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quarta-feira, 11 de maio de 2022

Quem são as pessoas difíceis?


 


Autora: Camila Mufalani(*)

Porque se pararmos para pensar, o outro só vai fazer comigo o que eu permitir. Muito forte isso neh! Mas vamos pensar! Se o meu chefe grita comigo, é porque ele quer? Ou por que eu permito? Ele tem a mesma atitude com todas as pessoas que você o vê se relacionar?

Pessoas difíceis encontramos o tempo todo, porque o ser humano é complexo, mas não temos uma regra para aprendermos a lidar com todas as pessoas, na verdade cada pessoa tem seu jeito, suas experiências e vivências, e se eu ficar tentando agradar todo mundo, vou ficar pior que um camaleão que muda de cor a cada lugar que passa, e sem contar que emocionalmente vou ficar destruída.

Tem pessoas que são explosivas, que saí vomitando em cima dos outros seus problemas, e tem outras que nunca reclamam, mas que funcionam como uma caçamba de caminhão, pegam os problemas de todos a sua volta e permite que todos joguem seus entulhos na sua caçamba. Porque se olharmos bem as situações, não existem pessoas difíceis, existe, nós seres humanos, que temos dificuldades em aspectos e proporções diferentes um do outro.

Quem são as pessoas difíceis que prometi falar para vocês? Essas pessoas difíceis sou eu, é você, somos todos nós seres humanos, porque nós temos uma complexidade de sentimentos que muitas vezes não conseguimos lidar, e fazemos coisas até sem planejar, muito menos pensar. Quem sabe nomear o sentimento que está tendo nesse exato momento? A maioria das pessoas não param para perceber isso, e muitas não sabem identificar os próprios sentimentos.

Agora eu te pergunto se nem sempre eu consigo identificar os meus próprios sentimentos, quem são as pessoas difíceis? Viu, somos nós. Então vamos descomplicar e julgar menos e nos acolhermos do jeito que somos, e se for necessário ir para psicoterapia que seja para descomplicar, porque complicação é a especialidade do ser humano.

CAMILA MUFALANI

Psicóloga graduada pela Universidade de Vila Velha - ES UVV (2014) e

Especialização
em neuropsicologia cognitiva  pelo Instituto de Psiquiatria- HCFMUSP(2019)








Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

terça-feira, 10 de maio de 2022

Metaverso como ferramenta educacional, estamos preparados?



Autora: Adriana Soeiro (*)

Metaverso é a terminologia utilizada para indicar um mundo virtual que tenta replicar a realidade por meio de dispositivos digitais. Este é um espaço coletivo e virtual compartilhado, que tende a extrapolar os limites de simulação do real e é utilizado para descrever os ambientes imersivos 3D, onde os humanos interagem por intermédio de avatares em diversos contextos de ordem social, educacional e econômico.

Como profissional da educação, estou otimista com essa novas ferramenta, afinal, após o período compulsório de aulas remotas, fica difícil imaginar que tudo votaria a ser como era antes. Ruim? Acho que não, este é um caminho sem volta. Os educadores perceberam que têm a tecnologia como aliada, o que falta, por vezes, é a capacitação adequada que oportunizaria a otimização do uso e o conhecimento das possibilidades de aplicação no contexto educacional.

Segundo Moran (2012), vivemos um momento diferenciado do ponto de vista do ensinar e aprender. Aprendemos de várias formas: em redes, sozinhos, por intercâmbios, em grupos etc. Para ele, essa liberdade de tempo e de espaço em processos de aprendizagem configura um novo cenário educacional onde várias situações de aprendizagem são possíveis com a ajuda das Metodologias Ativas - MAs ou Metodologias Inovadoras – MIs. Behrens e José (2011) complementam: "a observação de condições e circunstâncias não basta, é preciso acrescentar a significação que se atribui" para as atividades realizadas. Por esta razão, a formação continuada docente é extremamente necessária.

