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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Economia em Tempos Difíceis


Autor: João Luiz  Corbett(*)


Nos tempos de pandemia há que se seguir as recomendações de preservação da vida e por consequência a paralisação de alguns setores da economia. Porém é claro e evidente que serviços essenciais à própria manutenção da vida não tem como parar. Aqui cito apenas alguns: geração e distribuição de energia elétrica, água, telefonia, todas as mídias, serviços públicos ligados direta ou indiretamente à saúde, segurança, transito, administração pública, os serviços de alimentação e saúde, seus fornecedores, distribuidores e transportadores. 

A tecnologia da comunicação tornou-se a ferramenta básica para manutenção e expansão dos negócios. Reunião virtual não é mais um bicho de sete cabeças nem para as famílias que não podem mais se reunir. Se para as empresas que tiveram como alternativa a adoção do Home Office, para o comércio foi o meio de expandir os negócios e criar novas estruturas de distribuição. 

O Home Office deixará de ser temporário para se tornar uma solução para algumas empresas. Esta mudança além de permitir a continuidade dos trabalhos, trouxe uma redução de custos em alguns escritórios de profissionais liberais, contabilidade, vendas e empresas de telecomunicações entre outras. Por outro lado, a continuidade desta atividade irá depender de acordos devido à mensuração da jornada de trabalho.

No comércio a paralisação provocou um movimento de ambos os lados do sistema, consumidores e vendedores se voltaram para comércio online, transformando o que antes era utilizado por poucos em necessidade generalizada. Nesse sentido entraram lojas de vestuário, eletro eletrônicos, material de construção, farmácias, restaurantes, bares, lanchonetes e supermercados, devidamente suportados pelos serviços de entrega.

A criatividade sem dúvida é uma forma de superar e vencer as crises, e nisso o brasileiro é imbatível. Com certeza os fornecedores, o sistema de vendas e entregas, assim como os consumidores não serão os mesmos após o período que estamos passando.

Posso aqui dar um exemplo simples, porém bastante significativo do que tenho vivenciado no bairro em que moro. As pequenas mercearias, açougues e hortifrúti instituíram um sistema de entrega rápido, eficiente e com preços altamente competitivos com os grandes supermercados. Qualquer demanda é atendida no dia e pasmem, alguns criaram uma rede de informação pelo WhatsApp com a lista de produtos que chegam diariamente.

Se há algo que também não se pode parar é a safra agrícola. Seja qual for o motivo ou necessidade de paralisação nas cidades, sempre haverá plantio, colheita, trato cultural, armazenagem, transporte, distribuição e abastecimento. O funcionamento de supermercados, padarias, mercearias, hortifrúti e farmácias depende do que for colhido, industrializado e distribuído. A indústria alimentícia e farmacêutica tem um universo de fornecedores que mantiveram e continuam a manter o funcionamento constante do sistema.

As exportações retomaram o ritmo de crescimento em abril e maio/20, e em junho a balança comercial apresentou superávit de US$7,6 bilhões, com acumulado de US$22,3 bilhões no período. Com toda dificuldade de produção o saldo é 13% menor que em 2019, quando as expectativas eram bem maiores. A retomada da economia sem dúvida será lenta e gradativa, pois dependemos de investidores e importadores que estão sofrendo igual ou pior que nós.

Infelizmente temos o lado difícil que é o desemprego de muitos e o encerramento de atividade de profissionais liberais e empresas que não tem como sobreviver sem o trabalho diário. E aqui não cabe dizer que todos devemos estar preparados para tempos difíceis, pois não há como se preparar ou prever o que estamos vivendo.

O que é fundamental para todos é tomar como princípio que agora mais do que nunca devemos fortalecer os produtores regionais e nacionais. Este movimento será, sem dúvida, o que farão todos os países como forma de reerguer a economia.

Que ninguém se assuste com a vertiginosa queda do PIB e a dificuldade na retomada do emprego e renda. Todos os países estarão voltados para seus problemas, buscando soluções internas para fortalecimento de suas economias, importando produtos primários e industrializando internamente. Ruim para nós que continuaremos sem conseguir vencer a barreira de investir na indústria de transformação.

*João Luiz Corbett
-Economista com carreira construída em empresas dos segmentos de açúcar, álcool, biocombustíveis, frigorífico, exportação, energia elétrica e serviços, com plantas em diversas regiões do país;
-Atuação em planejamento estratégico empresarial, reorganização de empresas, aprimoramento de competências, elaboração de planos de negócios com definição de estratégias, estrutura societária e empresarial, com desenvolvimento e recuperação de negócios.
Atuação em empresas de grande e médio porte nas áreas de planejamento estratégico, orçamento, planejamento e gestão financeira, tesouraria, controladoria, fiscal e tributária. 


Nota do Editor:
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