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sábado, 29 de junho de 2019

As Artes do Belo e a Educação


Autor: Fábio Fonseca(*)
O mundo moderno perdeu a noção mais precisa do que é belo, ele deixou-se invadir pelo feio. O feio está em tudo, desde as vestes que se usa, até nos edifícios que se constroem. Este feio que invadiu todos os campos da sociedade atual se reflete nas próprias artes do belo. E o belo e as artes do belo são os fundamentos que se erguem a alma humana e a razão humana. O resgate do belo se torna um tema fundamental para educação, pois como veremos, a origem da formação moral e intelectual do ser humano passa pelo belo e pelas artes do belo.
Para entendermos as artes do belo se faz necessário voltar à Aristóteles e remontarmos a compreensão de que o homem tem  3 virtudes ou hábitos intelectuais. As primeira das virtudes ou hábitos intelectuais é a ciência, é aquele hábito que temos de conhecer por conhecer, para superar a ignorância. Outro hábito que temos é o da prudência, que diz respeito ao agir, ao agir individual ou eticamente, ou agir familiar ao agir social e político. E a última  das virtudes é a arte, que divide-se em duas: artes servis e artes liberais. Nas artes servis o artista usa do corpo e faz algo material que visa atender ao corpo, por exemplo: o marceneiro que faz uma cadeira. Há também as artes de uso, como medicina e a construção(engenharia). E há artes liberais: lógica, gramática e a aquilo que chamamos artes do belo, pois tem a finalidade de tornar o homem livre, capaz de entender a si e ao mundo. As artes liberais produzem as artes do belo e essa forma a alma humana na direção do justo e do bom.
A primeira consideração é compreender o que é belo. Para que haja o belo são necessárias três condições: 1° que algo tenha integridade, não lhe falte nenhuma das partes que lhe são essenciais, que lhe são necessárias; 2°que tenha harmonia ou consonância, ou seja, que as partes entre si na construção do todo sejam harmônicas e 3° e que tenha claridade, algo obscuro é algo que não pode ser belo. Algo para ser belo precisa ter essas 3 características. Dessa forma, compreendemos que aquilo que é feito pelas artes do belo precisam ser belas, mas que nem todas as coisas belas são fruto das artes do belo. Um exemplo é a joalheria que produz coisas belas, mas não é parte das artes do belo. Para entender as artes do belo é necessários defini-las: as artes dos belo são artes miméticas que fazem formas significativas que fazem com que a alma humana propenda ao verdadeiro e ao bom, e se afaste do falso e do mal. Formas significantes, quer dizer que aquilo que essas artes imitam fazem-lo pela própria forma. Um exemplo, uma palavra significa algo: cão, em português significa nossa concepção de certo animal. Já em inglês é dog, isso quer dizer que se trata de um signo, significativo, mas convencional. Mas por exemplo a mais famosa pietà de Michelangelo, que através de um efeito ótico, faz com quem veja perceba Maria maior que seu Filho. É mãe que tem seu bebê no colo, a mãe de Deus. A própria composição da estátua vai mostrar a piedade e a maternidade divina por parte de Maria. Isso não se dá pelas palavras, que são signos convencionais, mas a forma que revela o significado.
As artes do belo distinguem-se entre si pelos meios que usa, pelos modos que usa e por aquilo que imitam, por seus objetos. Artes do belo se dividem em: literatura, teatro, cinema, dança, pintura (desenho), escultura e arquitetura, que é uma arte anfíbia, pois também é uma arte servil, pois ela também serve ao nosso corpo, para o nosso descanso, para a vida familiar, Mas como mostra as igrejas Cristãs, ela é também uma arte do belo, pois são miméticas, significativas e belas, pois tendem a direcionar ao bom e verdadeiro e se a afastar ao mal e ao engano.
Crianças que não se formaram no belo, que não tiveram acesso às artes do belo tem fortes tendências em se tornarem adultos incapazes de tender para o bom, verdadeiro e justo no homem. As artes do belo são fundamentais para educação. Existe uma educação da imaginação que fundamenta e precede a educação formal. A educação começa pela educação da imaginação, anos antes da criança aprender os conteúdos formais, ela precisa ter um estofo imaginativo e moral que sirva de base para as disciplinas. Como afirma Sertillanges, em sua obra vida intelectual: "A educação é o desdobramento da alma", ou seja, educação,  seguindo o pensamento aristotélico-tomista, é pôr para fora, desdobrar, tornar ato algo o que já existe em potência na alma humana, mas nada se reduz da potência ao ato se não anterior já em ato. Isso quer dizer que a criança precisa ver essa potência atualizada em um modelo, precisa ter acesso, ao menos imaginativo, a essas qualidades humanas já realizadas. E isso as artes do belo são capazes de fornecer.
