Autora: Ivete Gea Messias(*)
Existem vários tipos de campanhas. Algumas são muito faladas durante o ano todo, outras nem tanto. Isto porque alguns temas abordados ainda são considerados tabus para a sociedade.
A Campanha Nacional Setembro Amarelo, tem como objetivo alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, e como prevenir que isso não aconteça na sua casa, na sua roda de amigos ou com você.
A iniciativa faz parte dos projetos do Conselho Federal de Medicina, do Conselho Brasileiro de Psiquiatria e do Centro de Valorização da Vida (CVV).
A cor da campanha Setembro amarelo é uma referência à história de um jovem americano chamado Mike Emme, no ano de 1994. O menino de 17 anos era muito conhecido em sua comunidade pelo apelido de "Mike das Mustangs", pelo seu amor por esse tipo de carro.
Mike era um adolescente alegre e tinha habilidades mecânicas, seu legado começou quando o garoto resgatou um Ford Mustang 1968 e dedicou muito à reforma do carro, reconstruiu e pintou de amarelo. Porém, ele sofria de um mal que estava escondido dentro dele e o mesmo não encontrou palavras para pedir ajuda. Ele acabou tirando a própria vida em um ato desesperado.
Famílias e amigos, impactados com o ocorrido, distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem enfrentando o mesmo desespero do jovem e continuaram distribuindo palavras de ajuda pela comunidade em que viviam. Escreviam pequenos bilhetes com a mensagem: "Este cartão carrega a mensagem de que existem pessoas que se importam e podem ajudar! Se você está precisando e não sabe como pedir ajuda, entregue esse cartão para um terapeuta, médico, professor, amigo ou parente e diga: “EU PRECISO DE AJUDA." Os bilhetes foram enviados e em apenas três semanas os pedidos de ajuda começaram a vir. Desde então, a fita amarela é reconhecida por criar consciência sobre a prevenção do suicídio.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. Calcula-se que, aproximadamente, um milhão de casos de mortes por suicídio são registrados por ano em todo o mundo. Os dados são preocupantes e servem para chamar a atenção da sociedade.
A primeira medida preventiva é a educação.
A grande maioria dos óbitos por suicídio em todo o mundo está relacionada à doença mental tratada de forma inadequada, ou não tratada, em 96,8% dos casos. Transtornos de humor como depressão e transtorno bipolar, transtornos por uso de substâncias como álcool e outras drogas, e esquizofrenia são os três mais associados à tentativa de suicídio.
Quando um indivíduo começa a se isolar, perder o interesse nas atividades anteriormente prazerosas, alterar hábitos de sono e de apetite, isso pode indicar o início de um quadro psiquiátrico. Essas manifestações, somadas a comentários como "o mundo estaria melhor sem mim", "eu não aguento mais" ou ainda "a vida não vale a pena", além destes, existem outros fatores como desesperança e desamparo, busca por sentido existencial/razão de viver, falta de habilidade de resolução de problemas, isolamento social, ausência de amigos íntimos, todos esses fatores devem ser interpretadas como um pedido de ajuda.
Lembrando que isolamento social é diferente de distanciamento social. Apesar das restrições devido a COVID-19, podemos e devemos manter contato social, preferencialmente por meios virtuais, as conversas com os vizinhos (pelo muro) e outras alternativas também são válidas.
Portanto a Campanha Setembro Amarelo tem o foco na prevenção do suicídio, e logicamente que também é em relação às famílias aprenderem um pouco mais sobre o tema e conhecerem sobre os sinais de riscos na adolescência, que é um momento em que muitos conflitos e transtornos vem à tona, Por isso é um dos nossos papéis trabalhar para que a família perceba que um gesto suicida ou uma atitude de autoflagelo ou de automutilação nunca começou naquele momento, é sempre uma história que tem um antecedente bem lá atrás.
*IVETE GEA MESSIAS
-Graduada em psicologia pela Universidade Nove de Julho;
-Pós-graduada com Especialização em Dependência Química, pela Faculdade de Medicina de São Paulo – FMUSP;
Atendimento individual e em grupo, participando de reuniões da equipe multidisciplinar, estudo de casos dos pacientes Dependentes químicos no ambulatório da ECIM do hospital das clinicas (Psiquiatria);
-Palestrante, mediadora do grupo de apoio aos dependentes químicos na Casa Espirita Nosso Lar André Luiz.
Nota do Editor:
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