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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Um Homem Rico


Autor:  Luciano Almeida de Oliveira(*)


Vovô o senhor é rico?

Sim meu querido neto, eu sou um homem rico.

A confirmação do avô deixou a pequena criança com um sorriso luminoso no rosto. As crianças gostam de saber que os seus pais e avós são ricos.

Já o avô sorria apenas com os olhos. Ele olhou para cima e vislumbrou aquele céu azul, que só existe no Centro-Oeste do Brasil. Ele respirou fundo e expirou com o vento em seus cabelos brancos. Depois ele abaixou a cabeça, apoiou o queixo sobre a mão e relembrou a sua vida em um relance e de como se tornou um homem rico.

***

Mariazinha quer casar com você Francisco. É a sua sorte grande. O Seu Zé Branco é um homem muito rico e se você desposar com ela nunca vai ter problema de dinheiro.

Francisco, naquela altura um jovem de 20 anos, não colocou muita fé na conversa da sua tia, Dona Henriqueta.

O Seu Zé Branco não gosta de ninguém. Ele é ruim para os empregados. Na fazenda dele ninguém pode pegar um ovo de galinha. Ele nunca matou um capado para comemorar o aniversário. Ele não gosta de mim, não gosta de ninguém, nunca vai me dar a benção para casar com a filha dele.

Francisco era filho único e órfão de pai e mãe. Como Deus não permite que tudo de ruim aconteça com uma única pessoa, ele nasceu lindo. Era um neném de uma beleza escultural, uma criança com aparência angelical e agora que estava com 20 anos era um homem de uma beleza hipnotizadora.

Sua tia, Dona Henriqueta, o criara desde pequeno, depois dos pais terem morrido de pneumonia. Solteirona e pobre, ela via no casamento do sobrinho uma chance de resolver os problemas da família.

Como toda mulher com uma ideia fixa, Dona Henriqueta não se intimidava com a realidade narrada pelo sobrinho. Ela conhecia a sua natureza. A natureza feminina.

Menino, Mariazinha se apaixonou por você desde o momento em que ela te viu. Uma mulher apaixonada é capaz de mover o mundo. Se depender dela vocês já estão casados. Se depender de mim você já está rico.

***

Francisco era um rapaz estudioso. Ele lia todos os livros que chegavam às suas mãos. Tivesse ele nascido em uma cidade mais progressista ele estaria em uma faculdade e se tornaria doutor.

Aquela cidade, infelizmente, era um túmulo do progresso. Em 50 anos não se tinha construído uma única casa nova. As pessoas grandes da cidade eram mesquinhas. Desconfiadas. Desumanas. Como o Zé Branco era.

Homem mais rico da região, não ajudava ninguém. Nunca quis o progresso do município.

“Como vou me sentir rico se as outras pessoas não forem pobres?”

Era assim que Zé Branco pensava. E ele não era homem de agir em desacordo com o seu pensamento.

Por algumas vezes a gente de fora tentou montar um comércio naquela cidade. Pois bem, ninguém comprava deles, uma cortesia de Zé Branco contra o progresso.

Gente de fora não vai ganhar a vida aqui não. Eles querem o dinheiro da gente.

Meu Deus, quanta ignorância. A população carente de empregos não percebia e caía na cantinela de Zé Branco.

Menos comércios abertos, menos empregos, menos progresso. Era assim que aquele coisa ruim de olhos bem azuis gostava.

***

Mariazinha vem aqui hoje.

Dona Henriqueta contou a novidade com imensa alegria ao sobrinho.

Tia, eu não tenho nem roupa para vestir.

A Tia riu por dentro e foi para a cozinha assar uns biscoitos. As velhas pensam muitas bobagens, permita-me dizer.

As coisas mais importantes na vida acontecem sem roupa.

Que isso Tia?

Eu estou falando do nascimento, menino. Do nascimento!

As risadas quebraram um pouco o clima daquela casa pobre. Sem rádio, sem TV, poucos móveis e chão de cimento queimado. Uma viola antiga, que Francisco aprendeu a tocar de ouvido alegrava as noites que do contrário seriam tristes.