Isso fica claro com a literatura, por exemplo. Na Ilíada uma série de personagens corporificam uma série de virtudes e qualidades humanas em altíssimo nível. Um exemplo é Heitor, que de forma heroica, age, fala, vive, e morre. A criança entra em contato com as altas virtudes, isso se torna familiar à ela. Poderá desejar, amar, querer imitar essas virtudes, pois passa a conhecer essas virtudes em um modelo, mesmo que seja imaginativamente, passa a aspirar por eles, e só se aspira algo que se ama e só se ama algo que se conhece. Essas qualidades passam a ser acessíveis a essa criança.
Entre as contribuições que os gregos deram para o campo do pensamento e das artes, se encontra o desenvolvimento do teatro. Segundo Aristóteles, o grande objetivo do teatro era o de incutir compaixão e terror, que é promovido mediante a catarse. A catarse é a purificação das emoções, que purificadas deixam de ser um obstáculo para nossa inteligência, permitindo que ela direcione-se ao bom e o verdadeiro, e se afaste do mal  e do falso. As peças teatrais do grandes dramaturgos gregos foram fundadoras nesse sentido. Tal perspectiva se seguiu no medievo, que além de acrescentar diversas questões ao saber humano, a filosofia e a construção da civilização ocidental, também teve grande importância na constituição do teatro e das artes do belo enquanto tal. Deriva da fase medieval a forma teatral do auto. Um dos gigantes da dramaturgos a desenvolver essa forma teatral foi Gil Vicente em sua obra “O auto da barca do Inferno”.  Essa obra é um modelo, pois expressa seu fim último que é propender ao bom e ao verdadeiro.
Contudo, percebe-se que no teatro atual padece de grande decadência, como em todas as artes do belo. Cresce o número de peças teatrais cujo fim não é o bom e o verdadeiro, mas excitar paixões e vontades. Entenda como isso vai contra aquilo que descreve Aristóteles, e também os medievos, pois o teatro perde sua capacidade de catarse, ou seja, essa capacidade de desbloquear o intelecto das paixões, livrá-la daquilo que a impede de buscar o bom e verdadeiro. É romper com a as paixões da alma que a aprisionam nas sensações. No entanto, o teatro moderno se dedica a estimular paixões e vícios, o exortando como algo bem quisto e aceite. Até mesmo as encenações de obras clássicas tem tido em suas apresentações que fortalecem aspectos que despertam as paixões do espectador. Um exemplo é a nudez, que utilizada nessas novas encenações servem como distrações, somos desviados do fim e a tendência a concupiscência se fará presente. Essas distrações desviará a almas e se cessem certas potências da alma em virtude de certas paixões. Tais obras perdem o caráter definidor das artes do belo, pois promovem a bestialidade e não ao bom e ao verdadeiro. Isso deforma o imaginário, não contribuindo para a formação de uma imaginação moral.
Dessa forma, se torna impossível separar as artes do belo desses transcendentais do bem e da verdade, é para isso que elas servem, inclinar as almas humanas para esses transcendentais. Existe uma ideia corrente que a arte tem um fim nela mesma. Não, ela tem uma finalidade primeira que é produzir coisas belas, formas belas, mas ela tem um fim último que é inclinar a alma humana para o bem e para a verdade. Muito daquilo que hoje passa por obra de arte não só não inclina a alma humana para o bom e para verdade, como nem forma bela possui. Nesse sentido, a ciência poética, como busca prof. Carlos Nogué, demonstra que sem arte no  sentido verdadeiro a sociedade rui, desmorona, pois a arte é fundamento de toda educação possível, ela ordena desde o início a caminhada educacional para aquilo que importa: o bem e a verdade.
Para o aprofundamento deste tema, deixo duas sugestões:
1° a obra do prof. Carlos Nogué “Da Arte do Belo”, publicada pelas edições São Tomás.
2° o documentário dirigido e roteirizado por Vivi Princival “As artes do Belo”, que se encontra disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=51bceaf-tkc .

