Autor: Elias Hermenegildo (*)
Todos nós somos ensinados, incentivados, desde a mais tenra infância a falar, as escolas são bilingues é preciso prepara as crianças para o competitivo mercado de trabalho. (dizem os pais numa neurose doentia) é preciso ter uma boa oratória "..., mas o que eu queria mesmo era abrir um curso de escutatória, mas ninguém iria se matricular. Eu nunca vi em nenhuma grade curricular aula de escutatória. ESCUTAR é complicado e sutil. Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito, é preciso também que haja silêncio dentro da alma, para ouvir o não dito; daí a imensa dificuldade de se ouvir. (Parafraseando Rubens Alves)
A nossa ansiedade em falar não nos permite a gente ouvir o que o outro tem a nos comunicar, sem logo dar um palpite melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante de nossa arrogância, prepotência e vaidade. no fundo somos os melhores, mas bonitos e inteligentes.
É preciso tempo para entender o que o outro fala. quando não escuto o que o outro fala estou chamando-o de tolo o que é pior que um cuspe no rosto. Não basta o silêncio de fora é preciso o silêncio de dentro, a ausência de pensamentos. É preciso que tenhamos hombridade de ouvir sem ter o compromisso de responder, fazer essa escuta respeitosa olhando no olho assertivamente. Precisamos nos desvencilhar de síndrome de Google.
A psicologia que chega ao Brasil como ciência e profissão no início do século XX, mas somente em 1962, por meio da Lei n° 4.119/62, se torna uma profissão regulamentada, a ciência da escuta; não uma escuta impessoal, desprovida de empatia e acolhimento. Mas sim uma escuta clínica, acolhedora, sem julgamentos e preconceitos.
E o psicólogo é esse profissional encarregado dessa escutatória. O psicólogo é esse GPS humanizado que guia essa pessoa perdida em si mesma, para dentro do seu próprio eu para encontrar seu Eu perdido existencialmente.
Para que esse encontro aconteça o psicólogo precisa silenciar seu próprio EU e aí quando se dá o silêncio de dentro o psicólogo. E assim começar a ouvir, a ver, a sentir e experimentar sensações que eram antes imperceptíveis, mas que estavam ali no seu paciente.
É preciso escutar o silencio barulhento do paciente, de escutar o barulho de sua própria alma angustiada. A terapia realmente começa a acontecer quando o psicólogo escuta o que o paciente não verbalizou e entende o que ele não explicou. Essa escutatória é tão necessária para uma sociedade que está morrendo sufocada por palavras não ditas, justamente pela falta de uma escutatória, sem preconceitos.
*ELIAS HERMENEGILDO
-Psicólogo, Professor, Mestre em teologia, Capelão e Juiz de Paz;
-Formado em Liderança Avançada p
elo Instituto Haggai;
-Palestrante na área de liderança, família, psicologia da religião e educação inclusiva
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