Mariazinha bateu palmas na porta da casa. A casa não tinha muros. A porta dava direto para rua.

Ô de casa!

A voz daquela moça era um doce. Tudo naquela jovem era digno de admiração. Beleza e bondade infinitas. Ela não se cansava de ajudar os empregados da fazenda escondido do pai. Ela não tinha mãe, que dizem, morreu de desgosto de ver as maldades do marido.

Ô de casa!

Dona Henriqueta abriu a porta e o sorriso.

Entra minha flor. Esse sol está de matar. Assei uns biscoitos e coei um café para você.

A mesa simples estava preparada com todo o esmero. Xícaras esmaltadas vermelhas contrastavam com um pano de mesa xadrez, com listras azuis e verdes. Um arranjo de flores no centro da mesinha mostrava que Dona Henriqueta tinha bom gosto e era refinada. Aliás, nada mais triste que a pobreza acompanhada do bom gosto.

Apesar dos esforços de Dona Henriqueta para impressionar a visita, Mariazinha só tinha olhos para Francisco. Ele era educado, modesto, correto e falava pouco, o que o tornava misterioso e ainda mais atraente para a jovem.

Você vai comer só isso Francisco?

Mariazinha queria mostrar que se preocupava com o jovem homem. As mulheres são assim. Ele percebeu, mas não queria saber de problemas com o homem mais detestado da cidade.

Francisco, faz companhia para Mariazinha enquanto eu tiro a mesa e lavo a louça na cozinha.

Mariazinha abriu um sorriso de aprovação. Eles ficaram sozinhos naquela sala simples e pouco iluminada pelos raios de sol que passavam pela janela pouco aberta.

Duas poltronas velhas, uma sofá de três lugares, uma cômoda, com uma arma que não pareceu desconhecida para aquela jovem.

Que arma é essa?

É uma pistola alemã. Uma Luger.

Uai Francisco, eu acho que já ouvi esse nome antes. “Luger”.

Logo os jovens estavam caminhando pela rua. A visita terminou e a tia pediu que Francisco acompanhasse a jovem. Eles foram sem conversar pelo caminho. Ele tinha o cérebro de um intelectual. Lia muito e falava pouco. No início nada parece afetar as mulheres. Elas sabem que podem mudar o homem depois do casamento. Pensando bem, porque mudar alguém? Coisa das mulheres.

***

A cidade inteira já sabia que Mariazinha e Francisco se encontraram, apesar do jovem ter tomado a precaução de não acompanhar a jovem até a porta da casa dela. Ele a deixou na esquina, mas no interior é assim. As pessoas reparam nas outras e falam sobre as outras, uma maneira prática de não enxergar a própria pequenez.

O que é que você tem na cabeça? Ficar andando com esse pobretão metido a besta. 
Zé Branco já tinha ouvido falar da fama de devorador de livros que o jovem tinha e, para ele, ser rico era muito mais importante que cultura e leitura.

Papai o senhor está enganado. Francisco é inteligente, é educado, respeitador e será bem sucedido em toda a empresa a que se dedicar.

Eu não aceito você andar com aquele pobre. Os poucos centavos que tem ainda desperdiça com livros? Que compre bois e fique rico. Pobretão nenhum vai casar com a minha filha.

A filha não gostou de ouvir o pai falar desse jeito do jovem homem que ela gostava. De repente ela se lembrou de uma palavra que já havia ouvido naquela casa. As mulheres gostam de defender aqueles que elas amam e gostam de defender atacando.

Ele não é assim tão pobre não. Ele até tem uma Luger!

Zé Branco parou de respirar por alguns segundos.

Ele tem uma Luger? Como ele conseguiu uma? Como ele conseguiu comprar uma? Como é a aparência dessa arma?

O velho rico de olhos azuis fez dezenas de perguntas que a filha não conseguia responder. Ela

Pergunte para o Francisco. Vai ser bom vocês conversarem um pouco.

***

O encontro não aconteceu de imediato, como queria Mariazinha. Zé Branco era turrão. Cabeça dura e preconceituoso, mas também era desconfiado e curioso.

