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domingo, 28 de julho de 2024

Abandono paterno


Autora: Fernanda Caliano (*)

No mês de agosto comemoramos o Dia dos Pais e, como é muito sabido e comentado que existe uma grande proporção de pessoas que sofrem com abandono paterno, vamos falar um pouco sobre este tema?

O vínculo familiar, é muito importante para todos os seres humanos, em todas as fases da vida e em todos os momentos. Sempre é importante dizer que quando falamos em vínculo familiar estamos falando dos vínculos afetivos e emocionais com todos os familiares próximos, sendo estes; pais, mães, avós e irmãos, e que esta relação deve ser livre e respeitosa.

O que queremos dizer quando falamos em uma relação livre e respeitosa? Estamos nos referindo àquela relação, onde não há influência positiva ou negativa de outra pessoa, onde se pode por livre e espontânea vontade construir suas relações, sentimentos, vínculos e até mesmo uma rotina de convívio. E por que falamos sobre este ponto? Hoje em dia devido a um novo conceito de família e existe muita influência principalmente dos adultos com relação às crianças, que buscam fazer com que a criança enxergue tal situação com seus olhos. A meu ver este fato não deve ocorrer ,pois, cada um tem um caminho e um ponto de vista que não deve e não pode ser influenciado.

Agora falando sobre abandono paterno, é importante termos uma visão do todo, para que assim consigamos compreender melhor a situação.

O abandono paterno ocorre de duas formas, o pai abandona o filho ou o filho abandona o pai . Muitas pessoas, no entanto, entendem que este tipo de abandono vem apenas de uma atitude paterna. Estão estes muito enganados, pois, até podemos falar que em grande maioria é o filho nega o pai. Os motivos desse abandono precisam ser investigados, pois algumas vezes este abandono tem influência externa da sociedade ou do meio familiar onde está inserido.

Este abandono, gera feridas, mágoas, conflitos e vazios. Sim, vazios, momentos não vividos, saudades não curadas, palavras não ditas, mágoas não resolvidas, falta daquele abraço que não existiu, Situações essas que sempre vão ficar no vazio. E agora te pergunto, o que fazer para não ocorrer? Primeiro precisa procurar um profissional seja psicanalista, psicólogo ou alguma terapia, para entender toda situação e buscar a cura ou entendimento do que está acontecendo, e assim buscar condutas para que o vínculo ocorra, e caso não seja possível o retorno deste é importante tratarmos do nosso psicológico para que as feridas e dores amenizem e com isso as consequências do abandono afetivo diminuam com o passar do tempo.

A situação de abandono paterno gera inúmeras feridas, assim como: problemas de autoimagem, relacionamento interpessoal, questões comportamentais, compromete desenvolvimento escolar/profissional, gera insegurança e dúvidas sobre a situação.

Quando estamos na situação de abandono nem sempre conseguimos entender quando este abandono ocorreu e porque ocorre e, por isso a ajuda de um profissional é importante, pois é um tratamento individual.Quando estamos em uma situação de abandono paterno, vale questionar a situação, e como? Faça a si mesmo algumas perguntas:

Qual foi o motivo do abandono paterno?

Será que meu pai tomou esta decisão por livre e espontânea vontade ou alguém fez com que ele tomasse tal atitude?

Será que meu pai me abandonou ou fui eu quem abandonei meu pai?

O acesso do meu pai a minha pessoa sempre foi livre ou um terceiro dificultou nosso acesso/convívio?

Eu fiquei sabendo por todas as vezes que meu pai me procurou? Ou ocorreu omissão?

Eu já procurei meu pai e questionei o porquê de tudo aquilo?

Eu já ouvi a versão do meu pai? Toda história tem versões diferentes.

Por que não procurar meu pai agora e entender a situação? Nunca é tarde.

Estes questionamentos nos levam a refletir sobre a situação, pois é válido e importante saber que precisamos entender de fato a situação e não a ignorar. Muitos adultos sofrem com este vazio e quando ocorrem os questionamentos vão atrás para melhor entendimento e descobrem que aquela situação era diferente, e tudo muda. Claro que não podemos voltar ao passado, mas podemos construir um novo futuro e tudo pode ser diferente. O passado não muda, mas o futuro depende de nós. Construir uma nova história. E indo mais além nos humanos precisamos da cura, mesmo que não mude nossa rotina, mas o fato de entender a situação, compreender e curá-la, é um presente ao nosso indivíduo, pois vamos conseguir caminhar de forma leve e com entendimento de situações que gerou ferida.

E indo mais além, pode ser que este abandono afetivo ocorreu e que seu pai hoje não esteja mais aqui presente, mesmo assim busque sua cura, pois você terá paz e seus dias serão cada vez melhores, pois a cura de uma dúvida, de uma mágoa tem enormes benefícios.

Cuidar do nosso eu, é o melhor presente que podemos nos dar, mas para isso, precisamos entender nossa história de vida, aceitá-la, curá-la e assim seguir adiante.
Quando falamos em história de vida, isso envolve nossa família, pois temos enormes vivencias e estas geram amores e desamores.

O que eu profissional da psicanálise gostaria de deixar como reflexão para todos?

Lembre-se que todos os laços familiares são importantes, que estes não devem e não podem ter influência de terceiros, entender nossa história de vida faz toda diferença e busque entender que cada situação, nem sempre é o que esperamos e desejamos, mas entender sem julgar para compreender.

E o mais importante, se cure, busque um profissional e seus dias serão mais leves.

* FERNANDA CALIANO
























-Psicanalista graduada no Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (2019)

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Nota do Editor:

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