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sábado, 29 de abril de 2023

A arte do possível ou a arte do necessário?


 Antonio Carlos Arruda(*)

          
O título deste artigo pretende promover uma reflexão sobre o atual momento que vivemos na sociedade sobre a questão da violência, tendo como pano de fundo os atuais eventos ocorridos nas escolas e as providências tomadas pelas autoridades públicas.

Parece-me algo comum o anseio da maioria das pessoas que o caminho do entendimento e da paz é o único possível para que possamos conviver de maneira civilizada. Porém por que no mundo atual, a questão da violência se apresenta cada vez mais disseminada e isso tem afetado o mundo escolar?

Penso que o pano de fundo desta questão é admitirmos que vivemos em uma sociedade doente, onde aquilo que a humanidade escolheu como forma de evolução e progresso, rui todos os pilares daquilo que entendemos como processo emancipatório de civilidade.

Temos quadros paradoxais como evolução ininterrupta da tecnologia e avanços científicos e por outro lado, a manutenção da fome, da miséria, do preconceito e discriminação, de problemas ambientais, parecendo estes serem problemas crônicos e difícil solução.

Mais do que nunca estamos em xeque diante de um problema civilizatório de onde queremos chegar e porquê! Ou seja, "vivemos desafios éticos e morais".

O tal progresso ainda não dá conta da resolutividade de problemas centrais existenciais e a forma que encontramos para questionar tudo isso, nem sempre tem sido de maneiras adequadas, se utilizando de respostas violentas que sinceramente, não resolvem nada, pelo contrário, ainda aumenta mais o fosso ético e moral.

Estamos perdendo a capacidade do diálogo, da empatia, de sentir a alegria e a dor do outro, suas angústias, desejos, frustrações e realizações.

E olha que a grande maioria acreditava que após a pandemia sairíamos melhores.

Nesse sentido, assusta e muito quando vemos que no caso da violência, esta passa a "frequentar" os ambientes escolares, onde adolescentes e jovens se veem no direito, de quando frustrados, usarem de qualquer meio, como ameaças e agressões a professores e posse de armas brancas, objetivando fazer justiça com as próprias mãos.

Immanuel Kant (1724-1804) na obra "Sobre a Pedagogia", nos diz na Introdução que "...o homem é a única criatura que precisa ser educada. Poe Educação entende-se o cuidado de sua infância ( conservação e o trato), a disciplina e a instrução com a formação". Também pontua que a Educação é único instrumenta que torna humanos.

As perguntas que nos advém a saber, é o que estamos fazendo e como estamos fazendo, já que parece que a Educação de fato não está cumprindo seu verdadeiro papel?

Entendemos que o ambiente escolar é complexo, pois nos nossos dias, esta lida com várias situações como ambiente familiar, fome, desemprego, dentre outras questões, fora as questões de caráter acadêmico e pedagógico.

Diante de tal quadro como estamos vendo atualmente os posicionamentos das autoridades públicas para minimizar as situações de violência.

Como o título deste artigo diz: promovem aquilo que é possível ou o necessário?

Na esfera federal vemos a adoção de medidas como investigar as causas e as formas da violência, levando em conta um maior foco na adoção de medidas de apoio à escolas como dinamização de ambientes mais dinâmicos que incentivem a criatividade e uma participação maior dos alunos (engajamento na vida da escola), apoio de outros profissionais como psicólogos, assistentes sociais e segurança a paisana.

Na dimensão estadual atitudes serão tomadas como intensificação de rondas escolares, contratações de profissionais de segurança e outros de dimensões sociais, assim como no governos federal.

Penso que são medidas necessárias tanto do ponto de vista de se atender já, como outras que surtirão efeito a médio prazo.

O que vejo ainda precário nesta tentativa de resolutividade três questões:

1) É necessário ouvir mais aqueles que estão diretamente no "chão da sala de aula", ou seja, os professores, onde estes podem contribuir de maneira mais profunda não somente em relação ao problema da violência, como também em outras questões que dizem diretamente ao mundo da escola;

2) Se colocar o que de fato em prática o que já em 1996 preconizava a Lei de Diretrizes e Bases da Educação em se estabelecer parcerias e entendimentos com a comunidade escolar, já que a escola está inserida em um contexto onde se ouvindo a realidade onde está inserida, todos tendem a ganhar e avançar; e

3) Faz-se necessário uma ampla campanha nacional, onde se esclareça quais são os papéis e deveres da escola, bem como em relação às famílias, porque está vigente um falso valor moral onde a escola “tem obrigação de resolver tudo aquilo que diz respeito à vida do aluno”. Nesse sentido, reafirmo a tese de que a escola também é o local de discussão e construção de valores éticos e morais, contando com o apoio de familiares e responsáveis.

Portanto , o possível e o necessário devem caminhar juntos e não dicotomizados.

*ANTONIO CARLOS JESUS ZANNI DE ARRUDA














-Graduação em Pedagogia pela Universidade do Sagrado Coração (2017);

- Graduação em Filosofia pela Universidade do Sagrado Coração (1996);

- Mestrado em Educação para a Ciência pela UNESP (2004);
-Doutorado em Educação para a Ciência pela UNESP (2009); e

- Pós doutorado em Educação pela UNESP (2020)


-Trabalha no Ensino Superior nas mais variadas disciplinas, como filosofia, ética e responsabilidade social, antropologia, metodologia científica e filosofia da educação) ;

-Possui experiência na EAD (Educação a Distância) como tutor e elaborador de conteúdos, de projeto pedagógico e gestão de processos;

-Possui conhecimento em metodologias ativas;

- É parecerista ad hoc de avaliação de artigos científicos na Revista Educação e Filosofia na UFU (Universidade Federal de Uberlândia);

- Participa do grupo de estudos em Desenvolvimento Moral na UNESP de Bauru - SP;

-Possui competências em Gestão Educacional, incluindo em especial a liderança e gerenciamento de professores, coordenadores universitários e processos acadêmicos;

 -Possui contato e experiência com o SINAES, ENADE, FIES, PROUNI, Censo de Ensino Superior, CPC’s de Curso Superior, Projetos Pedagógicos de Curso, Projetos de Desenvolvimentos Institucional, Avaliações de Cursos, projeto de elaboração e solicitação de abertura de cursos na modalidade EAD junto ao MEC e ainda recepcionar avaliadores do próprio MEC. É Colaborador de Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Moralidade na UNESP de Bauru - SP. e

-É avaliador de cursos superiores pelo Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo.

Contatos:

e-mail: arrudafilosofia@hotmail.com

linkedin: Carlos Arruda

Tel: (14) 991152195

 Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0764418599887611


Nota do Editor:

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Um comentário:

  1. Bravo...só acho que faltou falar de ouvir os alunos,os pais e também os professores,lógico

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