Como é que ele tem uma Luger?

Como ela seria? Teria alguma inscrição? Estaria bem conservada?

De repente o velho começou a criar uma fixação pela Luger. Ele não era homem de deixar uma ideia parada. Era um homem de ação. Ele sempre atingia os seus objetivos. Ele tinha a si mesmo em alta conta.

Não era isso que pensava Francisco.

Esse velho é um imbecil.

Não diga isso meu filho. Você vai se casar com Mariazinha. Ele vai ser seu sogro. Não fale assim desse homem que o povo dessa cidade é fofoqueiro.

A simples menção de que o casamento não se concretizasse já deixava Dona Henriqueta com taquicardia.

Esses jovens de hoje. Meu Deus. Eles não entendem nada. Não sabem como a vida é dura e como o casamento é uma forma de ascensão social.

Henriqueta repetia o seu mantra caminhando pela casa. Francisco fingia não ouvir. Ele era um homem, mas ainda era um jovem e essa sua porção rebelde não via com bons olhos a arrogância folheada de prata de Zé Branco.

Mariazinha é filha única. Toda a fortuna do homem vai cair em suas mãos. Não seja bobo. A gente precisa agir com política meu filho.

Henriqueta sempre utilizava a expressão “meu filho” antes de uma súplica:

Meu filho, o nosso destino está em suas mãos. Eu sou sua tia. Não sou rica e não sou influente, mas tenho você. Um homem inteligente e solteiro tem valor de ouro para uma jovem mulher. Só você pode nos dar a vida que nós merecemos. Você não quer ser considerado pelas outras pessoas? Você não quer ficar rico?

***

Duas mulheres trabalhando pelo mesmo ideal são mais produtivas que cem homens. Dona Henriqueta colocava na cabeça de Francisco os benefícios de uma vida regada a dinheiro. Mariazinha destacava as qualidades do seu pretendido para o pai.

Não foi uma tarefa fácil para as duas, e se essa tarefa fosse confiada a dois homens eles certamente teriam desistido nas primeiras semanas. Água mole em pedra dura...

Chega! Não quero mais ouvir uma palavra essa tarde. No domingo você pode trazer aquele traste para essa casa, mas não espere que eu o trate como você deseja. Não sou homem que bajula marmanjo barbado.

Mariazinha ficou eufórica e agora tudo dependia de Dona Henriqueta.

Eu não quero ir na casa daquele sujeito. Não gosto dele. Ele é um ignorante. Não dou valor a quem é inculto.

Meu filho, pelo amor de Deus. É por mim. É por Mariazinha. É por você!

Água mole em pedra dura...

***

Nunca houve um silencio mais ensurdecedor naquela casa, do que naquele domingo.

Zé Branco fumava um cachimbo e olhava atentamente a fumaça que subia até o teto, uma forma de não olhar para o convidado.

Francisco estava sentado ao lado de Mariazinha, a uma distância segura, é claro, como sempre se fazia por aquelas bandas.

Mariazinha queria que aqueles homens se conhecessem melhor. Afinal de contas, eles seriam parentes. E eles tinham tudo para se entenderem bem. Sogro e genro. Pai e avô. Sócios nas fazendas.

Francisco tinha na mente os ensinamentos das últimas semanas que recebera da sua tia.

Na vida a gente tem que ceder. Engolir alguns sapos. Ter paciência. O comerciante tem sempre paciência. Já viu aqueles vendedores de tecido? Eles tem toda a paciência do mundo. Descem aqueles metros de tecido sem nunca reclamar. Mesmo que a cliente não compre nada, eles nunca demonstram insatisfação.

A paciência é parceira do lucro. Essa foi a conclusão de Francisco, que agora voltava a atenção para o seu futuro sogro, naquele encontro definidor do futuro daquelas três pessoas, quatro, mas não contei a tia porque ela não estava presente naquele encontro.

Mariazinha, vai preparar um café pra gente. Pediu em tom de comando o seu Zé Branco. A moça saiu rapidamente para atender o pedido do pai.

Você tem uma pistola Luger? Perguntou o velho depois de soltar uma baforada do seu cachimbo.

