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domingo, 6 de julho de 2025

Como lidar com os riscos psicossociais no trabalho


 Rosana Pontes Guehard Serpa

Abordaremos três assuntos dentro desse tema:

  1. O Papel da Comunicação Clara e Eficaz;
  2. Violência Não Verbal no Ambiente de Trabalho; e
  3. Assédio Moral no Trabalho
1-O papel da comunicação clara e eficaz , na redução dos riscos psicossociais

A comunicação dentro do ambiente de trabalho é um dos principais fatores que impactam a saúde mental dos trabalhadores. Quando há falhas na comunicação, surgem conflitos,desentendimentos, insegurança e estresse, que são riscos psicossociais significativos.

Por outro lado, uma comunicação clara e eficaz pode:
  • Reduzir a ansiedade e a incerteza sobre tarefas e expectativas;
  • Prevenir conflitos interpessoais e melhorar o relacionamento entre colegas;
  • Aumentar a confiança e o senso de pertencimento dos funcionários e
  • Favorecer um ambiente mais colaborativo e saudável.
Como a Comunicação Deficiente Impacta a Saúde Mental?

Falta de clareza nas expectativas → Gera insegurança, retrabalho e frustração;

Feedbacks negativos sem direcionamento → Desmotivam e causam ansiedade;

Falta de espaço para diálogo → Aumenta a insatisfação e reduz o engajamento;

Comunicação agressiva ou passiva → Provoca estresse e conflitos; e

Boatos e desinformação → Criam um ambiente de insegurança e fofoca.

Estratégias para Melhorar a Comunicação e Reduzir Riscos Psicossociais

Clareza na Transmissão de Informações

Usar linguagem objetiva e acessível para que todos compreendam;

Evitar ambiguidades ao dar instruções ou estabelecer metas; e

Reforçar as informações importantes por e-mail, reuniões ou murais internos.

Estabelecimento de Feedback Construtivo

Criar uma cultura de feedback contínuo e respeitoso;

Dar retornos de forma objetiva, sem críticas destrutivas; e

Valorizar os pontos positivos e sugerir melhorias de forma motivadora.

Incentivo ao Diálogo Aberto e Transparente

Criar canais de escuta ativa (exemplo: reuniões regulares para ouvir sugestões);

Garantir um ambiente onde os colaboradores se sintam seguros para falar; e

Reduzir hierarquias muito rígidas que dificultam a comunicação.

Treinamento de Gestores e Equipes

Capacitar líderes para que saibam se comunicar com empatia e clareza;

Treinar funcionários sobre como se expressar de forma respeitosa e assertiva; e

Desenvolver habilidades de escuta ativa para evitar ruídos na comunicação.

Uso de Ferramentas e Tecnologias Adequadas

Adotar plataformas de comunicação interna que organizem informações;

Evitar sobrecarga de mensagens em múltiplos canais, priorizando os essenciais; e

Garantir que todos tenham acesso às informações de maneira igualitária.

Exemplo Prático de Comunicação Eficaz

Problema: Em uma empresa, os funcionários relatavam ansiedade devido à falta de informações sobre mudanças no setor.

Solução: A liderança implementou reuniões semanais para esclarecer decisões, criou um canal de comunicação interna e treinou gestores para dar feedbacks mais claros.

Resultado: Redução do estresse e melhora na confiança e no engajamento da equipe.

Conclusão

A comunicação clara e eficaz é uma ferramenta essencial para reduzir os riscos psicossociais, melhorar a saúde mental dos trabalhadores e criar um ambiente mais equilibrado e produtivo.

Benefícios do Plano de Comunicação Eficaz

Redução do estresse e ansiedade no trabalho;

Maior clareza nas expectativas e menos retrabalho;

Aumento da produtividade e engajamento da equipe;

Melhor relacionamento interpessoal e clima organizacional saudável.

2 -Violência Não Verbal no Ambiente de Trabalho: O Impacto na Saúde Mental

A violência não verbal no trabalho ocorre quando há atitudes, gestos ou expressões que  intimidam, menosprezam ou desvalorizam um colaborador, sem o uso direto de palavras agressivas. Embora silenciosa, essa forma de violência tem graves impactos psicológicos,podendo levar ao estresse, ansiedade e até ao burnout.

Exemplos de Violência Não Verbal no Trabalho

Olhares Intimidadores ou Ameaçadores

Expressões faciais carregadas de desprezo, julgamento ou raiva podem gerar medo e desconforto.

Exemplo: Um gestor que sempre encara um funcionário com desdém, sem necessidade, pode criar um ambiente de medo.

Ignorar ou Excluir Alguém

Não responder mensagens, virar o rosto durante conversas ou excluir um colega de interações sociais pode ser uma forma de violência.

Exemplo: Em reuniões, um líder sempre ignora as sugestões de um funcionário específico,fazendo com que ele se sinta invisível.

Uso de Gestos Agressivos ou Sarcásticos

Cruzar os braços, suspirar impacientemente ou revirar os olhos durante uma conversa pode demonstrar desrespeito.

Exemplo: Um colega faz caretas ou gestos irônicos sempre que outro funcionário apresenta suas ideias.

Aproximação Ameaçadora ou Invasão de Espaço

Ficar excessivamente próximo, encurralar alguém ou esbarrar intencionalmente pode ser uma forma de intimidação.

Exemplo: Um supervisor sempre se inclina de forma agressiva sobre a mesa de um funcionário para pressioná-lo.

Uso do Silêncio como Forma de Punição

Quando alguém corta completamente a comunicação com um colega como forma de punição, isso pode ser visto como violência psicológica.