*FÁBIO DA FONSECA JÚNIOR


- Professor de Filosofia e História;
- Mestrando em Educação e
- Diretor de escola.












Nota do Editor:

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sexta-feira, 28 de junho de 2019

Educação – Algo Complexo para este Governo!


Autor: Rafael Moia Filho (*)



Seria uma atitude muito ingênua esperar
que as classes dominantes desenvolvessem
uma forma de educação que permitisse aos
menos favorecidos perceberem as injustiças
sociais de forma critica. Paulo Freire


O recente corte ou como quer o chefe da Casa Civil Sr. Onyx Lorenzoni, contingenciamento de 30% da verba da educação causou estranheza e revolta inclusive entre os aliados do próprio governo. Um país que torra bilhões com corrupção, desvios de finalidade de verbas, desperdício de obras, equipamentos e inteligência, verbas com viagens, hospedagens de deputados, senadores e membros do governo, não deveria jamais mexer nos recursos destinados a Educação.

Segundo dados oficiais, o Brasil investiu R$ 305 bilhões em educação pública no ano de 2015, desse total, R$ 212 bilhões (69,6%) foram financiados pelos Estados e Municípios, enquanto R$ 93 bilhões (30,4%) saíram dos cofres do governo federal. Isso prova que a União arrecada muito e distribui pouco (1/3) dos recursos públicos destinados à Educação.

Destes recursos, de acordo com o MEC, R$ 253 bilhões (83%) foram destinados a educação básica, enquanto R$ 52 bilhões (17%) dos investimentos foram destinados à educação superior.

Entre os muitos desafios que o atual governo tem pela frente está o de repensar o financiamento das 184 mil escolas públicas existentes no país. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), principal mecanismo de financiamento da educação básica, responsável por custear, em 2018, cerca de 40 milhões de matrículas e movimentar R$ 150,6 bilhões – o que representa cerca de 60% dos recursos destinados à educação básica pública –, expira no final de 2020.

A Constituição Federal em vigor desde 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, estabelecem que a União, os estados e municípios devem atuar de maneira articulada para financiar as diferentes etapas do ensino público. 

Educação Básica 

De acordo com a Constituição, a União deve aplicar, anualmente, ao menos 18% da receita resultante de impostos na manutenção e no desenvolvimento da educação, enquanto o percentual equivalente para estados e municípios é de 25%. Porém, a Emenda Constitucional nº 95, de 2016. Conhecida como emenda do teto, determinou que, em 2018, a União investiria em educação e outras áreas o valor equivalente a 2017 mais a correção pela inflação. Isso significa que, desde o ano passado, o investimento em educação não mais acompanha eventual avanço da arrecadação tributária e a União não necessariamente direciona a área ao menos os 18% resultantes da arrecadação de impostos.

"Esses percentuais devem ser destinados a ações para manutenção e desenvolvimento do ensino, as chamadas ações de MDE, sendo que o MEC, por um lado, e as secretarias de cada governo estadual e municipal, por outro, organizam a distribuição dos recursos", explica Camillo de Moraes Bassi, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). 

Ensino Superior 

Cerca de 20% da população entre 18 e 24 anos de idade está matriculada em um curso superior, e essa etapa da educação consome 17% dos investimentos do país em educação pública. No caso das 63 instituições federais de ensino superior e seus cerca de 1,2 milhão de alunos, sua principal fonte de financiamento é o orçamento vinculado ao MEC, previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) e proveniente do Tesouro Nacional – em 2018, foram R$ 46,8 bilhões, incluindo recursos captados por meio de contratos e convênios estabelecidos com gestões estaduais e municipais para executar projetos específicos, além de fontes complementares. 

