Autor: Ricardo Ramalho Luiz Junior (*)
Experienciamos avanços tecnológicos cada vez mais impressionantes em intervalos de tempo cada vez menores. Quem diria que os dispositivos minúsculos que carregamos nos bolsos superam, e muito, a potência do ENIAC, aqueles computadores enormes que ocupavam um cômodo inteiro na década de 40.
Tendências vêm, tecnologias surgem, outras caem no esquecimento, e a busca por inovação vai se expandindo e acelerando cada vez mais. Os celulares pareciam tijolos, aí foram diminuindo, até chegar um ponto em que eram necessárias telas cada vez maiores e, hey, aqui estamos nós.
Redes sociais, e-commerces, cassinos on-line... tudo decorrente do avanço tecnológico.
O assunto do momento são as "IAs". Todo mundo quer uma inteligência artificial para chamar de sua. No entanto, no fim das contas... o que é uma Inteligência Artificial?
Com certeza você lembra do filme "AI" do Steven Spielberg, então o termo não é totalmente estranho aos ouvidos do grande público (pelo menos para aqueles que viveram os anos 2000).
De acordo com o ChatGPT, a atual referência prática para a maioria das pessoas sobre o que é uma inteligência artificial (e o responsável por fazer a Alexa parecer uma torradeira), a inteligência artificial é um sistema computacional capaz de realizar tarefas que normalmente exigiriam inteligência humana. Ela analisa todo um banco de dados de informações, busca padrões, processa esses dados, e com base nisso, interage com o ser humano da forma mais natural (apesar de contrapor a artificialidade inerente à tal recurso) e inteligente possível.
O termo foi usado pela primeira vez em 1956, por John McCarthy, um cientista da computação, mas o primeiro registro de modelo computacional para redes neurais data de 1943, sendo este modelo criado por Warren McCulloch e Walter Pitts.
Não vamos, nesta reflexão, nos aprofundar muito em seus conceitos, tendo em vista a vasta margem para discussão. Não seria possível abordar todos os aspectos, então vamos nos direcionar ao objetivo principal da coluna. Como a inteligência artificial afeta você, nobre consumidor?
O consumidor dos tempos atuais busca respostas mais rápidas, com maior qualidade, segurança, e acima de tudo, busca uma experiência cada vez mais personalizada. A ideia é encontrar o que se busca, com qualidade, bom preço, e de forma ágil.
A Inteligência Artificial aplicada ao mercado de consumo busca, observando e analisando seu padrão, te oferecer sugestões baseadas em seu padrão de compras. Chegamos a comentar por alto, em nosso primeiro texto, sobre um emblemático caso da Target, grande loja dos Estados Unidos, que identificou a gravidez de uma cliente, antes mesmo dela, só observando o padrão de consumo que havia mudado[1].
Se você é um crônico frequentador de sites de grandes varejistas, vai observar que cada vez mais as lojas investem em Inteligência Artificial, criando suas assistentes virtuais (Oi Lu da Magalu!) para facilitar e agilizar o atendimento ao cliente, garantindo assim uma melhor e mais personalizada experiência ao consumidor (ao custo de empregos humanos, o que é pauta para outra discussão).
Porém, é importante destacarmos que a Inteligência Artificial não cria absolutamente nada. Todo o seu banco de dados, de onde ela extrai uma base, processa com base na atividade proposta, e te devolve informação, é baseado em criação humana. Se o ChatGPT, a Alexa, a Cortana, o Bing, o Co-pilot, não importa. Tudo é com base de séculos de desenvolvimento e criação de informação feita por humanos.
E aí entramos em uma (das várias) implicações do uso desmedido das inteligências artificiais, pois a quantidade de dados que produzimos sobre nós mesmos, todos os dias, nos submete a uma enxurrada de informações adequadas a nossos gostos que tendem a nos sobrecarregar e nos influenciar a consumir mais e mais.
Há quem diga (e eu concordo), que os dados pessoais são o petróleo dos novos tempos. Toda companhia quer saber cada vez mais sobre você para te influenciar a consumir, e as inteligências artificiais são aliadas de peso nessa luta pela sua atenção (e seu cartão de crédito). É necessário zelo com seus dados e autocontrole quanto à exposição frequente do bombardeamento de informações extremamente personalizadas para chamar sua atenção.
Atualmente se encontra em debate o Projeto de Lei 2338/23, visando regulamentar o uso das inteligências artificiais, e tal debate deve ser feito junto a toda sociedade civil, pois goste-se ou não, elas já estão entre nós.
Não podemos também demonizar a Inteligência Artificial. Ela não é a causa da nossa perdição, mas também não é a solução de todos os nossos problemas. Precisamos lembrar que é uma ferramenta a ser utilizada para nosso benefício, e saber usar, como qualquer outra ferramenta, é fundamental.
REFERÊNCIA
[1]
Link https://conteudos.guide.com.br/textos/big-data-como-a-target-descobriu-uma-gravidez-antes-da-propria-familia/
acessado em 06/05/2024, às 07h29
*RICARDO RAMALHO LUIZ JUNIOR
-Advogado graduado pela Universidade Estácio de Sá(2017);
-Pós-graduando em Direito Digital pela Universidade Paulista de Direito; e
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