A ideia de Metaverso, segundo Schlemmer e Backes (2008), surge em 1984, no Neuromance de William Gibson. Entretanto, o termo metaverso, em si, foi criado pelo escritor Neal Stephenson[1], no romance intitulado Snow Crash, também publicado como "Samurai, nome de código" no Brasil em 1992.

O autor do romance Snow Crash enfatiza que o metaverso tem caráter real, bem como utilidade real pública e privada, pois se trata de uma ampliação do espaço real do mundo físico dentro de um espaço virtual na internet, oportunizando a experienciação numa rede integrante da "inteligência coletiva", os quais acabam por consolidar o processo social de aquisição de conhecimento, integrante das metodologias ativas.

Sobre este assunto, de acordo com Araujo (2015), "entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, que se configurou a metodologia ativa no âmbito do movimento da Escola Nova, a qual provocará uma significativa inflexão entre a teoria e a prática". Estas estão fundadas na experiência sob o signo de Pedagogia Científica inaugurada por Herbart. Tal movimento surgiu na Inglaterra, por intermédio da New School em 1889, de onde se disseminou para o continente europeu, com diferenciadas propostas afeitas a construir uma comunidade escolar livre, ou seja, a educação no campo, "a escola de humanidade", a coeducação; eram também concebidas como inovadoras e experimentais, e tinham como perspectiva finalidades educacionais que viessem a superar as escolas tradicionais.

No Brasil, a metodologia educacional, que propõe ensinar por meio de projetos foi apresentada, inicialmente, por John Dewey e chegou ao Brasil nas traduções de Anísio Teixeira na década de 1930, no início do movimento denominado Escola Nova. Num momento em que se busca direcionar o foco para o aluno, as ideias de Dewey continuam atuais, pois consideram aspectos como necessidades e experiências vivenciadas, num contexto de valorização da motivação para aprender e da efetividade do aprender na prática. Portanto, a utilização da realidade aumentada na educação, ou seja, ambientes imersivos 3D denominado de metaverso, representam a aplicabilidade dos conceitos e a simulação da experiência concreta ofertada por meio digital.

Estamos preparados para utilização desse recurso na sala de aula? Talvez em alguns cursos superiores da área da saúde e engenharias, por exemplo, sim; mas certamente na Educação Básica ainda não. Há evidências de utilização da realidade aumentada sendo aplicada nas sessões de fisioterapia, onde são replicados ambientes diversificados, de acordo com o interesse do paciente. Que tal fazer uma caminhada em Paris? Com relação à alguns cursos superiores de medicina, mecânica e engenharia, também é possível simular experimentos utilizando essa ferramenta. As possibilidades são infinitas. No entanto, é preciso investir na compra de equipamento e no desenvolvimento de softwares para contemplar amplamente as diversas áreas do conhecimento. Estão disponíveis no mercado, alguns livros em realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA), que permitem que o conteúdo das obras sejam expandidas para a terceira dimensão, com efeitos e animações, inclusive de histórias infantis.

Atualmente, existem diversas obras do gênero narrativas digitais, dentre elas "Hamlet no Holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço" de Janet H. Murray. Em seu título, existe a fusão da obra de Shakespeare e o Holodeck, retirado da série Start Trek, na qual os passageiros da nave passam momentos de socialização e recreação em uma sala, que possui projeções computacionais, temporariamente materializados fisicamente, onde é possível simular situações reais. Estamos longe de materializarmos um Holodeck, no entanto este pode ser transposto para o Metaverso e, também, fazer parte das metodologias ativas.

São inúmeras as possibilidades de materialização e interação, que podem progredir para a aprendizagem efetiva. Basta, no entanto, que haja recursos financeiros e formação continuada disponíveis aplicados no lugar certo: Educação Básica.