"As universidades formalizam convênios para atender necessidades específicas como, por exemplo, assessorar um órgão público no desenvolvimento de determinadas políticas", diz Emmanuel Zagury Tourinho, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e ex-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).As universidades federais, constitucionalmente, têm autonomia para realizar sua gestão financeira, mas, na prática, isso não é inteiramente respeitado, segundo Tourinho. Anualmente, elas elaboram e submetem ao governo federal suas propostas orçamentárias e são atendidas a partir de decisões dos ministérios. Entre os fatores que devem ser considerados na preparação do orçamento e na dotação dos recursos estão à produção de conhecimento científica e patente, o número de servidores, a quantidade de alunos diplomados e ingressantes e o tempo de duração dos cursos. “O orçamento do ministério para 2018 foi de cerca de R$ 109 bilhões, sendo que desse montante 43% se destinou às universidades federais”, conta Thiago José Galvão das Neves, coordenador do Fórum de Pró-reitores de Planejamento e Administração da Andifes. De acordo com ele, os recursos do Tesouro Nacional financiam atividades regulares das instituições, incluindo o pagamento de salários dos servidores (ativos, aposentados e pensionistas) e despesas como contas de água, luz, telefone, material de expediente, aquisição de equipamentos, construção de salas de aula e laboratórios. "Cerca de 25% do orçamento das instituições federais é consumido pela folha de pagamento de aposentados e pensionistas, de maneira que a despesa previdenciária é lançada indevidamente, como se fosse investimento em educação", diz.

O orçamento do MEC prevê o pagamento de professores e pesquisadores, mas não financia atividades diretas de investigação científica. Para tanto, as instituições dependem principalmente da captação de recursos de agências de fomento como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e agências estaduais que custeiam o desenvolvimento de projetos de pesquisa, tanto de professores quanto de alunos. Tourinho explica que, até 2015, o orçamento das universidades federais recebia reajustes anuais, que consideravam a expansão das matrículas e das atividades de ensino e pesquisa. "Com isso, havia certa previsibilidade para planejar o desenvolvimento das instituições. Mas a partir de 2015 houve corte nos recursos de investimento e congelamento do orçamento de custeio por parte do MEC", informa.

Segundo ele, a medida gerou uma perda, considerada a inflação, de aproximadamente 20% no orçamento de custeio destinado às federais e de aproximadamente 70% nos recursos de investimento, ao mesmo tempo em que o número de alunos matriculados no ensino superior seguiu crescendo, como resultado de um processo de expansão das universidades federais. 

Difícil acreditar que Bolsonaro e seu insípido ministro da Educação Abraham Weintraub, conseguirão resolver os problemas da educação no país, até por que, não conseguem raciocinar nada sem antes pensar em ideologia e fatos oriundos de campanha eleitoral nitidamente fake news. Culpar o governo do PT, depois de dois anos e nove meses do fim da gestão é ridículo. Até por que Temer e o ministro da Fazenda Henrique Meirelles nunca veio à público culpar a gestão anterior no que tange a educação, nem tampouco cortaram recursos do MEC. 

Fontes: Pesquisa Fapesp – Artigo da Jornalista Christina Queiroz 

*RAFAEL MOIA FILHO













- Administrador de Empresas;
-Especialista em Recursos Humanos;
-Escritor das seguintes obras:
 - "O tempo na Varanda"–  2012;
 - "O Humor no Trabalho"– Histórias engraçadas - 2013; e
 - "De Sarney a Temer – Nossa incipiente democracia"- 2018; 

- Radialista:
 - Colunista da Rádio Auriverde – AM 760 Bauru;
 - Comentarista do Programa Ligado na Cidade – Rádio FM 97,5 - Jovem Pan News Bauru e
  -Apresentador do Programa Bauru Fala – TVC Bauru; e
- Administrador e escritor do Blog Falando um monte (https://falandoummonte.blogspot.com/)

Nota do Editor:

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quarta-feira, 26 de junho de 2019

A Impossibilidade de Cobrança de Ponto Extra na TV por Assinatura


Autora:  Ana Gonçalves de Souza(*)

É prática comum das operadoras de TV por assinatura de oferecer o serviço por meio dos decodificadores e cobrar uma espécie de "aluguel" pelo uso de aparelhos que excedam a um por assinante. A ANATEL proporcionou ao consumidor a chance de não ter de pagar a mais pelos vários pontos de recebimento do serviço na mesma residência - os chamados pontos extras ou adicionais.

