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sábado, 11 de maio de 2024

A escola tá tomando bomba!


 Autora: Jacqueline Caixeta (*)


Analisando a escola e sua "evolução", me questiono se realmente acreditamos que estamos no caminho certo.

Ficamos anos discutindo o ensino ofertado aos adolescentes e, quando tiramos do papel uma proposta, ela vem carregada de exclusões. Uma ideia linda e inovadora, eu diria até romântica, foi a que colocava o ensino, o cardápio a ser ofertado aos alunos, fora daquele padrão de matriz, grade. No entanto, o que vimos foi um desastre, pois toda e qualquer ideia precisa além de sair do papel, nascer  também para a realidade. Claramente, mais uma vez, a educação iria protagonizar uma grande exclusão. Os alunos oriundos das redes privadas sairiam na frente, sem sombra de dúvidas. E ai? Como fazer para que a oferta fosse equânime? A resposta desfilou de lá pra cá, entrou e saiu de pautas governamentais e nada. O jeito foi dar aquele jeitinho brasileiro e fazer a coisa à meia boca mesmo.

A psicologia, pedagogia, neurociência e todas essas ciências que estudam a mente e comportamento infantil, já nos deu a "cola" de como a criança aprende. Como as conexões cerebrais são formadas na construção do pensamento. Do quanto a interação é importante para a descoberta. 
Sim, (Em como) a criança precisa, necessita, de estímulos para se desenvolver e o que fazemos? Insistimos em colocar-lhes livros "didáticos" nas mãos. Ora bolas, quem precisa de livro quando se tem como jardim uma infância inteira? Quem precisa ficar preso em livro quando se tem a liberdade de saltar, correr, voar pela criatividade? Quem quer saber de livro quando o cérebro funciona em pleno estado de graça, basta experimentar a vida e, pimba, lá vem todo e qualquer aprendizado? Nós ainda temos muito o que aprender com as crianças. Prender uma criança dentro de um livro com capítulos a estudar, com o compromisso de terminar a unidade porque senão os pais vão reclamar que compraram o livro e a professora não está usando, deveria ser considerado crime contra a infância. Não tem que usar mesmo não, Não tem nem que adotar. Infância é espaço e tempo de puro deleite com a vida e suas experimentações. É nessa relação dialética com a vida, é no casamento da criatividade com a curiosidade é que vão brotar frutos para um saber mais consolidado.

E a avaliação? Ainda usamos desta moeda de troca para convencer os estudantes a fazerem o básico, que é estudar. Quanta frustração eu carrego com a avaliação dentro da escola. Me vejo no século passado quando percebo que ainda usamos um instrumento tão castrador de conhecimento quanto a avaliação. Não é possível que vamos continuar a fingir que acreditamos que avaliar é isso que fazemos! Avaliar, mensurar o saber usando os mesmos instrumentos que nossos professores usavam. Sempre quando questiono a avaliação e seus métodos, ouço que a escola não pode negar a sociedade, que lá fora vão fazer provas para tudo, a começar do "bendito e excludente ENEM". 
Mas até quando vamos medir forças com essa "sociedade lá de fora" ?
Por que não peitamos as mudanças necessárias e urgentes para que o aluno descubra que estudar é para ele, para a vida dele, não para papai e mamãe, tampouco para uma nota média para aprovação escolar? A escola briga com o estudante para que ele estude. Estamos esquecendo de brigar com eles para que aprendam. Não aprendam apenas aqueles conteúdos determinados por documentos formais não, aprendam a aprender, aprendam a perguntar, a duvidar, a questionar com elegância e boas argumentações.

Poderia ficar aqui falando mal da escola por muitas linhas até vocês cansarem de ler, mas vou parando por aqui. Acho que, com esses três parágrafos  já vou conseguir incomodar muita gente, já vou levantar muita poeira.
Toda escrita minha, coloco-me também como culpada pela escola está tomando tanta bomba.

Com afeto,

*JACQUELINE FIGUEIREDO CAIXETA





-Especialista em Educação
 Autora do capítulo do livro Educação Semeadora: "A Escola é a mesma, o aluno não! "- Editora Conhecimento.

Nota do Editor:

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