Bibliografia e Referências:

ARAUJO, José Carlos Souza Araujo. Fundamentos da Metodologia de Ensino Ativa (1890-1931) – UNIUBE/UFU 37ª Reunião Nacional da ANPEd – 04 a 08 de outubro de 2015, UFSC – Florianópolis;

BACKES, L.; SCHLEMMER, E. Metaversos: novos espaços para construção do conhecimento. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 8, n. 24, p. 519-532, maio/ago. 2008. Disponível em: 

BEHRENS, M. A.; JOSÉ E. M. A. Aprendizagem por projetos e os Contratos didáticos. Revista Diálogo Educacional - v. 2 - n.3 - p. 77-96 - jan./jun. 2001;

JENKINS, Henry; FORD, Sam; GREEN, Joshua. Cultura da Conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. Tradução Patrícia Arnaud. São Paulo: Aleph, 2014; e

MORAN, José. O que é Educação a Distância? 2012. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/dist.pdf Acessado em maio 2016.

[1] http://www.nealstephenson.com Acessado em maio de 2019

ADRIANA SOEIRO
















-Graduação em Pedagogia - Faculdades Integradas de Guarulhos (1991);
-Mestrado em Educação pela Universidade Nove de Julho (2012);  e 
-Doutorado em Educação pela Universidade Nove de Julho (2017). 
-Atualmente é professora de ensino superior da Faculdade FATEC- Unidade Tatuapé -SP , Gestora de EaD  e Diretora do Externato José Bonifácio -SP  ;
-Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação a Distância, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação a Distância, tecnologias, linguagens, aprendizagem na era digital, educação em rede e inglês . 

Nota do Editor:

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segunda-feira, 9 de maio de 2022

A enfermagem além dos aplausos


 Autora: Maiara Tintiliano Teixeira(*)

Imagine-se em um cenário de guerra, depois o resultado do conflito: mortos e feridos! Outro cenário mais próximo da imaginação, uma pandemia responsável por milhões de mortos. Quem efetivamente cuida da saúde dessas pessoas? Exatamente! Os enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares que junto com os médicos se mantém mais próximo do paciente até o momento final do tratamento e recuperação. É o enfermeiro que por ficar tão próximo quase se torna um familiar.

Não seria arriscado dizer, que a primeira profissão do mundo foi a de "enfermeiro",  mas não com esse nome, pois ela ainda não existia. As pessoas, que se dedicavam ao cuidado de outra até sua morte ou recuperação, eram os então enfermeiros da época. Questiono se tais pessoas receberam para cuidar de outro em algum momento no início dos tempos.

Foi no ano de 1840, séculos após milhares de pessoas, principalmente mulheres se dedicarem a cuidar da saúde dos doentes, feridos de guerra, doentes por pestes desconhecidas, que  a profissão foi oficializada por Florence Nightingale, que durante a Guerra da Criméia, organizou e desenvolveu técnicas de cuidados aos feridos e mobilizou voluntários, que passaram a chamar de "enfermeiros", por serem eles quem cuidavam dos Enfermos.
Foi, portanto,  a partir desse momento histórico, que a profissão passou de fato a existir e também a ser reconhecida como fundamental à saúde e difundida pelo mundo, agora com o nome de enfermagem.

Saltando do século XIX para o século XXI, no Brasil, já contando com a evolução da categoria, com leis trabalhistas e leis especificas, que regulamentam o trabalho da enfermagem, como a Lei nº 7.498/1996 e somando as resoluções do COFEN – Conselho Federal de Enfermagem, espanta-se que tal profissão não tenha um piso salarial para chamar de seu. No Brasil, este piso é objeto de luta e discussão dentre a categoria e quem tem força para regulamentar a situação.

A questão aqui é que quando a população se vê dentro de um cenário catastrófico envolvendo saúde pública, os primeiros profissionais a ir para a linha de frente são de fatos os enfermeiros e suas ramificações.

No entanto, esses profissionais que  se abrilhantam os olhos da população, recebem como gratificação aplausos exagerados, uma chuva de elogios e textos de agradecimento junto a fotos nas redes sociais e não  um salário digno e justo ao serviço  que executam. 

