Atualmente estou comprometido. São 8 meses de relacionamento e no fim de meus 33 anos e várias tentativas ao longo do tempo me envolvi com uma mulher com duas filhas.
Como todo mundo eu tenho a minha bagagem das experiências que vivi. Já havia namorado outras mulheres que tinham uma criança de outro envolvimento amoroso, mas na maioria das vezes o pai biológico era pouco presente ou completamente ausente.
Desta vez foi tudo novo para mim... Duas meninas, pai presente, bom relacionamento entre minha mulher e seu ex-marido e de repente saio da Baixada após décadas morando lá e sou inserido num novo núcleo familiar.
Confesso que inicialmente tinha o receio de conhecer o ex da minha esposa. Tinha criado em minha mente uma imagem negativa. Secretamente eu o vilanizava a cada vez que ele era mencionado. Era como se a minha mente masculina esperasse por competição.
Eu me entregava a um ciúme desnecessário já que eu nunca havia visto a pessoa, mas a imagem era quase palpável. Isso durou um mês.
E fomos apresentados em circunstâncias estranhas já que eles, apesar de separados, dividiam a casa que moraram por anos com as crianças, e passamos a ter contato ocasional, nos esbarrando quando eu chegava e ele saia.
Como eu passava muito tempo na companhia de minha mulher e das crianças, logo o contato entre nós ficou mais frequente e passamos a conversar e, para a minha total surpresa, vi que ele era um cara legal. Começamos apenas com conversas sobre as meninas, horários, escola e outros.
Como minha presença passou a ser assídua na casa por conta do meu trabalho que era bem perto da casa deles, dentro de pouco tempo passei a dormir na mesma casa em que o ex.
Raras foram às vezes que encontrei ser humano tão solícito quanto ele que dormia no sofá enquanto eu dormia com a ex- esposa dele no quarto que outrora foi dele, debaixo do mesmo teto que ele e as filhas.
Acordávamos mais ou menos no mesmo horário e, após os primeiros dias de esbarrões, meio constrangidos de ambas as partes, passamos a ter um contato mais amigável. Ele perguntava se eu queria um café e eu perguntava se ele queria um cigarro. Ele contou que ficava feliz de eu cuidar bem das filhas dele e me importar imensamente com o bem estar delas e que as meninas me adoraram e gostavam quando eu ficava por perto.
Bem, e minha mulher?
No princípio ela gostou dessa situação e chegamos a beber os três juntos algumas vezes, caronas ocasionais e tivemos conversas até tarde da noite.
Percebi que eu tinha um novo amigo e aí minha mulher passou a não gostar mais, visto que eu poderia conversar com outra pessoa agora e acabava me distraindo em conversas sobre religião, filosofia, cultura pop e séries de Tv com o ex-marido dela, até que encontramos um ponto de equilíbrio. E há quem possa pensar que somos parecidos, mas não somos. Ele é calmo e lógico, e eu agitado e expansivo e seria o lugar comum que não nos déssemos bem.
A lição que tirei ao longo desses últimos meses foi que, com maturidade e racionalidade, podemos evitar situações desagradáveis, competições fúteis e estresse. Sem guerra de testosterona.
Cada um tem sua própria vida e experiências, um passado único que forma cada ser humano que temos contato hoje e eu entrei na vida dessas pessoas nesse ponto.
Eu amo a minha mulher com todas as suas qualidades e defeitos e parte da vida dela envolveu uma diversidade extensa de outros fatores que não giram e nem nunca giraram em torno de mim. Ele é o pai das filhas dela, das crianças que eu amo e cuido quase todos os dias, entre a corrida diária para apronta-las para o balé, leva-las para a escola, ajudar a fazer os deveres de casa e coloca-las para dormir; nós dois, mesmo sendo tão diferentes, chegamos ao mesmo senso comum: elas são a prioridade. Saber conviver com isso tudo me fez bem e não nego que parte da minha cabeça ainda estranha essa dinâmica nova da minha vida.
#Sou amigo do ex.
POR RAFAEL CANTO
-Fotógrafo e escritor:
-Estudou biblioteconomia na UNIRIO.
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Nossa Rafael que legal!!! Mas é isso mesmo arrumou companheira com filhos tem que ama-los TB!! Parabéns pela maturidade!!! Um forte abraço !!
ResponderExcluirMuito obrigado! Faz parte da vida saber conviver. Abraço!
ExcluirMuito obrigado! Faz parte da vida à dois conviver com que a pessoa é. Respeitando as escolhas e o passado de cada um.
ResponderExcluirBom dia! Por isso que sempre procurei me dar bem com os ex, mas infelizmente, eles ainda não tem esse nível de maturidade para perceber o que realmente é importante, manter o convívio familiar. O relacionamento antigo mudou de status, passou para amizade, o que, inclusive, se torna um apoio muito importante para todos. Ninguém está livre de infortúnios, e ter a parceria de quem te conhece bem, faz muita diferença.
ResponderExcluirTer a mente aberta ajuda muito. Obrigado pelo comentário!
ExcluirIsso não é maturidade e burrice
ExcluirIsso não é maturidade e burrice
ExcluirIsso não é maturidade e burrice
ExcluirIsso não é maturidade e burrice
ExcluirBom artigo Rafael, segundo minha concepção deve realmente ser mais provável que isso ocorra entre homens do que com mulheres
ResponderExcluirBem, foi minha primeira experiência do tipo, mas me informarei se ocorre com as mulheres também. Se bem me lembro, acho que uma amiga já passou pelo mesmo. Obrigado por comentar!
ExcluirAcho muito difícil, dentro do quadro de competitividade que as mulheres tende a viver (mesmo eu sendo mulher), ter essa maturidade... essa aceitação...
ResponderExcluirÉ difícil sim, mas não impossível ainda mais no quatro família que a atual sociedade tem se estabelecido.