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sexta-feira, 12 de abril de 2024

Transformações educacionais ao longo da história brasileira


 Autor: Adriano Silva (*)

A educação brasileira guarda em sua história processos obscuros que levaram desde a sua fundação com os padres jesuítas na colônia a escola estruturada que conhecemos hoje. Obviamente que nesse período de mais de 400 anos, a escola se modificou, não só estruturalmente, mas filosoficamente, deixando algumas características de lado, mas valorizando outras.

É importante compreender que as mudanças no decorrer do tempo devem ser estimuladas, devido a mudança que ocorrem na sociedade, principalmente, levando em consideração as rápidas transformações que os fenômenos globais oferecem.

Essas mudanças que ocorreram na prática pedagógica e até mesmo nos moldes da instituição escolar é significativo, pois questiona o espaço e a função da escola para os maiores incluídos neste processo: a geração de cidadãos que estão em processo de formação, ou seja, os alunos.

A questão que instiga essas transformações a partir da passagem do tempo é quando ela não ocorre, ou seja, práticas que foram antes instauradas, perpassadas pelos anos, ainda estão presentes no processo de ensino e aprendizagem. Ora, se a população se modifica, tornando-se cada vez mais plural e diversa, porque ainda existem as antigas práticas?

Dada essa questão, por exemplo, um problema antigo da educação brasileira é a evasão escolar. Esse problema advém de diversos fatores, como a necessidade de trabalhar, problemas familiares, comorbidades, violência, entre outras. Em pesquisa realizada para o módulo anula sobre Educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE em 2019, o maior índice evasivo está entre os jovens da periferia, predominantemente meninos negros, nas instituições escolares. A soma se intensifica se somada ao número de meninas negras que não estavam matriculadas em instituições escolares. Isso indica que a escola ainda não conseguiu alcançar esse público e quebrar a antiga prática excludente que se desenvolveu desde a escravização dos africanos no Brasil.

Atualmente, existem trabalhos científicos que buscam potencializar ações que valorizem aspectos raciais, de gênero, de multiculturas, etc, mas ainda não se fazem presentes em plenitude nas instituições escolares. O pensamento decolonial, por exemplo, para a instituição escolar tenta modificar essas antigas práticas, trazer a visão do excluído e a valorização de culturas que foram excluídas e marginalizadas. Uma feira de culturas africanas, exposição de vivências indígenas, rodas de leitura visando autores e autoras que ampliam o olhar para as minorias, encontros abertos com a comunidade, entre outras formas, podem ser alternativas para um trabalho que valoriza novas práticas e acolha a diversidade.

As antigas práticas podem causar a exclusão de muitos estudantes nesse processo, às vezes por atrasos no processo pedagógico dos próprios estudantes, ou até mesmo pela falta de pertencimento do ambiente escolar. É necessário que exista um olhar sensível para a cultura escolar. Desenvolver uma base consolidada que amplie o repertório da diversidade cultural, que tenha sentido com as características do território em que esteja instalada e compreenda as multi-identidades que podem surgir das famílias e dos próprios estudantes.

Portanto, a escola deve se modificar constantemente e o processo de avaliação dessas mudanças tem de ser contínuo. Gestão escolar, professores, alunos e a comunidade ao redor, devem ser aliados e estar presentes nas mudanças e configurações dos planos das instituições.

*ADRIANO DA SILVA

























-Graduado em Pedagogia pela Universidade de São Paulo -FEUSP-2020;
-Pós graduado em Gestão de Projetos pela Universidade de São Paulo  - ESALQ-USP - 2023; e 
-Atualmente é professor da rede pública do Estado de São Paulo nas séries iniciais de ensino.

Nota do Editor:

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