Desde sempre, eles vivem à mercê dos salários miseráveis, que os grandes donos de hospitais  decidem que é justo pagar e que  querem que  se encaixem com as horas extensas dos longos plantões e lutam sozinhos para receber uma remuneração digna dentro de um caminho bastante árduo.

A fim de reparar essa diminuição profissional, em 2020 o Senador Fabiano Contarato (PT-ES) autor do Projeto Lei  nº 2.564/2020, propôs a instituição de um piso salarial para  a categoria da enfermagem. 

Por essa proposta, o valor mínimo inicial do piso para os  enfermeiros seria  de R$ 4.750,00, tanto no serviço público quanto no privado; de 70% desse  valor para os técnicos de enfermagem e de 50% para aos auxiliares e parteiras.

Além disso, a proposta veio a trazer uma possível atualização monetária anual do piso salarial com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e ainda assegurar a manutenção dos salários, que por ventura venham a ser maiores do que o inicial sugerido e assim  reparar as injustiças sofridas por esses  profissionais  da área da saúde.

Na noite da 4ª feira, 04.05, esse PL foi aprovado pela esmagadora maioria de 442 votos a favor e 12 contra  e  agora ele segue para a sanção do Presidente Jair Messias Bolsonaro.

Caso o projeto seja sancionado pelo Presidente, "a pedra do piso salarial" será bastante incomoda para os  pés da iniciativa privada, que está há muito tempo acostumada a lucrar rios de dinheiro em cima da exploração escancarada dos operadores da saúde e que  por pura ganância ainda, quer  obter sempre mais, travando, assim uma guerra  com essa categoria do serviço de saúde.

Aliás, o sucateamento da rede pública é um dos maiores fatores geradores de lucros para as empresas da área saúde, ou sejam, os hospitais e as de planos de saúde,  já que na medida que a população de classe x, y e z não consegue a assistência pública digna que  deveria ser gratuita e rápida, esta recorre ao serviço particular e pago.

No ano de 2020, durante a pandemia de coronavírus, as operadoras de planos de saúde tiveram lucro líquido de 15 bilhões de reais e o grupo formado pelos 122 maiores hospitais privados do país encerraram o ano de 2021 com lucro líquido de R$ 30,6 bilhões. (fonte: COREN-DF)

É injusto, que profissionais que diariamente e desde sempre trabalham em rotinas exaustivas e delicadas como esta, continuem mal remunerados por uma indústria da saúde que objetiva apenas conseguir lucro e não dar nenhum retorno a esses profissionais. É, portanto, inadmissível que no Brasil, os profissionais da enfermagem ainda recebam um salário mínimo pra sustentar uma família e se prover com o básico do básico.

Entendo que a enfermagem é a principal engrenagem que move o sistema de saúde e o piso salarial nada mais é do que uma questão de justiça e de dignidade. 

A meu ver, a batalha dos profissionais da saúde não deveria ser somente dos profissionais que exercem a profissão. Esse  ponto especifico deveria ser monitorado, também,  pela população que necessita diariamente desse profissional e junto com ele um atendimento de qualidade. É indevida  a cobrança por um atendimento excelente, quando temos profissionais desmotivados pelos baixos salários e condições de trabalho. É, portanto,  dever da população zelar por quem cuida da gente nas horas mais difíceis. 

Assim, espera-se que os enfermeiros e enfermeiras, técnicos e auxiliares de enfermagem consigam colocar um ponto final nessa batalha de anos para alcançar um direito básico a qualquer trabalhador. A enfermagem necessita de um reconhecimento maior do que alguns tapinhas nas costas e os parabéns; mais do que isso, ela necessita que o Presidente  pare por um instante de brincar de motoqueiro e haja como um Presidente de verdade e sancione o PL  nº 2.564/2020 e traga, desta forma,  alivio a esses profissionais.

Os trabalhadores não compram pão e os pagam com aplausos....

MAIARA TINTILIANO TEIXEIRA

- Advogada graduada em Direito pela Universidade Paulista - UNIP - 2020;
- De esquerda, feminista e apaixonada pelas discussões políticas











Nota do Editor:
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