Autora: Maria Antonia Sant'Ana(*)
A espiritualidade pode ser entendida como um tema subjetivo por parte de alguns autores, o que nos é confirmado com a quantidade de definições encontradas em uma breve busca. Por ser enxergada dessa maneira, trarei definições e estudos sobre o tema encontrados em artigos científicos disponíveis no site www.scielo.br.
A crença em uma entidade divina ou em um ser superior tem sido identificada na história da humanidade a partir de diferentes povos. Desde cedo somos ensinados sobre mitologia grega, romana, religiosidade de tribos indígenas e vivemos no Brasil, em uma sociedade em que até pouco tempo o catolicismo era a religião oficial.
É relevante considerar a espiritualidade de cada indivíduo no seu cotidiano, visto que esta influencia a sua qualidade de vida. Entretanto, convém salientar que não há interesse pela discussão acerca desta ou daquela religião, mas sim do sentimento religioso e da espiritualidade.
Vamos, então, às possíveis definições: entende-se por espiritualidade, segundo Roberto (2004) "estados emocionais ou condições psicológicas e conscienciais que independem da religião ou filosofia." É possível crer na existência de espiritualidade desvinculada de qualquer religião.
Para Freudenberger (1970 apud Tomazela, 2007), o termo burnout tem origem no verbo inglês "to burn out", que significa queimar-se por completo, consumir-se, (...) esta síndrome é um "estado de esgotamento físico e mental ligado à vida profissional".
Segundo Codo e Vasques-Menezes (1999), "o trabalhador se envolve afetivamente com os seus clientes, se desgasta e, num extremo, desiste, não aguenta mais e entra em burnout". Os profissionais de risco são os profissionais da educação, saúde, agentes penitenciários e policiais, entre outros.
Segundo Rodrigues e Ribeiro (2014), a síndrome de burnout decorre da falta de apoio social e também da exposição prolongada aos estressores no ambiente de trabalho.
Diversos estudos têm nos mostrado que a espiritualidade, vinculada ou não a uma religião, serve como ferramenta valiosa para indivíduos lidarem com situações estressantes da vida, como a síndrome de Burnout. A motivação do indivíduo em planejar seu futuro próximo ou distante pode ser alterada positivamente, ou seja, ele tem atitude positiva frente àquele momento de sua vida e há expectativa de um fim para aquela situação.
Espiritualidade e religiosidade são citadas como fatores protetores à saúde.
Para Zilles (2004), a espiritualidade não é a exclusão da materialidade, mas a relação ou união do homem como um todo, corpo e alma, com o espírito.
É de acordo para diversos autores que a espiritualidade é permeada pelo contexto pessoal e social do indivíduo, sendo assim, é parte fundamental no processo de composição deste como ser único, diferindo-o de seu semelhante.
A visão mecanicista e cartesiana é predominante na sociedade, mas as práticas que apostam na integração entre mente, corpo e o transcendente vêm ganhando espaço com o auxílio de exemplos práticos e estudos mostrando sua eficácia e eficiência, assim como os de Benson (1996 apud Roberto, 2004).
A utilização de remédios, massagens e dietas associados à alteração nos padrões de comportamento são necessárias para se alcançar uma cura profunda e definitiva, sendo, então, a relação harmônica entre o corpo e a mente, chamada de abordagem holística e global do ser humano, segundo Roberto (2004).
A prática da oração, meditação, ouvir ou assistir programas religiosos ou a leitura de textos religiosos proporciona ao indivíduo que o faz um estado de apaziguamento do mundo interno, promovendo sensação de bem-estar e relaxamento, além de desencadear estados alternados de consciência, propiciando percepção maior da realidade externa e interna, segundo Roberto (2004).
O estudo de Mueller et. al. (2001 apud Peres et. al., 2007) nos mostra que o envolvimento religioso e a espiritualidade estão associados com melhores índices de saúde, incluindo maior longevidade, habilidades de manejo e qualidade de vida, assim como menor ansiedade, depressão e suicídio.
Kakigi et. al., 2005; Rainville et. al., 2002 (apud Peres et. al., 2007), nos diz que, uma vez que a dor é uma experiência sensorial e emocional complexa, esse, entre outros estudos, esclareceu que estados alternados de consciência podem gerar mudanças na atividade dos circuitos relacionados à percepção da dor.
