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sábado, 29 de setembro de 2018

Violência contra Professores: Até Quando?


"Professora Marcia Friggi - Foto Reprodução do Facebook"

O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial  da violência contra os professores!!

Em face da crescente onda de violência sofrida pelos professores no Brasil, fica a certeza de que a Educação deste país despenca ladeira abaixo de forma vertiginosa. Haja vista três casos pontuais de agressão verbal e/ou física ocorridos somente nesses dois últimos anos, quase sempre em plena sala de aula, a saber: 

-No dia 21 de agosto de 2017, uma segunda-feira, a professora Marcia Friggi, hoje com 51 anos, foi vítima de um soco no rosto, desferido por um aluno de 15 anos, na cidade de Indaial, em Santa Catarina. Ela precisou ser afastada por licença médica, tendo pago do próprio bolso o tratamento, inclusive o psicológico, uma vez que sofre de depressão e ansiedade até hoje e acabou mudando de escola. O agressor, que deixou a professora com o rosto todo ensanguentado na ocasião, nunca mais voltou às aulas; 

-Em 25 de agosto deste ano, em Camanducaia, ao sul de Minas gerais, na Escola Estadual Doutor Moreira Brandão, Tiago Assis Silva – que havia se formado há apenas dois anos – teve o rosto pisoteado por dois alunos que jogavam bola durante a aula e se revoltaram com o pedido do professor para que parassem com a brincadeira. Diante da recusa dos alunos, Tiago pegou a bola da mão deles, quando então os meninos começaram a agredi-lo. O professor afirmou que registrou boletim de ocorrência na polícia e que "a direção não quis falar sobre o caso". Apesar da violência sofrida e do descaso da Escola, ele continua lecionando;  e

-O professor de Letras Thiago dos Santos Conceição, de 31 anos de idade, que mora em Itaboraí e foi o único de quatro irmãos a se formar no ensino superior, acabou sendo vítima de um verdadeiro bullying na Escola Municipal Mestre Marçal, em Rio das Ostras, no Rio de janeiro. Thiago, por sua vez, sofreu xingamento, humilhação e desacato no dia 18 de setembro próximo – passado. Tendo sido chamado de "macaco" , em alusão ao fato de ser negro, o professor pediu demissão, enquanto o principal agressor foi expulso da Escola. Ele havia também "comido" um pedaço da folha de prova e ameaçado Thiago de morte. Após o ocorrido, por conseguinte, o adolescente em questão pediu desculpas ao professor, o qual entendeu, mas se manteve firme na decisão de não mais lecionar naquele estabelecimento de Ensino, permanecendo nas outras duas escolas em que também trabalhava. 

Diante de tais ocorrências que são apenas uma pequena amostra do vandalismo, desrespeito e desvalorização que acometem o professor brasileiro, faz-se necessário examinar uma pesquisa feita em 2015 pela APEOESP – Sindicato dos professores do Estado de São Paulo. Segundo tal pesquisa, 44% dos docentes que atuavam no estado afirmaram já ter sofrido algum tipo de agressão. 

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, ( OCDE) realizou uma enquete de acordo com a qual 12,5% dos professores do Brasil são vítimas de agressão verbal pelo menos uma vez por semana, o que consiste no índice mais alto entre todos os 34 países pesquisados.

Depois do Brasil, aparecem a Estônia, com 11%, e a Austrália, com 9,7%. Por outro lado, a Coreia do sul, a Malásia e a Romênia destacam-se com índice de violência zero. 

Mas qual seria a razão de tão alto índice de agressão ao professor nas escolas brasileiras, notadamente nas públicas?

De acordo com a análise de pedagogos e psicólogos especializados, o fato de não estabelecer limites e de fazer todas as vontades dos adolescentes por parte dos pais denota o motivo real de o Brasil estar nesta lamentável situação. 

Todavia, há outras razões, tais como a certeza da aprovação, a nova lei que impede os pais de "darem palmadas" nos filhos e o descaso quase total das autoridades ditas competentes.

Só nos resta esperar que os governantes do futuro se dediquem a operar o milagre de resgatar a qualidade da educação pública brasileira, fazendo com que ela volte a ser tão boa como já foi outrora, apesar das mazelas da ditadura então reinante. 

Até lá – se é que existem esse tempo e lugar, ou vão existir algum dia – só nos resta a pergunta: - Até quando? 

POR MARIA ELIZABETH CANDIO 















-Mestre em Letras pela USP, Universidade de São Paulo (2007), com dissertação de mestrado em Estudos Comparados de Literaturas em Língua Portuguesa;
-Possui graduação em Letras e Tradutor-e-Intérprete pela Faculdade Ibero-Americana (1982);
-Pós-graduação Lato Sensu em Literatura Brasileira-Fase Modernista (1985);
-Leciona há 36 anos na área de Letras,com ênfase em Língua Portuguesa,Língua Inglesa,Técnicas de Redação,Português Instrumental,Inglês Instrumental,Literatura Brasileira e Literatura Portuguesa e
-Tem experiência em Ensino Fundamental,Médio e Superior e um livro de poemas publicado,Canção Necessária (1986).

Nota do Editor:
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