Numa
sociedade que reprime cada vez mais os sentimentos, falar sobre o que se sente
é algo que pode ser extremamente difícil para algumas pessoas.
Primeiro porque, para falar sobre o que se sente é necessário entrar em contato com o sentimento, estar cara a cara com ele… e isso por si só já não é uma tarefa simples e fácil.
Segundo porque, depois de entrar em contato com isto, precisamos encontrar formas de aceitar nossas emoções e o que sentimos.
É óbvio que é muito mais fácil deixarmos "pra lá" as dificuldades da vida.. ninguém quer lidar com coisas chatas. Somos direcionados a buscar prazer sempre e não é nada prazeroso sentir a angústia bater no peito e ecoar dentro de nós palavras que não queremos ouvir ou que fingimos que não existem.
Mas gente, até que ponto isso é saudável? Ou melhor, será que é saudável ignorar tanto assim o que a gente sente?
E também até quando será eficaz postergar os sentimentos, algo inerente à vida humana?
Eu costumo dizer para os meus pacientes que os sentimentos precisam ser sentidos. Nós precisamos permitir o fluxo natural dos sentimentos. É como se, ao ignora-los, estamos jogando a poeira para debaixo do tapete. Apenas fingimos que ela não existe, mas ela está lá, só se acumulando.
Até que isso um dia se manifesta com uma dimensão muito maior do que era e, muitas vezes, bem mais difícil de lidar.
Mas
Bruna, eu tenho receio de incomodar meus amigos ou de tornar a vida de quem me
escuta mais pesada. Bom, eu tenho uma ótima notícia para você nesse caso!
Profissionais da Psicologia são pessoas treinadas e habilitadas para ouvir tudo
isso que você tem a dizer. Tudo mesmo, sem restrições.
Pode falar de tudo que sente e pensa. Pode falar tudo que deseja falar.
O meu
conselho para você que deseja fazer psicoterapia é: encare o espaço da sessão
como um espaço sem julgamento moral. Não se sinta limitada(o) pelo medo ou pela
vergonha. A psicoterapia é um espaço seguro para que você fale mesmo. É o espaço
de permitir-se sentir.
Na
psicoterapia é o lugar para sair da zona de conforto. Se tem algo importante de
se fazer na terapia, é isso! Saia da sua zona de conforto, explore emoções que
você tanto reprime.
Solte os
bichos. Solte mesmo. Fala tudo! Nós queremos te ouvir.
Uma coisa
que não nos contam é o que há do outro lado da zona de conforto. O que há do
outro lado? Eu ouso dizer que é a liberdade, o alivio, o finalmente poder
respirar tranquilamente. É a
superação do receio de olhar para as nossas questões internas.
Ora, eu
já sai da zona de conforto, passei pela ansiedade, vergonha, pelo medo de
julgamento e agora o que eu tenho? Tenho meu enfrentamento.
E o que
isso faz por nós? Eu digo que sair da zona de conforto, sair da zona de segurança
cria um espaço mais estruturado internamente e digo mais, cria mais segurança
para sair mais vezes da zona de conforto.
Ao sair
da zona de conforto, estamos encarando a possível consequência que nós tínhamos
plena convicção de que aconteceria, mas nós tornamos as coisas mais em
catástrofe do que elas realmente são.
O que eu
crio é meu e não é do outro para ser julgado. É só meu.
Entendo
que chegar nesse ponto não é nada fácil, mas é essencial para o nosso
desenvolvimento pessoal e interpessoal.
E você, o
que está esperando para falar o que sente e sair a sua zona de conforto?
(*) BRUNA SILVA DE ARAÚJO
-Psicóloga graduada pela Universidade Anhembi Morumbi (2017);
Melhor procurar um profissional que tem embasamento para lhe ajudar do que guardar para si ou despejar nas pessoas que nem sempre tem a "receita" certa para resolver seu problema.
ResponderExcluirMelhor procurar um profissional que tem embasamento para lhe ajudar do que guardar para si ou despejar nas pessoas que nem sempre tem a "receita" certa para resolver seu problema.
ResponderExcluirOla Bruna, adorei o texto. Fico pensando que sair da zona de conforto é expandir nossos horizontes, ver mais distante e alcançar outros patamares.
ResponderExcluirParabéns e obrigado pelo texto.
Parabéns pelo texto, Bruna.
ResponderExcluirEncorajador e muito necessário.
Muito bom!