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domingo, 1 de junho de 2025

O Mal -Estar no Trabalho


 Autora:Cláudia Alaide Silva(*)


O aumento de casos de adoecimentos com impactos físicos e emocionais, associados à prática laboral, tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Essa elevação pode estar relacionada a uma série de eventos, como a pandemia de Covid-19. Situações de vulnerabilidade, como uma pandemia, podem gerar uma sobrecarga importante e impactar inclusive a forma como nos relacionamos com nosso trabalho. Uma vez que o isolamento social em período de pandemia, intensificou um comportamento clássico em que o trabalho entra nos lares sem hora para sair.

A presença constante na vida online também se mostra impactantes no processo profissional, pois existe um constante chamado para se mostrar profissional, ou mesmo bem sucedido, inclusive em ambientes não profissionais. Muito embora essa já fosse uma questão social existente nas gerações anteriores, com o acréscimo da vida virtual a velocidade e intensidade desses eventos ganham proporções significativamente grandes.

O Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com maior incidência de burnout. O INSS declarou um aumento de mais de 130% no número de casos entre 2019 e 2023. Mas, afinal, o que é a Síndrome de Burnout?

Descrita pela primeira vez na década de 70, a Síndrome do Esgotamento Profissional identifica um processo de sofrimento emocional com impactos físicos e cognitivos, que tem sua origem ou protagonismo nos ambientes e no exercício profissional.

Recentemente, a síndrome foi considerada pela OMS como um quadro patológico e passou a fazer parte do CID-11. Essa mudança facilitou os métodos e as possibilidades de diagnóstico e tratamento.

A palavra "Burnout" sugere um estado de combustão ou explosão. Considerando os aspectos emocionais do quadro, pode-se considerar o esgotamento de todos os recursos emocionais.

Como dito, esse esgotamento é algo muito marcante atualmente, uma vez que a descrição do quadro também é bastante recente. Diversos fatores característicos do perfil e do mercado de trabalho atual contribuem para isso. O surgimento das comunicações e relacionamentos virtuais, por exemplo, nos coloca em um constante estado de alerta, de modo que, em alguns casos, o trabalho está presente em quase todo momento, invadindo inclusive o sono. E, de fato, nossa sociedade se habituou e até naturalizou a sobrecarga, mas como identificar se estamos apenas cansados ou esgotados?

Sinais de Alerta e Busca por Ajuda

A Síndrome do Esgotamento Profissional pode apresentar alguns sinais de alerta, como cansaço físico e mental, lapsos de memória, sentimento de insuficiência ou fracasso, problemas gastrointestinais, insônia, irritabilidade e tristeza profunda, entre outros sintomas. Contudo, esse quadro se caracteriza pela cronicidade e agravamento, impactando diretamente na produtividade e na atividade profissional.

Não é necessária a presença ou prevalência de todos os sintomas, mas a prevalência de um ou mais já pode significar um alerta. A busca por ajuda profissional é essencial para o diagnóstico e o acompanhamento do processo. O diagnóstico pode ser elaborado por um médico psiquiatra ou psicólogo e, na maioria das vezes, o tratamento considera um acompanhamento multiprofissional.

Prevenção e o Sentido do Trabalho

A solução está longe de ser a ausência do ambiente de trabalho, mas em alguns casos, o afastamento se faz necessário. As empresas têm buscado adotar medidas de cuidado ao profissional, facilitando o acesso aos cuidados em saúde mental, promovendo rotinas de atividades físicas e de lazer, e considerando a necessidade de um estilo de vida com base no autocuidado. Em grande parte, os métodos preventivos consistem no autocuidado, o que pode sinalizar o alerta antes que os sinais e sintomas se mostrem limitantes.

A vida profissional tem grande significado na vida do indivíduo, porém um dos grandes complicadores é quando o trabalho passa a carregar o significado da própria vida. Pois, na sua ausência, abre-se um vazio na existência. O processo de autocuidado leva em conta a busca de um sentido para o Ser profissional, mas, antes de tudo, para o Ser existencial, pois o profissional é dependente do Ser em si.

Se você se identificou com este artigo, busque ajuda profissional e não viva esse momento em desamparo.

 * CLÁUDIA ALAÍDE SILVA - CRP-SP 162141



De acordo com suas palavras sou:

Graduada em Psicologia pela FMU (2020);

Especialista em psicologia fenomenológico hermenêutica pelo Instituto Daisen (2022) com foco nos fenômenos relacionais;

Psicóloga Clínica e Consultora de Saúde Mental com formação em Psicologia, especialização em clínica e pós-graduação em psicopatologia, saúde mental e atenção psicossocial pela Anhanguera (2024);

Dedico-me ao atendimento clínico de adultos;

Trabalho com processos individuais e em grupo, auxiliando na compreensão de questões existenciais e seus diversos impactos; e

Minha atuação se estende à condução de programas de terapia alternativa (como a biblioterapia) e à condução de palestras e mediação de conflitos.

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

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