Autor: André Luís Zorzi(*)
É um consenso entre economistas que a educação é um pilar fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação. No entanto, o atual modelo educacional brasileiro apresenta graves deficiências que não podem ser ignoradas, especialmente sob a ótica econômica. Este texto não se limita a mencionar a baixa remuneração salarial dos professores e servidores; o problema vai muito além disso.
O meu ponto aqui é que o sistema educacional brasileiro está desatualizado e não prepara adequadamente os indivíduos para as demandas do mercado de trabalho moderno. O processo de globalização apresenta um cenário de incertezas: "quais serão as profissões do futuro?". Nesse sentido, a minha crítica é de que a escola não deve moldar um aluno para um mercado de trabalho previsível, mas sim prepará-lo com ferramentas que aprimorem sua capacidade de aprendizado e adaptação às inovações que virão nos próximos anos.
Conforme os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, 2022), 27% dos alunos brasileiros atingiram o nível mínimo de aprendizado em matemática, enquanto apenas 1% alcançou os níveis mais altos, que estão relacionados à capacidade dos alunos de elaborar estratégias para resolver problemas complexos.
É praticamente inaceitável que um estudante complete o ensino médio sem dominar noções básicas de matemática, português e ciências (e eu nem vou entrar na discussão sobre educação financeira nas escolas). Em um mundo onde a tecnologia e a inteligência artificial estão transformando rapidamente o panorama dos empregos, essas habilidades são essenciais.
Muitos empregos tradicionais estão desaparecendo ou irão desaparecer em breve, enquanto novas oportunidades surgem em setores que exigem habilidades técnicas avançadas. O mercado de trabalho, por exemplo, está cada vez mais demandando profissionais que sejam capazes de lidar com grandes volumes de dados, automatizar processos e se adaptar rapidamente às inovações tecnológicas.
Infelizmente, o sistema educacional atual não acompanha essas mudanças. A falta de preparo em áreas importantes do conhecimento coloca os jovens brasileiros em desvantagem competitiva global, perpetuando um ciclo de baixa produtividade e crescimento econômico lento. Em outras palavras, a crise educacional é um problema de longo prazo que afeta gerações inteiras, e a preocupação política com esse assunto frequentemente se revela apenas demagógica, resultando em poucas ações efetivas.
Países que investem em educação de qualidade, especialmente em áreas tecnológicas, colhem os frutos em termos de maior inovação, produtividade e competitividade. O Brasil, ao falhar em atualizar seu currículo escolar para incluir competências essenciais como programação, análise de dados e finanças pessoais, está, na prática, comprometendo seu próprio futuro econômico. Finalizo este texto convicto de que a reforma econômica mais importante para o país é a reforma do sistema educacional.
* ANDRÉ LUÍS ZORZI
-Graduado com Mérito Acadêmico em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG (2021);
- Mestre em Economia Aplicada na USP com ênfase em produtividade, gestão de riscos e seguro (01/2024);
-Doutorando em Economia pela Univerdsidade de Brasília (UnB)
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