O Homem está doente. Um inventário sinistro mostra que, nos últimos 100 anos, 70 conflitos religiosos, étnicos, políticos, raciais e ideológicos provocaram a morte de quase 200 milhões de seres humanos, desperdiçando-se trilhões de dólares nesse extermínio sistêmico.
Somente a 1ª Guerra Mundial, que eclodiu por disputas territoriais, deixou mais de 19 milhões de mortos. Na 2ª Guerra Mundial, cujo objetivo era evitar a expansão de governos totalitários como o nazismo, de Hitler e o fascismo, de Mussolini, 57 milhões de pessoas morreram.
Nos maiores conflitos da Ásia, 62 milhões de vidas foram extirpadas: na revolução cultural na China, onde a dimensão terrorista era inseparável do comunismo; Coréia, que foi envolvida em uma brutal guerra fratricida; Camboja, que convive com intensa guerra civil, por razões políticas; Rússia, quando vários genocídios foram patrocinados por Stalin, e por regimes depois dele; na guerra civil entre o Vietnam do Norte e o Vietnam do Sul, tentando evitar a sua unificação sob o comunismo; Índia e Paquistão, cujos territórios foram divididos por critérios religiosos (muçulmanos e hindus), e estão em conflito há mais de 20 anos; Indonésia, onde nos últimos 40 anos, são constantes as lutas entre muçulmanos e católicos; na guerra civil do Afeganistão, que começou com a invasão soviética tentando consolidar o governo comunista no país, e que perdura até hoje, inclusive com invasão americana, apoiada pelos rebeldes afegãos, contra o regime dos talibãs; e o conflito militar Irã-Iraque, resultado de disputas políticas e territoriais entre os dois países.
As grandes guerras da África já dizimaram 16 milhões de africanos. A Eritréia foi incorporada à Etiópia e promoveu uma guerra civil, por razões ideológicas e por sua independência; a guerra civil da Somália se estende desde 1986; o Zaire também foi abalado por uma violenta guerra civil; no Sudão, a guerra do governo islâmico contra o exército cristão persiste por mais de dezesseis anos; o agente causador da guerra de Biafra foi um choque entre dois grupos étnicos da Nigéria, ibos e hausas; a guerra civil moçambicana, por poder político, durou 16 anos; o genocídio de Ruanda foi perpetrado por facções de hutus, atacando tutsis e hutus moderados; a guerra civil da Argélia marcou a luta pela sua independência, e depois, contra grupos extremistas islâmicos; a guerra civil de Uganda, arrasta centenas de milicianos adolescentes e crianças, para suas fileiras, promovendo o horror e o canibalismo; e em Angola, a guerra pela independência de Portugal, foi seguida por outra, civil.
Nos últimos 50 anos, 03 milhões de brasileiros morreram assassinados, na nossa guerra civil diária, comandada pelo tráfico de drogas, impunidade, corrupção e políticas frouxas.
Além do extermínio de milhões de homens, mulheres e crianças, a herança deixada por esse genocídio global consiste, também, em milhões de órfãos, desabrigados, rejeitados, refugiados ou mutilados; num grande arsenal de minas e armas nucleares espalhadas pelo mundo; na fragilização das democracias; aumento da dívida pública dos países envolvidos; falência em massa de empresas; desemprego; e crise financeira internacional. Não aprender a lição, propaga o ódio, terrorismo, miséria e doenças, criando barreiras intransponíveis para a superação dos conflitos e do subdesenvolvimento.
Essa conclusão ressuscita a inquietante necessidade de uma reflexão acerca da intolerância que contribui para agravar tensões, com um componente explosivo, pois falam de Deus e executam em Seu nome, nascem irmãos e se destroçam mutuamente. É preciso conjugar esforços, para revogar esse direito de matar, em definitivo, exercitando o nosso lado Humano, através do diálogo e respeito pelas diferenças.
POR MARTHA E.FERREIRA
-Economista e Consultora de Negócios
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