Na verdade, a   cobrança de ponto extra ou adicional já era proibida, tanto pelo CDC quanto pela ANATEL, pois trata-se de cobrança abusiva e que coloca consumidor em desvantagem, pois o onera duplamente (ou quantas vezes forem os tais pontos extras), já que nenhum serviço novo está prestado. O sinal da TV é o mesmo e é transmitido para a residência do titular, que paga uma mensalidade por esse serviço. O fato do sinal ser repetido para mais de um ponto, na mesma residência, não enseja uma cobrança adicional, já que nenhum serviço novo esta sendo prestado ao consumidor.

Então, visando burlar essa proibição e onerar o consumidor, as empresas inventaram um "aluguel" pelos decodificadores cedidos aos usuários.

O Regulamento do SeAC (Serviço de Acesso Condicionado) determina que as operadoras ativem e emitam o sinal da programação para qualquer aparelho decodificador da casa, desde que esse seja homologado pela Anatel, de forma que o consumidor possa adquirir um equipamento e deixe de pagar o aluguel à operadora.

Anatel publicou o Regulamento de Proteção e Defesa dos Direitos dos Assinantes dos Serviços de TV por Assinatura (Resolução nº 488/2007) e a Resolução nº 5282009, que alterou a primeira.

Nesta última, proibiu expressamente a cobrança pelo ponto adicional, estabelecendo que só era permitido cobrar por serviços de instalação e reparo da rede interna do assinante, ou seja, por eventos específicos, e não periodicamente.

* ANA LUIZA GONÇALVES DE SOUZA


-Advogada especializada em Direito de Família e Direito do Consumidor e
-Sócia fundadora do escritório Gonçalves Advocacia e Consultoria; 
OAB/MG 113.742




Nota do Editor:

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terça-feira, 25 de junho de 2019

Startups: Inovação e Empreendedorismo


Autor: Alexandre Caputo(*)



Ao longo da história, a evolução tecnológica e as revoluções sociais e econômicas sempre fizeram parte do dia a dia da humanidade. Nesse sentido, as novas descobertas tecnológicas de cada século reconfiguraram o mundo em seu período, criando e extinguindo civilizações e alterando completamente as relações humanas. 

O que mudou então neste século? A velocidade vertiginosa com que tudo está acontecendo e mudando a história escrita pela humanidade.

Essa velocidade está diretamente relacionada à busca de novas tecnologias através da inovação. A inovação, por sua vez, está intimamente ligada ao empreendedorismo e ambos têm se consolidado no Brasil como um importante fator de crescimento econômico e social através da geração de renda, empregos e novas tecnologias.

Uma das formas de empreender que mais cresce em escala global é inovar atuando na criação e transformação de um setor, indústria, processo ou segmento. Também ocorre através da promoção do desenvolvimento de novos ciclos de ideias com os quais há a ruptura dos modelos de negócios tradicionais, contínuos e estáveis. O empreendedor possui um papel relevante na economia ao investir na busca de alternativas de negócios através da introdução de um novo produto, um novo método de produção, um novo serviço ou um novo modelo de redução de custos de forma a criar novas relações com o mercado. 

Dessa forma, empreendedorismo pode ser conceituado como ações que modificam a situação atual, criando novas oportunidades de negócio e geração de valor. O resultado é o surgimento de novos produtos, serviços, processos ou negócios. 

O desenvolvimento econômico de um país está diretamente relacionado com a sua capacidade de fomentar a iniciativa empresarial. O empreendedorismo exerce protagonismo na transformação da economia pois as pequenas e médias empresas absorvem grande parte da geração de renda e empregos.

