A Culpa é Minha

A culpa do atual estado de coisas no Brasil é minha. Sou culpada pela corrupção sistemática que leva 2,3% do PIB todos os anos para o ralo; irresponsabilidade na aplicação de bilhões e bilhões de reais, arrecadados pelos 76 diferentes tipos de impostos pagos por nós, impostos estes, que enriquecem os mesmos suspeitos de sempre e amarram o crescimento econômico de todos os outros; pela falta de infra estrutura que nos arrasta para trás e nos coloca lado a lado com países africanos; violência que nos aprisiona e que mata mais do que somadas todas as guerras do planeta; situação de caos na saúde e na educação, puxando-nos para a lanterna do ranking mundial; e pelas leis, benefícios e impunidade imorais que nos envergonham.

Devo confessar a minha covardia por fazer pouco ou quase nada para mudar esse quadro. Tenho sido negligente com o Brasil, admitindo incompetentes para administrá-lo e aceitando a cláusula que diz não poder demiti-los por justa causa, nem determinar seus salários. Dei autonomia a eles para fazer o que bem entenderem comigo e com o meu País, colocando a minha vida, na mão dos signatários dos Três Poderes. Eu me ausentei e os ratos dominaram tudo.

É hora de assumir a minha culpa, publicamente, e tomar uma atitude para mudar essa situação indigna de quem quer ter a honra de ser chamada de brasileira. Anular meu voto? De jeito nenhum! Uma eleição custa bilhões de reais saídos dos nossos bolsos e não garante melhores candidatos na próxima. O que garante isso é a minha escolha, minha fiscalização sobre as ações e reformas promovidas pelo Estado e a retomada do comando de minha vida, por mim mesma.

Vou ficar de olho no histórico do meu candidato, no vice, nos suplentes, nos padrinhos, nos caciques dos partidos que comandam tudo; nas articulações, coligações partidárias, programas de governo; e em quem cada candidato pretende nomear como ministro, secretário, assessor. Qualquer ligação perigosa e vou descartá-lo, divulgando o porquê. Depois, procurarei outro que esteja em consonância com os meus anseios, minha convicção do que é certo e que seja digno do meu apoio. Não vão faltar opções. O que mais tem é cidadão candidato.

Não vou parar por aí. Depois das eleições, durante os próximos 04 anos, vou cobrar suas promessas de campanha, acompanhar seus projetos, criticá-los, rejeitá-los ou aprová-los. Quero fiscalizar cada ato, contrato e colocar seus colaboradores sob minha lupa. Divulgarei o número de funcionários nas repartições e Prefeituras, o volume das suas despesas e a sua performance no atendimento ao público. Estarei de olho na transparência de cada administração e na competência dos gestores do Estado ou do município para atrair investimentos, gerar riqueza e renda. O Congresso que se cuide, porque as redes sociais não darão trégua, espremendo cada movimento desfavorável ao povo. Por fim, mas não menos importante, exigirei uma chance para os menos favorecidos, mas de forma justa e sustentada, porque os pobres merecem muito mais do que uma bengala. 

Vou fazer disso uma rotina diária como escovar os dentes ou pentear os cabelos. E sugiro que você faça o mesmo, porque você é tão culpado dessa situação quanto eu.

POR MARTHA E.FERREIRA

-Economista e Consultora de Negócios

Nota do Editor:

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