e
-Escrevo aqui sob o pseudônimo de Linda EV e desejo sinceramente ser capaz de verbalizar as questões mais eminentes que fazem parte do momento tão especial que vivemos no nosso Brasil.
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
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