Autora: Ana Paula Stucchi(*)
Depois de 2019, um ano de muitas emoções, disparidades, discórdias, e muita esperança para o ano seguinte, com uma expectativa de crescimento econômico, de vida nos trilhos... daí o que acontece? Pandemia mundial de covid-19...
Um amigo querido então numa conversa sobre conjuntura disse: precisamos vencer dois vírus: o covid-19 e o da crise econômica.
Ficou a discórdia entre a saúde das pessoas e o bem estar ameaçado pelo desemprego/redução da atividade econômica forçosamente reduzida pelo isolamento social.
Várias teorias tentadas, a prática ameaçada por mortes e casos graves forçaram os governos no mundo todo a cercearem a liberdade das pessoas numa quarentena forçada que dura em média 90 dias. Sim, no Brasil, em São Paulo desde 16 de março. Estamos em junho, sem muita previsão de normalidade. A flexibilização não é certeza de retomada total, porque com aglomeração aumenta transmissão do vírus.
Mas... e o isolamento traz prejuízos? Sim, porque para cada emprego perdido demora em média 1,5 anos para recolocação, segundo Dieese. Hoje a pessoa perdeu emprego, só daqui a um ano pelo menos é que vai ter renda novamente. Complicado pelo ponto de vista econômico. Porém, se esse empregado trabalhando adoecer e morrer? Sim, concordo, é difícil para os governantes atuais deliberarem sobre o assunto. Ainda segundo o Dieese, demora 10 anos para se recuperar as vagas perdidas quando uma empresa fecha. 10 anos! Ou seja, na crise de 2013, só em 2023 seriam recuperadas as vagas... mas e as perdidas em 2020? Já se vai mais uma década perdida... a produção industrial recuou 18,8% no comparativo mensal com ajuste sazonal em abril em relação a 2019.
Mesmo leigo, olhe esse gráfico e veja o que o vírus covid-19 entre outros fatores fez na nossa economia:
A linha laranja mostra o crescimento do PIB antes do covid-19. A linha azul é a "quebra" que deu na economia. Analistas apostam em redução em 2020 de -4,5%, contra uma previsão do final de 2019 de 0,8 a 1,0% de crescimento. Com isso a inflação se retrai, não há consumo forte e o desemprego de 12% vai a 14%.
Por isso que o Governo Federal soltou as ajudas emergenciais que vão piorar o déficit primário, porém, é uma medida que a médio prazo mantém a economia menos aquecida, mas ainda aquecida.
No meu artigo anterior estava bem otimista com o ano de 2020. Porém, depois de quase seis meses percebo que está complicado matar tanto o vírus covid-19 quanto o vírus da crise econômica. Mas sabemos todos que o brasileiro é resiliente e mesmo que alguns setores tiveram quedas assustadoras, como indústria de base por exemplo, outros vão bem obrigado. Consumo, higiene e limpeza até cresceram atendendo demandas exigidas pelas medidas sanitárias. Ah, e indústria farmacêutica... com a crise, uns choram... outros vendem antidepressivos, ansiolíticos...
Agora, quem pode ficar de home office (outra medida emergencial que era possibilidade que geraria tendência que agora veio para ficar, muitas empresas perceberam o ganho que todos têm ao não se deslocar, gastar com uma série de fatores) fique e quem precisa se deslocar se desloque com cuidado evitando aglomerações.
Usando palavras de Delfim Netto: 2021 vai chegar! Pelo menos no calendário ele já está!
E claro, somos brasileiros, não desistimos nunca. o Brasil é grande, é maior que os dois vírus.
-Economista de formação;
-MBA em Gestão de Finanças Públicas pela FDC - Fundação Dom Cabral;
-Atualmente na área pública
Twitter:@stucchiana
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