O amor é o mais nobre e o mais sofisticado dos sentimentos. E para que ele aconteça, é preciso respeito e admiração. Então, para amar alguém, é preciso, antes desse sentimento, respeitar e admirar. É impossível amar alguém que não se respeite. Num passado não muito distante, os pais não se preocupavam com o amor dos filhos, mas não abriam mão do respeito, e, assim, conseguiam tanto o amor como o respeito. Infantilmente, e de forma insegura, os pais de hoje querem ser amados por crianças e adolescentes que não têm qualquer sofisticação para um sentimento tão nobre. Esses pais, verdadeiramente, gostam muito dos seus filhos, mas há algo a ser construído na educação: tentam ser amados, mas não se fazem respeitar e, ao final, não conseguem nem o amor, nem o respeito. Muitos pais não criam seus filhos para enfrentarem a não-frustação, é incomum ouvi-los dizer “não vou dar” ou “não vou comprar”. Criam pessoas com incapacidade de compreender que a vida nem sempre é favorável; pessoas que ao menor sinal de fracasso não suportam a decepção e criam as mais variadas tentativas de desistência. E isso reflete direta e imediatamente na escola.
A educação é um direito de todos e apesar de teóricos como Durkheim (1978), Freire (1996) e Gadotti (2004) que tratam desse assunto, não há uma cartilha específica para ensinar as melhores formas de orientar os filhos no mundo e, consequentemente, a família não consegue proporcionar sozinha o desenvolvimento pleno das crianças.
Há um consenso entre os profissionais da educação de que a família e a escola devem caminhar juntas, dando o apoio ao desenvolvimento dos alunos, mas a aproximação entre ambos ainda é um desafio. Enquanto diretores e professores se queixam da falta de envolvimento da família na educação, pais ou responsáveis dizem não encontrar espaços de participação dentro da escola.
Para que a criança se desenvolva, é preciso que se socialize e é esse o primeiro papel da escola: promover o conhecimento social e o desenvolvimento das capacidades cognitivas para influenciá-las na sua compreensão do mundo social e na assimilação da cultura social em que vivem. Para o processo de socialização, as crianças precisam aprender o que é correto no meio em que estão inseridas, respeitando os valores morais desse meio. Quando nasce, a criança já faz parte de um grupo e chega à escola trazendo todas as vivências de seu cotidiano, sejam positivas ou negativas.
A família é uma estrutura social básica, na qual as pessoas convivem por um longo tempo. É com ela que a crianças têm suas primeiras experiências de aprendizagem, que muitas vezes acontecem em forma de treino e acabam influenciando também o seu comportamento. A aprendizagem acontece o tempo todo, dentro e fora da escola e em vários níveis de consciência. O conteúdo ensinado em sala de aula muitas vezes pode ser esquecido, mas as relações vividas sempre serão lembradas. Os valores ou conteúdos aprendidos inconscientemente têm mais probabilidade de permanecer. Da mesma forma acontece na família, que é a base na formação dos conceitos da criança: se as experiências vividas por elas forem negativas, seu autoconceito será negativo; bons momentos vividos, por outro lado, terão como consequência a formação de conceitos positivos em suas vidas. O que é vivido pela criança vai influenciar no que ela vai aprender e no tipo de pessoa que vai se transformar. O professor deve conhecer as etapas do desenvolvimento do aluno, estar atento às atitudes dele, sabendo quem é o aluno fora da escola e em que tipo de família vive. Ao respeitar o aluno enquanto ser humano, o professor o ajudará a se transformar em um sujeito responsável, capaz de resolver seus próprios problemas, sendo, assim, agente de seu processo de aprendizagem.
Para cuidar das crianças, precisamos dar atenção a elas, considerando o seu processo de crescimento e desenvolvimento. É necessário que haja um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado. As práticas de educar e cuidar são indissociáveis, se complementam. Não se pode separar corpo e mente, e sim articular o processo das práticas como um único. Assim, todos os processos educativos necessitam de uma participação ativa dos pais, e para que todos esses desafios sejam superados, é necessária uma união entre a escola e a família. Cuidar da criança é uma ação complexa que envolve diferentes fazeres, gestos, precauções, atenções, olhares. Refere-se a planejar situações que ofereçam à criança acolhimento, atenção, estímulo, desafio, de modo que ela satisfaça suas necessidades de diversos tipos e aprenda a fazê-lo de forma cada vez mais autônoma. Quando percebe que está sendo cuidada, a criança se sente segura e adquire autonomia para fazer sozinha, até que se torna independente. Cuida de si mesma, desenvolve sua afetividade, motricidade, imaginação, raciocínio e linguagem, formando um autoconceito positivo em relação a si mesma.
A escola é uma das instituições que têm maior influência sobre as crianças; por essa razão, precisa considerar toda a bagagem de vida trazida pelos alunos e realizar práticas pedagógicas que os motivem, para que sintam vontade de ir à escola, de viver aquele momento novamente. Devem educar, que não é apenas ensinar, instruir, treinar, domesticar, e, sobretudo, formar a autonomia do indivíduo e socializá-lo para as novas gerações.
É necessário romper as barreiras entre a família e a escola, investir no diálogo, pois a ausência desse entre os lados e a falta de uma cultura de participação são algumas das maiores dificuldades observadas no dia-a-dia. A presença da família na escola não pode ser vista como uma ameaça ou espécie de intromissão.
Atualmente, a participação da família na escola ainda está restrita a ações pontuais, e o formato de boa parte dos encontros também não contribui para a aproximação, principalmente quando dificuldades de crianças são expostas na frente de todos os pais.
Não existe um limite claro entre o que é responsabilidade da família e o que é da escola, mas é importante que os dois lados trabalhem juntos para fazer com que o aluno aprenda e seja bem-sucedido.
Há inúmeras maneiras de ajudar a escola a promover o crescimento do aluno. A presença da família é o mais importante. Embora muitas famílias tenham o desejo de se envolver mais, muitas não sabem sequer por onde começar, pois existem diferentes níveis de engajamento. Antes que os pais estejam mobilizados para influenciar mudanças políticas educacionais, devem estar engajados com a educação dos filhos dentro de casa. A partir daí, conseguiriam se conectar mais com a escola e, em um terceiro estágio, poderiam criar um compromisso com a educação em uma esfera maior, numa sociedade mais justa e menos violenta.
Não existe uma regra geral de como se aproximar das famílias. Cada escola precisa descobrir junto com as famílias um jeito de trazer essa participação - Frase de Heloísa Szymanski que é doutora em educação pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e pós-doutora pela Universidade de Oxford, na Inglaterra.
POR ZILDA CARLONI
-Graduação Letras pela UNIFEG - MG;
-Pós-Graduação: Revisão de Textos - PUCC Campinas- SP;
-Professora de Língua Portuguesa para
Estrangeiros;
-Professora de Língua Portuguesa e
Língua Inglesa Ensino Fundamental e Médio desde 1980;
-Tradutora (Inglês/Português);
-Especialização
Inglês: Arte e Técnica da Tradução – PUCC- Campinas- SP.
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