Exemplo: Um chefe decide ignorar um funcionário por dias como "castigo"; por um erro cometido.

Impactos da Violência Não Verbal na Saúde Mental

A exposição constante a esses comportamentos pode causar:
  • Ansiedade e medo no ambiente de trabalho;
  • Baixa autoestima e sensação de inutilidade;
  • Redução da produtividade e desmotivação; e
  • Desenvolvimento de transtornos psicológicos, como depressão, e outras doenças crônicas e muitas vezes incuráveis trazendo custo psicológico e financeiro para toda a vida(medicações, consultas, terapias, e outros tratamentos)
Como Combater a Violência Não Verbal no Trabalho?

  • Criar um ambiente de respeito: Treinamentos sobre comportamento profissional e empatia;
  • Incentivar a comunicação assertiva: Criar canais seguros para que os funcionários possamn relatar abusos;
  • Capacitar lideranças: Ensinar gestores a identificarem e corrigirem comportamentos inadequados;
  • Implementar políticas contra assédio e intimidação: Definir normas claras contra a violência não verbal e
  • Promover a cultura do feedback respeitoso: Estimular conversas abertas e construtivas.
Conclusão

A violência não verbal pode ser tão prejudicial quanto a verbal e precisa ser combatida. Criar um ambiente de trabalho respeitoso, com comunicação clara e empática, é essencial para o bem-estar e a produtividade da equipe.

3 - Assédio Moral no Trabalho

O que é, Tipos e Como Combater?

O assédio moral no trabalho ocorre quando um colaborador é exposto a situações repetitivas de humilhação, constrangimento ou intimidação, afetando sua dignidade, autoestima e saúde mental. Esse tipo de violência pode partir de chefes, colegas ou subordinados, criando um ambiente de trabalho tóxico e prejudicial.

Tipos de Assédio Moral no Trabalho

Assédio Vertical (de Cima para Baixo)

Ocorre quando um superior hierárquico pratica ações abusivas contra um subordinado.

Exemplo: Um gestor humilha publicamente um funcionário por cometer um erro, expondo-o de maneira vexatória.

Assédio Vertical Inverso (de Baixo para Cima)

Quando um grupo de subordinados ou um funcionário desrespeita e intimida um superior.

Exemplo: Funcionários desacatam um novo gestor, isolando-o e ridicularizando suas decisões.

Assédio Horizontal (entre colegas de mesma hierarquia)

Ocorre quando colegas de trabalho praticam violência psicológica entre si.

Exemplo: Um funcionário espalha boatos sobre outro para prejudicá-lo e excluí-lo da equipe.

Assédio Institucional

Práticas abusivas promovidas pela própria empresa, como pressão excessiva para atingir metas inatingíveis.

Exemplo: Uma empresa cria uma cultura de competição extrema, levando funcionários ao esgotamento mental.

Exemplos de Assédio Moral no Trabalho

Humilhações públicas ou privadas – Gritar, xingar ou ridicularizar um funcionário;

Isolamento social – Ignorar ou excluir um colega deliberadamente;

Sobrecarga ou subutilização de tarefas – Dar trabalhos excessivos ou tarefas insignificantes como forma de punição;

Ameaças e intimidações constantes – Fazer o funcionário trabalhar sob medo constante de demissão; e

Críticas destrutivas – Desvalorizar sistematicamente o trabalho do colaborador.

Impactos do Assédio Moral

O assédio moral pode causar sérios danos psicológicos e até físicos, incluindo:
  • Ansiedade, depressão e estresse crônico;
  • Baixa autoestima e sentimento de inutilidade;
  • Insônia, dores musculares e fadiga extrema;
  • Redução do desempenho e desmotivação e
  • Afastamento do trabalho e síndrome de burnout, e outras doenças que podem se tornar crônicas e muitas vezes incuráveis, ocorrendo o tratamento para toda a vida.
Como Prevenir e Combater o Assédio Moral no Trabalho?

Criar uma cultura de respeito – Promover um ambiente saudável e colaborativo;
Treinar lideranças – Capacitar gestores para uma comunicação empática e não abusiva;
Estabelecer canais de denúncia – Criar meios seguros para que vítimas possam relatar casos;
Implementar políticas claras – Ter um código de ética e regras rígidas contra o assédio;
Realizar palestras e campanhas de conscientização – Informar os colaboradores sobre seus direitos e
Acompanhar vítimas de assédio – Oferecer apoio psicológico e jurídico quando necessário.

Conclusão

O assédio moral destrói a saúde mental dos trabalhadores e compromete a produtividade da empresa. Criar um ambiente baseado no respeito, na empatia e na comunicação assertiva é essencial para prevenir essa prática.

ROSANA PONTES GUEHARD SERPA

















-Psicóloga Clínica;
-Psicanalista; 
-Graduada e Licenciada na Universidade Estácio de Sá (2005);
-Pós graduada em:  
  -Psicofarmacologia pela Unyleya EAD (2007); 
  -Saúde Mental pela Unyleya EAD (2009);
  -Terapia Sistêmica pela Faculdade FAVENI EAD (2021); e
   -Psicanálise Famart EAD (2021)
-Especialista em:
  - Terapia de Casais e família e em Psicodiagnóstico; 
  -Idealizadora da Humanamente Clínica de Psicologia Saúde  e Bem Estar há 7 anos
-Atua como psicóloga desde 2006 em Consultório Clínico próprio:
Avenida dos Jesuítas, 239- Centro-  Macaé -RJ:

Nota do Editor:

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