Nesse sentido, ganha ainda mais importância a criação de mecanismos para incentivar a pesquisa em inovação e tecnologia através do fomento à criação de novos negócios.

Dentro dessa análise, o espírito empreendedor vem se concretizando ao longo dos últimos anos a partir da popularização da internet, o que possibilitou o crescimento exponencial no número de Startups. 

Mas o que é uma Startup? O conceito de Startup é abrangente sem existir uma definição exata.

A primeira definição a ser comentada advém da Lei complementar 167, de 24 de abril de 2019, a qual dispõe sobre a Empresa Simples de Crédito (ESC) e entre outras alterações, também incluir artigos na lei do Simples Nacional e institui o Inova Simples.

Além disso, houve a primeira definição de Startup na legislação brasileira em seu artigo 65-A, Lei complementar 167[1]:
"Art. 65-A. É criado o Inova Simples, regime especial simplificado que concede às iniciativas empresariais de caráter incremental ou disruptivo que se autodeclarem como startups ou empresas de inovação tratamento diferenciado com vistas a estimular sua criação, formalização, desenvolvimento e consolidação como agentes indutores de avanços tecnológicos e da geração de emprego e renda.
§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se startup a empresa de caráter inovador que visa a aperfeiçoar sistemas, métodos ou modelos de negócio, de produção, de serviços ou de produtos, os quais, quando já existentes, caracterizam startups de natureza incremental, ou, quando relacionados à criação de algo totalmente novo, caracterizam startups de natureza disruptiva.
§ 2º As startups caracterizam-se por desenvolver suas inovações em condições de incerteza que requerem experimentos e validações constantes, inclusive mediante comercialização experimental provisória, antes de procederem à comercialização plena e à obtenção de receita."
A definição trazida pela referida Lei complementar traz alguns conceitos: Inovação, incerteza, experimentos, validação e experimentação.

A Associação Brasileira de Startups (2017)[2], por sua vez, define Startups através do artigo 5º de seu Estatuto como:
"Startups são empresas em fase inicial que desenvolvem produtos ou serviços inovadores, com potencial de rápido crescimento"
RIES (2011, p. 26)[3] por sua vez, conceitua Startups como:
Uma instituição humana designada a entregar um novo produto ou serviço sobre condições de extrema incerteza.
O conceito de Ries é interessante pelo fato de não usar a expressão empresa ou nome semelhante e tampouco exigir a utilização de tecnologia. Inicialmente isso parece não ser relevante, mas na verdade traz o entendimento de que nem sempre uma Startup é formalizada e se torna uma empresa. Muitas vezes a ideia não sai do papel e um CNPJ nunca é criado. 

Interessante trazer também o conceito da STARTSE (2018)[4], empresa que fomenta a inovação e tecnologia através de educação, mentoria e portal de notícias:

Startup é o período inicial, intenso e temporário de um novo empreendimento que - provavelmente utilizando tecnologia no produto final ou em algum processo relevante - está buscando validar um modelo de negócios inovador, repetível e escalável, sob condições de extrema incerteza. 
Na prática, qualquer empresa ou empreendimento que atue com inovação em busca de validar um modelo de negócios com possibilidade de rápido crescimento pode ser chamada de Startup. Porém, o grande diferencial dessas empresas/projetos também é apresentar algumas características comuns, tais como, inovação, empreendedorismo, validação de um modelo de negócios, potencial de crescimento, ambiente de incertezas e risco. 

Por fim, é interessante concluir que em geral, nas fases iniciais, as startups iniciam suas atividades na informalidade até efetivamente serem constituídas formalmente como empresas. O Brasil tem apresentado um crescimento impressionante no número de novas startups que, de acordo com a Abstartup, passaram de duas mil e novecentas em 2014 para mais de doze mil em 2019. Essas empresas atuam em diversas áreas, tais como varejo, saúde, marketing, tecnologia, etc.

