Pode ser que em outros países a terceira-idade, como se convencionou chamar os velhos, seja a melhor delas. Seguramente não no Brasil, país sufocado por anos de gestões equivocadas – para dizer o mínimo –, e por uma elite política completamente dissociada das necessidades da população, despreocupada em preparar uma rede de ações sociais que a atendesse.
Durante os anos de crescimento demográfico, quando o país era jovem, não se priorizou a educação de qualidade como política de Estado. Formamos gerações de brasileiros despreparados, destinados a subempregos ou, pior, a emprego algum. Sem trabalhar, essa massa de jovens também não contribui para com a previdência social. Desperdiçamos criminosamente essa onda de expansão demográfica, condenando nossa juventude à ignorância de cabresto, que tudo aceita.
Envelhecemos, e as previsões são de que em 2100 sejamos uma nação de idosos, uma população quase que totalmente na "melhor idade", vejam só. Milhões vivendo miseravelmente, se não começarmos agora a pensar de maneira responsável em como reverter essa situação. Será difícil, mas não impossível, se aprendermos a reagir, assumindo a condição de agentes ativos de nosso próprio destino.
Um exemplo recente de onde podemos reagir é a atuação da ANS – Agência Nacional de Saúde Complementar, que reverteu liminar concedida pela Justiça Federal de São Paulo, no dia 12 de junho, que estabelecia reajuste de 5,72% para os planos de saúde individuais. Em manifestação clara contra os consumidores e a favor das operadoras que deveria regular, a agência autorizou um aumento de 10% retroativo a maio.
Essa é uma questão da maior importância para nós, aposentados ou em vias de, que investimos em planos de saúde durante anos, pagando caro para não ficar à mercê de hospitais públicos superlotados em uma época da vida em que nosso poder aquisitivo cai. O mercado de trabalho não é muito benevolente para com quem já passou dos 60.
Estranhamente, o governo federal não se pronuncia, como se essa questão não lhe dissesse respeito. Não é verdade. Os planos de saúde perderam mais de 3 milhões de usuários nos últimos 3 anos, e essa massa desatendida agora procura o SUS – Sistema Único de Saúde, já sobrecarregado com demandas que não consegue atender.
Teremos eleições presidenciais em outubro e vou escolher meu candidato estudando, com lupa, planos de governo e promessas de campanha. Os postulantes que não levarem em conta os interesses da população da terceira-idade receberão de mim a mesma indiferença, simples assim. Somos trinta milhões de brasileiros acima de 60 anos, segundo o IBGE, está mais do que na hora de nos fazermos ouvir.
Soube que a Suíça é o melhor país do mundo para envelhecer, com Noruega, Suécia e Alemanha vindo logo atrás. Não por acaso também são excelentes lugares para nascer, crescer, estudar, viver, enquanto no Brasil sobrevive-se, com alguma sorte. Temos uma chance de começar a mudar esse quadro, não pretendo desperdiçá-la, e você?
POR BEATRIZ RAMOS
-Cronista; e
- Publicitária
- Trabalha com mídias sociais
NOTA DO EDITOR :
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Coerentes palavras.
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