Pode-se entender, então, que quanto maior for a espiritualidade do indivíduo, menor será o seu nível de esgotamento e, consequentemente, menor sentimento de exaustão. Percebe-se também que, quanto mais o indivíduo dedica-se às suas orações, por exemplo, maior será a sua crença, fé e eficácia profissional.
Para Peres et. al. (2007), o conhecimento e valorização do sistema de crenças do indivíduo aliada ao processo psicoterapêutico pode aumentar a possibilidade de êxito no processo, colaborando com a aderência do indivíduo e melhores resultados das intervenções.
Torna-se pertinente o diálogo entre analista e analisando acerca de suas crenças e como elas se fazem presente na sua vida, incentivando a sua prática e cuidando para que as crenças pessoais do analista não interfiram no julgamento e apontamento dispensados ao analisando.
Falamos brevemente sobre a relação entre a síndrome de burnout e a espiritualidade, mas também podemos relacionar espiritualidade e pacientes terminais, com doenças crônicas, dores intensas porque os estados alternados de consciência, através da prática da espiritualidade, trazem efeitos positivos sobre dores físicas, doenças psicológicas e perspectiva de vida, levando-nos a considerar o indivíduo como mente, corpo e espírito ao invés de um ser em que sua mente e espiritualidade não influenciam diretamente no seu corpo físico.
Procure terapia se o seu trabalho o faz sentir desmotivado, exausto física e mentalmente, com sentimentos de fracasso, insegurança, derrota e desesperança, insônia, dores de cabeça e alteração de apetite.
Toda vida importa!
Com amor, Maria Antonia Sant´Ana
* MARIA ANTONIA SANT'ANA
-Graduação pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2016);
-Extensão em Psicologia Analítica pelo Instituto Freedom (2021)
- Extensão em Intervenção em Sofrimentos Extremos pelo Centro Universitário Unifacear e APICE em 2022
Nota do Editor:
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👏👏👏🇧🇷
ResponderExcluir"Pode-se entender, então, que quanto maior for a espiritualidade do indivíduo, menor será o seu nível de esgotamento e, consequentemente, menor sentimento de exaustão. Percebe-se também que, quanto mais o indivíduo dedica-se às suas orações, por exemplo, maior será a sua crença, fé e eficácia profissional."
ResponderExcluirCuidei de minha genitora por três anos. Depressão e Síndrome do Pânico. Ela era umbandista, depois foi para o Kardecismo. Até o momento (2023) é kardecista. O primeiro livro que li sobre psicanálise foi do escritor Valmir Adamor da Silva (ex-professor de psicanálise criminal). O título Psicanálise Surpreendente. Outro livro do mesmo autor "História da Loucura". Tinha meus 18 anos, atualmente 50 anos. Sou da área de saúde, não formado em psicologia, psiquiatria. Dos 18 em diante li vários livros sobre psicanálise. Ocorreu-me (insights), num momento de ajudar minha genitora, de levá-la num terreiro de umbanda. Por que não de kardecista? Antes disso, passei dois anos habilitando a minha mãe, desde o simples sair dentro da residência para andar na avenida, e chegar até o portão de saída e de entrada, até exercícios físicos para não comprometer o tônus muscular.
Já sem o medo de sair para a rua, a convenci de ir ao terreiro próximo da residência. Se a depressão é um estado de ausência ao mundo, pode-se considerar que o passado possa contribuir, de alguma forma, pelas lembranças boas, do passado. A mãe dela receitava ervas, e era muito solicitada. Eu não era nascido. Houve também outro "insights". Não me lembro o nome do filósofo grego, mas dizia que na idade avançada o retornar para as lembranças boas do passado seria uma boa forma de viver. Ou seja, apliquei conhecimentos de psicanálise, filosofia, fisioterapia para a minha mãe melhorar. Melhorou e passa bem. Nos anos com ela disse que sempre deveria fazer uma avaliação de seus sentimentos, não ser influenciada pelas publicidades para o consumismo (Edward Barney), que existem narcisistas, existem os mecanismos de defesa do ego, e cada qual tenta sobreviver de forma "harmoniosa".
Ótimo artigo!