REFERÊNCIAS

[1] BRASIL. Lei complementar 167 de 24 de abril de 2019;
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE STARTUPS. O que é uma Startup? 2017. Disponível em: <https://abstartups.com.br/o-que-e-uma-startup/>. Acesso em 07 maio 2019;
[3] RIES, Eric. A Startup Enxuta. Leya Editora, São Paulo, 2011, p. 26;
[4]COMUNIDADE STARTSE. O que é uma Startup? 2018. Disponível em: <https://comunidade.startse.com/about?_ga=2.99101214.1080897575.1557266230-1979787119.1557266230>. Acesso em 07 maio 2019. 

*ALEXANDRE CAPUTO


- Advogado;
-Sócio do escritório Caputo Assessoria Jurídica com sede em Porto Alegre-RS;
-Pós-graduado em Contratos, Direito Imobiliário e Responsabilidade Civil pela PUCRS e em Direito Público;
- Atua na área empresarial com ênfase em Startups e empresas de base tecnológica;
 -Palestrante em direito, tecnologia e inovação, também participa de programas de mentoria para Startups(ajuda empreendedores a aperfeiçoar seus modelos de negócios e desenvolver suas habilidades através de Modelo Canvas e metodologias ágeis)




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segunda-feira, 24 de junho de 2019

Retratos Interioranos



Autor: Elismar Santos(*)

Numa cidadezinha triste, à beira da lagoa, o homenzinho, assentado numa minúscula pedra, olhava os peixes e os mergulhões. Uma avezinha vinha célere, dava um mergulho, pegava um peixinho e retomava a sua rota; ia para a ilhota à frente e desaparecia por entre as arvorezinhas, que pareciam menores diante da quase cegueira do homenzinho.

Outros homenzinhos caminhavam à beira da lagoa. Alguns corriam, outros ouviam música. Uns menininhos brincavam de bola na areia. Era uma bolinha de meia, que corria de um lado para outro, com os menininhos gritando, pulando, jogando areia para cima, numa alegria inexpressiva, quase forçada, meio a contragosto.

O homenzinho, assentado sobre a minúscula pedra, olhava toda aquela cena com os olhinhos quase fechados. Fazia frio àquela manhã. Todo mês de junho era assim: um frio matutino acompanhado de um vento seco; à tarde, um sol escaldante; para, à noite, mais frio e sequidão. Por isso, poucas mulheres àquela hora, a não ser algumas mulherezinhas, pequenininhas, que vestiam blusas de lã e se escondiam embaixo de enormes sombrinhas multicoloridas.

Uma ave vinha em alta velocidade, descia repentinamente e voltava para a ilhota, como se tudo aquilo se resumisse a sua vida. Os homenzinhos continuavam caminhando à beira da lagoa, enquanto os menininhos ainda brincavam de bola na areia. Nada de novo, nada de interessante. Tudo aquilo nada mais era que um imenso retrato, que por alguma ilusão de ótica, movia-se lentamente para um lado e para outro.

O homenzinho pensava em toda aquela mesmice e matutava que um dia poderia fazer diferente, se quisesse, se tomasse coragem. Depois, com os ânimos acalmados, resignava-se e preferia ficar onde estava, olhando, pensando, entristecendo-se diante da enfadonha paisagem e os imutáveis transeuntes, que nem mesmo um “bom-dia” lhe davam.

O homenzinho, levantou-se vagarosamente, espreguiçou-se, consertou o corpo desconjuntado e foi andando, até que sumisse por inteiro no final do quadro. Não sabia aonde ir, nem o que fazer, apenas caminhava e pensava, triste, resoluto, que quando o pintor voltasse, com suas tintas e inspirações, talvez compreendesse que nada daquilo estava certo. Nada. 

*ELISMAR SANTOS




-Professor de Língua Portuguesa;Poeta, Escritor e Locutor;
-Mora em São João da Lagoa, Norte de Minas Gerais; e
-Possui quatro livros publicados: Sanharó (Romance), Mutação (Poesia), A Pá Lavra (Poesia e O Poeta e Suas Lavras (Poesia). 
Seus textos podem ser lidos também em www.elismarsantoss.blogspot.com








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