Sim. Tenho uma Luger P08 Parabellum. 
Francisco falou a frase em latim para demonstrar a sua cultura e impressionar o velho de olhos azuis: Si vis pacem para bellum. Os olhos azuis agora estavam cinzas. Talvez pela fumaça do cachimbo? Talvez...

Nossa casa não tem muros e a porta dá direto para a rua. Não sou homem de fazer inimigos, mas tenho que estar preparado para defender a minha tia e a nossa residência.

Francisco sabia que o velho iria se impressionar com uma demonstração de coragem e determinação. Afinal o povo falava que Zé Branco tinha adquirido várias propriedades expulsando posseiros e passando medo nas pessoas. 
Minha tia ia ficar orgulhosa de mim, pensou.

Você tem interesse de vender? 
Zé Branco perguntou isso sem demonstrar muito interesse. Francisco respondeu sem calcular as suas palavras e por onde caminhava.

Como eu já disse é para proteger lá em casa. Não tenho interesse em vender ela não.

***

Mas como é que você tem coragem de negar um pedido do Zé Branco?

Dona Henriqueta estava desnorteada. Ao ouvir a recusa de Francisco o tal do Zé Branco deu uma baforada no cachimbo e saiu da sala sem dar explicações. Mariazinha desesperou. Aquele primeiro encontro não foi bom.

Meu Deus! Meu Deus! Gente importante não gosta de ouvir recusas. Você lê tanto e não sabe as coisas mais importantes?

Francisco tentava explicar que nada fez para desagradar o velho.

Estávamos conversando normalmente. De repente ele levantou da sala e foi para o quarto. Eu não o desrespeitei. Eu não fiz nada.

Como não fez nada? Você disse um não para um homem rico e importante. Perder um casamento por conta de um revolver velho. O seu tio um dia chegou com essa porcaria aqui em casa. Não sei se ele ganhou ou comprou. Não me importa o valor que isso tem. Venda logo. Aliás, dê essa joça de presente para o seu Zé Branco.

Francisco viu que a tia estava chorando e que ela não estava fingindo. Era hora de ser um homem e assumir responsabilidades. Sua tia querida precisava de um amparo. Ele também. Sua futura noiva idem. Sei lá, tem horas que a gente tem que carregar a nossa cruz.

Mariazinha falou para o pai que Francisco estaria disposto a vender a Luger, o que deixou o seu Zé Branco mais calmo. Ele não tinha parentes conhecidos. Era viúvo, como eu já disse, e nunca se soube do nome dos seus pais. Ele vivia recluso naquelas bandas. Longe de tudo. Afastado da civilização. Francisco só pensava em ir para São Paulo assim que conseguisse a sua parte na fortuna.

***

O tempo cura tudo e esconde as nossas falhas na areia do tempo. É o que as pessoas dizem. É no que elas precisam acreditar, creio eu.

Francisco saiu de casa com a Luger enrolada em uma toalha de rosto. Ele caminhava confiante para a casa de Mariazinha. Tudo fora calculado pela tia e pela futura esposa. Os dois estariam juntos, sem ninguém para atrapalhar a negociação. Eles seriam amigos. Por que não?

O jovem bateu na porta e o velho de olhos azuis abriu a porta e mandou ele entrar.

Francisco olhou para Zé Branco atentamente. Um velho com a espinha ereta, olhar grave, de poucas palavras. O povo dizia que os olhos azuis ficavam cinza quando ele ficava brabo.

Você trouxe a Luger?

Francisco acenou com a cabeça. Ele entregou a toalha enrolada.

Está aqui.

A expressão facial de Zé Branco mudou. Ele sorriu, como nunca ninguém tinha visto naquelas paragens.

Ela está conservada. Não tem nenhuma ferrugem. Você cuidou dela muito bem.

A aprovação do velho teria feito Dona Henriqueta dar saltos de alegria, se ela estivesse presente no local. O fechamento daquele negócio era o passo inicial para que o casamento estivesse sendo celebrado em poucas semanas.

