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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

São Josemaria Escrivá Balaguer:a santidade no cotidiano



“A santidade compõe-se de heroísmo. Portanto, o que se nos pede no trabalho é o heroísmo de “acabar” bem as tarefas que nos comprometem, dia após dia, ainda que se repitam as mesmas ocupações. Senão, não queremos ser santos” (Sulco, 529).

Para iniciar minha participação nesta seção do Blog do Werneck, gostaria de falar um pouco sobre São Josemaria Escrivá de Balaguer, fundador da Opus Dei, que deixou uma enorme herança espiritual para aqueles que buscam se dedicar cotidianamente na busca de uma vida de santidade no estado laical, ou seja, não sendo religioso ou estando na hierarquia católica. Além disso, seus ensinamentos parecem ajudar qualquer pessoa que busca uma vida plena de sentido diante das contrariedades do cotidiano. 

São Josemaria Escrivá sempre me encanta, pois é um santo recente, se posso dizer mais, é um santo jovem. Temos inúmeros vídeos dele no YouTube de quando fazia encontros com os membros da Opus Dei pelo mundo. Um homem carismático, com uma linguagem direta, mas com palavras capazes de encher o coração vida de sentido. O santo atraía crianças, jovens, adultos e idosos, sacerdotes e leigos, ensinava que devemos aceitar a dor, o sofrimento e as angústias do dia a dia como prova de amor a Deus que é puro amor. Este amor que nos faz encarar a tarefa mais simples, mas como sendo uma retribuição para Deus, que me torna mais santo e unido a Ele.

Escrivá nasceu no dia 9 de janeiro de 1902 em Barbastro, Espanha. Viveu numa época na qual a mortalidade infantil era altíssima, restando de uma família numerosa somente ele e mais 2 irmãos. Por volta dos 16 anos de idade, ele sentiu que Deus queria algo especial de sua vida. Até então pensava em construir uma carreira civil, como qualquer outro jovem da época. Todavia, no inverno de 1918 ele viu na neve as pegadas de um frei carmelita descalço. O sacrifício daquele frei o impactou extremamente, pois por amor a Deus, pensava ele, como alguém suportava tamanha oblação. Ele foi atrás do frei e conversou com ele, mas percebeu que Deus não o queria como religioso carmelita.

No entanto, aquela experiência despertou algo muito forte em seu coração. Ele sentia que precisava entender o que Deus planejava para ele. Este sentimento o tomou de forma tão abrupta que não conseguia conter-se. Era como se Deus o chamasse para algo que ele não sabia o que era. Para discernir essa vocação, Escrivá resolveu se tornar padre. Percebeu que a questão não era ser padre ou não, mas descobrir e viver o plano de Deus na sua vida. Ele então, contou esse desejo ao pai, que tomado de grande emoção, o levou para um sacerdote conhecido. No mesmo ano, ingressou no seminário.

Passados os anos de formação, em 1925 foi ordenado sacerdote em Saragoça e após sua ordenação exerceu atividades ministeriais no pequeno povoado de Perdigueiro por 7 meses e depois retornou a Saragoça para iniciar o doutoramento em direito.

Já como sacerdote, Escrivá continuava a perguntar a Deus, em suas orações, o que o Senhor queria dele. Desde daquele primeiro chamado, durante os anos de sua formação no seminário e como jovem sacerdote, sempre repetia a resposta do cego a Jesus: "Senhor, que eu veja"! Este versículo tinha se tornado um tipo de jaculatória em suas orações. Buscava veementemente descobrir qual seria sua missão e por qual razão que fora chamado por Deus. Eis que no ano de 1928, durante um retiro, ele obteve a resposta de Deus. Organizando suas anotações e olhando para aqueles papéis nos quais ele anotava sentimentos, versículos e percepções da sua vida, ele percebeu que deveria abrir um caminho na Igreja em que uma multidão de pessoas iria passar. Sua missão era pregar a santidade e a vida em união a Deus por meio trabalho profissional e pelas atividades cotidianas. Essa deveria ser a missão a todos os batizados. Essa obra seria chamada de Opus Dei. Com isso, no dia 2 de outubro de 1928, ele fundou a obra e teve sua vocação discernida. Naquele dia, ele vislumbrou toda obra e percebeu qual seria seu propósito de vida.

No início da obra somente homens participavam, vários rapazes o acompanharam. Para isso, ele escreveu sua primeira obra espiritual chamada de "O Caminho", composta de pequenos aforismas para a reflexão durante o dia. Essa obra foi como um roteiro espiritual para estes rapazes, com instruções para espiritualidade masculina. No ano de 1930, Escrivá teve um outro vislumbre e abriu a Opus Dei para as mulheres. Enfrentou algumas dificuldades devido à Guerra Civil Espanhola, mas o número de pessoas aumentou.

Com o passar dos anos, cada vez mais membros ingressaram no caminho espiritual. Escrivá escreveu outros livros espirituais como o Sulco e a Forja. A Opus Dei também se espalhou por outros países e continentes. Sua mensagem cativou cada vez mais pessoas, que queriam viver a santidade e uma espiritualidade profunda, mesmo não sendo membros de uma congregação religiosa ou sacerdotal. Então, no ano de 1943, Josemaria fundou a Sociedade Sacerdotal de Santa Cruz, que formou padres e também acolheu padres diocesanos que buscavam viver esse carisma na vida sacerdotal, com o intuito de que os mesmos pudessem orientar os fiéis que se agregavam na Opus Dei pelo mundo.

Em 26 de junho de 1975, Josemaria Escrivá faleceu em Roma. Ele morreu sem ver sua fundação aprovada pela Igreja de Roma, fato que aconteceu somente no ano de 1982, quando o Papa João Paulo II tornou a Opus Dei uma prelazia pessoal do Papa. Mais uma vez, esse fato revelou que o tempo de Deus não corresponde às ansiedades humanas e que a fundação da obra se deu por intermédio de Escrivá, mas que a obra em si pertence a Deus. A concretização da obra vislumbrada naquele retiro de 1928 só foi visto por ele na eternidade. Sua canonização se deu no dia 6 de outubro de 2002, na Praça São Pedro, no Vaticano, celebrada pelo Papa João Paulo II.

Hoje a obra se encontra nos cinco continentes, atraindo pessoas dos mais diversos segmentos e classes sociais. Um tipo de espiritualidade extremamente condizente com o mundo atual, propondo sobriedade e dedicação na vida leiga comum. Uma santidade que não precisa de conventos ou mosteiros, mas a moção interior de viver a vida usual com alegria e dedicação, mesmo diante das maiores provações.

Para encerrar, incentivo que você busque na internet alguns vídeos das tertúlias de São Josemaria Escrivá. No ano de 1974 ele veio na América Latina e no Brasil. Particularmente, considero que são os melhores vídeos dele. Embora não seja um católico, você pode conhecer este homem tão místico e tão próximo da nossa sociedade.

Gaudium et pacem

Recomendações:

POR FÁBIO DA FONSECA JÚNIOR



















-Graduado em Filosofia e História;
-Professor de Filosofia, Sociologia e História e
-Mestrando em Educação pela Universidade Federal de Lavras.

Nota do Editor:

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