Frustração é o sentimento decorrente de uma expectativa não realizada, de um desejo não alcançado. Frustrar-se é estar diante de uma realidade não desejada, quando aquilo que esperamos não acontece. A insatisfação de um desejo gera um sentimento de aborrecimento, tristeza e até mesmo desespero.
A sociedade pós-moderna experimenta a “ditadura da felicidade”. A felicidade tornou-se uma obrigação e, por isso, buscamos incessantemente a realização dos mais diversos desejos, para, enfim, experimentar essa tal felicidade. A frustração não entra na roda do dia. Não abre-se espaço para ela e, pelo contrário, falamos pejorativamente de alguém que se comporta de tais e tais maneiras porque é “frustrado”, ou seja, infeliz.
A frustração é deveras importante na formação psicológica dos indivíduos. Esta ditadura da felicidade na qual se evita a frustração está gerando adultos altamente mimados e que não sabem lidar com a vida real, que é feita de realizações e também de frustrações. Uma criança despreparada para suportar as frustrações que a vida lhe impõe pode se transformar no adulto que desenvolve crises emocionais por razões ínfimas ou se sentir constantemente insatisfeito.
É claro que não estamos resumindo uma dificuldade adaptativa de alguns adultos a estes não terem sido submetidos à frustração ao longo da infância por superproteção dos pais. Problemas adaptativos geralmente são multifatoriais e não há apenas uma razão para tais questões.
Como já foi dito, vivemos numa “ditadura da felicidade”, na qual a frustração é evitada a qualquer custo. E isso não se resume aos pais. Toda a sociedade evita a frustração. Evitamos a dor, o fracasso, buscamos o prazer, a felicidade e a satisfação a todo tempo. Adultos inadaptados à realidade não terão como preparar os que virão e assim reproduzimos a ditadura da felicidade.
Não há prazer absoluto em nenhuma área da vida, seja no amor, no trabalho, no dia-a-dia, nos cuidados com os filhos, com si mesmo, na educação, nos estudos e até mesmo no lazer. Ao não tratarmos do tema e gerarmos adultos despreparados para enfreá-la, geramos grande sofrimento, pois a frustração é inevitável e faz parte da vida. Então, sabe aquele não tão difícil de dizer a seu filho? Pois este é o primeiro passo na construção de um adulto equilibrado, que consegue administrar suas frustrações, que mantém relações saudáveis porque consegue ver o limite do outro e, portanto, mais feliz.
Por TÂMARA MELO AZEVEDO
-Mestre em Família na Sociedade Contemporânea;
-Professora universitária e
-Psicologa clínica.
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