Zé Branco olhava atentamente a pistola e comentava em voz alta sobre a história daquela arma:

Essa pistola é considerada o maior souvenir da Segunda Guerra Mundial. Ela foi adotada pelo exército alemão em 1908, daí o nome P08.

Francisco era um leitor assíduo, gostava de história e por um momento se sentiu confortável na presença daquele velho senhor de poucos amigos que ia discorrendo sobre a arma.

A Luger foi popular durante a Segunda Guerra Mundial e foi utilizada pela infantaria do Exército Alemão. Inicialmente ela utilizava calibre 7.65x21mm Parabellum, que foi depois modificado para 9x19mm Parabellum, utilizando um novo cartucho desenvolvido, que conjugava precisão, velocidade e poder de parada. Este cartucho 9mm seria, no futuro, padrão para a maioria das pistolas automáticas que viriam a ser fabricadas.

Francisco ficou verdadeiramente impressionado. Até que aquele velho sabia de alguma coisa que não fosse terra e cabeça de boi. Zé Branco ia discorrendo sobre a arma com um amor juvenil.

Meu filho, nós vamos ficar ricos! Nós vamos ficar ricos! Francisco já imagina a tia comemorando.

O velho ia ficando mais falante e mais confiante. Ele empunhava a arma com brilho nos olhos.

Esse velho vai acabar gostando de mim, pensava Francisco com a expectativa dos bens negócios que seriam feitos.

A admiração do jovem foi abruptamente congelada pela pergunta que lhe foi feita em um tom maligno:

Essa arma deve ter matado muitos judeus, né?

Francisco ficou pasmo. Ele nunca havia pensado nisso. Uma arma que representava a eficácia da engenharia alemã provavelmente tivesse sido usada em crimes de guerra.

Fico pensando em quantos judeus essa arma mandou para o inferno. Tudo o que é feito na Alemanha é bem feito, não é?

Francisco olhou para Zé Branco com outros olhos. Ele realmente era um ariano. Branco, alto, forte, olhos azuis - cinza, quando ficava nervoso.

Aquele velho vivia recluso. Ele era descendente de alemão? Era filho de nazistas? Quem era esse homem? Ele não tinha sotaque, mas ele podia muito bem ter treinado o português.

Mil dúvidas pairavam na cabeça de Francisco. Zé Branco gargalhava alto com a arma em punho. Ele balançava a arma e a admirava com todo fervor.

A pior coisa do mundo são esses judeus. Eles colocaram os EUA na guerra contra a Alemanha. A praga não é a saúva. É o judeu!

Com a arma na mão Zé Branco não usava mais véus. Ele falava de maneira franca e direta, como um germânico.

Meu rapaz, quanto você quer pela Luger?

***

Francisco não vendeu a arma para Zé Branco naquele dia, nem em outro qualquer.

Francisco não se casou com Mariazinha.

Francisco não ficou com a fortuna daquele velho de olhos azuis.

Francisco saiu daquela cidade com a sua tia e se mudou para bem longe. Antes de partir ele jogou a Luger no meio de um lago, para ele um símbolo de toda a barbárie nazista.

Francisco nunca conheceu um judeu e nunca entrou em uma sinagoga, mas sabia que não poderia conviver com uma pessoa que admirava a Alemanha de Hitler.

Francisco era uma pessoa boa e acreditava que não era certo perseguir qualquer pessoa pela religião e que uma doutrina baseada no preconceito e na loucura não pode nunca prevalecer em um mundo civilizado.

Francisco não traiu a sua consciência por uma vida de abundância material e descobriu que a maior riqueza de um homem é agir segundo os princípios da humanidade e da solidariedade. E por isso ele se considerava rico.

Vovô o senhor é rico?

Sim meu querido neto, eu sou um homem rico.

*LUCIANO ALMEIDA DE OLIVEIRA

-Advogado graduado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás(1996);
-Atua na área da propriedade intelectual (Marcas, patentes e Direito Autoral);
-Escreve há mais de 15 anos artigos de direito e crônicas para jornais e revistas.

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

Um comentário:

  1. As pessoas Naum aprendem com os erros do passado. Parabéns, coisas boas como esse conto alegrou meu ❣️

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