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sábado, 11 de junho de 2022

Ensino integral e a educação brasileira


 Autora: Mariana Casoni (*)


Nos últimos anos, o governo do Estado de São Paulo vem implementado o Programa de Ensino Integral (PEI) na rede pública de ensino. De acordo com o site do próprio governo estadual, "Desde 2021, o PEI saltou de 1077 escolas e 448 mil estudantes atendidos, em 308 cidades, para 2050 unidades, espalhadas por 464 municípios, com um milhão de vagas ofertadas"[1].

O questionamento que se faz é se de fato esta mudança na jornada de estudos tem beneficiado os alunos. O programa é ofertado em dois formatos, sendo o primeiro das 7h às 14h e das 14h15 às 21h15 e o segundo das 7h às 16h. Assim, como pode-se observar, os alunos passam de 7 a 9 horas dentro da escola, mas será que este tempo é bem aproveitado? Este formato abarca tanto os alunos do ensino inicial (1° ao 5° anos), ensino final (6° ao 9° anos) e ensino médio.

Mas o que o governo não divulga em seus dados é que muitas escolas que apresentam o ensino integral no ensino médio têm visto suas classes esvaziarem-se a cada dia, visto a falta de interesse neste formato por parte dos alunos. Muitos deles, no ensino médio, fazem cursos técnicos ou trabalham no contraturno de suas aulas, inviabilizando passar o dia inteiro na escola. Outros precisam trabalhar e não podem abrir mão de mais uma fonte de renda, já que podem comprometer o orçamento familiar.

Sendo assim, o que se observa é que as poucas escolas que ainda resistem a este sistema imposto pelo governo estadual têm visto suas classes aumentarem proporcionalmente ao esvaziamento das integrais. Muitas salas regulares chegam a contar com 50 alunos matriculados.

No entanto, o governo estadual ainda insiste neste modelo em todas as etapas do ensino, ignorando este aspecto da adesão por parte da comunidade escolar. Já que até o ano de 2023, ele tem a meta de expandir o número de escolas PEIs para 3 mil unidades e até o final deste ano (2022) transformar mais 100 escolas[2].

Outro aspecto importante deste processo é que o aumento do número de horas dentro da escola não garante um bom rendimento escolar e muito menos qualidade de ensino. Sabe-se que o Brasil ainda mostra níveis insatisfatórios quanto ao rendimento escolar, os números internacionais mostram que o país continua muito abaixo do básico esperado. Segundo o MEC(Ministério da Educação) sobre o PISA ( Programa Internacional de Avaliação de Estudantes ) 
"[...] boa parte da pesquisa do Pisa é feita no ensino médio, é um número considerável de jovens que foram avaliados e que mostram um desempenho baixo”, disse o ministro da Educação, Mendonça Filho"[3].

Ainda há muito a ser melhorado na educação brasileira sobretudo no âmbito de retomar a importância dos estudos, e principalmente, de ofertar um ensino de qualidade começando pela formação dos professores que hoje apresenta muitas defasagens. Sabe-se que muitos são os problemas da rede pública de ensino, a começar pela própria estrutura, como a contratação de profissionais que não possuem licenciatura e podem ministrar aulas, assim, a desvalorização dos profissionais que possuem licenciatura é evidente, não só neste aspecto importante que reflete na aprendizagem dos alunos, mas também em toda a estrutura precária, não por falta de recursos orçamentários, que fique claro, mas por interesses escusos que prejudicam todo o sistema educacional da rede pública do estado de São Paulo.

REFERÊNCIAS

[1] https://www.educacao.sp.gov.br/pei. Acesso em 25 mai/22;[2] https://www.educacao.sp.gov.br/pei . Acesso em 25 mai/22; e

*MARIANA CASONI

Graduada em Letras  pela UNESP- Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"(2010);
- Mestre em Literatura Comparada pela UNESP (2013);e
- Professora de Língua Portuguesa e Literatura.
Currículo em: http://lattes.cnpq.br/4705890322409799


Nota do Editor:

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