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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Aquarela Brasileira além do sonho genial!



Autora: Marilsa Prescinoti(*)


 

Um Brasil Dividido!

226 mil mortos e contando!

Uma seita formada e se formando!

Um Executivo submetendo!

Um Legislativo submetido!

 

Nesta aquarela pálida:

O vermelho apagado da extrema esquerda se confunde com o verde amarelo desbotado da extrema direita, virulentos na forma, na ação e no modus operandi; não faltou o opaco indefinido que nada serve, agrada ou corresponde.
 
Na prática são mais de 226 mil mortos, vacinação atrasada, politizada, negada e só no grito alcançada; a saúde, em plena pandemia, a mercê do negacionismo que se reflete em inação, ingerência e morte. 

Sistema de saúde comprometido em muitos Estados e Municípios; um Presidente da República que desfila indiferente em total falta de empatia e respeito. 

Ministério da Saúde incompetente, no comando da pasta, a servir um soldado tresloucado; temos um general que só reage. 

Desemprego crescendo, miséria aumentando, um Brasil submetido. Falta projeto de País, sobra arroubos fantasiosos do Paulo Guedes. 

Brasil no balcão de negócios elegeu os candidatos do Planalto para presidência das duas casas do Legislativo. Para comandar a Câmara, o Arthur Lira do Centrão fisiológico, que já foi preso, condenado em primeira instancia por corrupção, réu e investigado em outros processos.

Para presidir a mais importante Comissão da Câmara, a CCJ, o nome mais cotado é de uma deputada bolsonarista investigada pelo STF por atuar contra a democracia; uma deputada sem compromisso com a verdade, conhecida como rainha das fakes nas redes sociais. Uma mulher pública que se presta a ensinar como burlar a medida sanitária para uso de máscaras em franco escárnio a seriedade e compostura que cargo exigiria.

Ainda não sabemos se o presidente tem o Centrão ou se o Centrão tem o presidente. Mas é fato que o baixo clero, o baixo nível e a vassalagem chegaram ao topo no Executivo e Legislativo, esbanjando dinheiro público, esbanjando falta de decoro e vergonha na cara. O toma lá da cá é anunciado em versos e prosas. A culpa é sua, que se ajoelha servil a tudo isso "senão o PT volta"; a culpa é sua, que se ajoelha a tudo isso, recitando o passado pela falta de vergonha na cara do presente. A culpa é sua, que ao se ajoelhar a isso, perde o horizonte e se curva ao obscurantismo.
 
Oposição partidária a isso tudo não temos. Só um amontoado de gente com mandato tentando levar alguma vantagem e, com sorte, não contrariar a fúria vingativa do senhor dos cofres e da ABIN paralela. Sabe como são as coisas... não é bom provocar.
 
Oposição da sociedade, em plena pandemia, se resume algumas milhares de pessoas que não perderam a coerência nem os princípios republicanos e democráticos; alguns setores da imprensa que se mantiveram no jornalismo profissional e sofrem ataques diários do totalitarismo que não admite ser contrariado. Fora isso, sobra servilismo e falta de vergonha.

Neste cenário começa os próximos dois anos do presidente eleito para acabar com o "sistema"; o homem que iria acabar com o toma lá da cá, mas que tomou de assalto as verbas parlamentares para fazer valer seus interesses.

O presidente eleito, que jurou proteger a Lava Jato e o combate a corrução, tem como prioridade livrar a cara da família e de amigos implicados com a justiça. E vai além com a escolha de Augusto Aras pra a PGR bancou o assassinato da Lava Jato uma das maiores operações de combate a corrupção do País, agradando muita gente com mandato. A Lava Jato sucumbiu pelos seus acertos e não pelo seus erros. Mas é fato que o maior tropeço da operação foi criminalizar a politica fora dos autos. Mas não só a Lava Jato sucumbiu, outras grandes operações de combate a corrupção foram vergonhosamente esvaziadas. "Acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção no Governo" (bradou Bolsonaro, o algoz)

Bolsonaro de fato está acabando com algumas coisas na República, inclusive com o respeito e liturgia do cargo que ocupa.

É alguém corroendo o respeito as Instituições, colocando em xeque a credibilidade de órgãos respeitados e confiáveis quando afirma, sem nenhum constrangimento, que vai interferir na PF para saber o que acontece com seus amigos e familiares; quando avança sobre o Estado para abrigar aliados e militares de alta patente e baixo resultado. Quando indica para Anvisa o Almirante que desfila sem máscaras; seu alinhamento com o negacionismo mortal do presidente (felizmente neste, o corpo técnico se impôs). 

É alguém acabando com a independência do órgão, quando exonera cientista renomado mundialmente do Impe porque não gostou da realidade apresentada pelo satélite; quando exonera o funcionário que lhe aplicou uma multa indigesta, por irregularidade, que nem pagou, 10 anos atrás. 

Bolsonaro acaba com um resquício de vergonha e pudor, quando transforma a antiga e inútil TV Lula que prometeu fechar, na milionária TV Bolsonaro, tão inútil quanto. Quando avança sobre as estruturas do Estado para servir aos interesses ideológicos, pessoais e de seu grupo político.

Bolsonaro é alguém avançando sobre a estruturas do Estado para acabar com o trabalho técnico, para acabar com as divergências de opinião; é alguém avançando sobre o Estado para impor o pensamento único de obediência servil ao personalismo do presidente.

A Fundação Alexandre de Gusmão, órgão de pesquisa e divulgação do Itamaraty, ser transformada em escola doutrinária inspirada nos "ensinamentos" de Olavo de Carvalho é um bom exemplo.

Eu, por aqui, não confio nas intenções de um presidente da República que cultua o personalismo, que avança sobre Instituições de Estado, que não respeita a ciência, que não respeita o ente Federativo. Não confio em alguém que avança com benesses, favorecimento para cima das forças de segurança nacional; não confio em um presidente que flerta com o totalitarismo ao mesmo tempo que trabalha fortemente para armar a população e atua deliberadamente para dificultar rastreamento de armas e munições. Não confio em um presidente com ligação estreitas e elogiosas com milícias e milicianos, enquanto submete generais bem pagos às ordens de um soldado que saiu do Exército pela portas dos fundos, para se tornar um capitão politiqueiro.
 
Bolsonaro é alguém acabando com a grandeza da instituição da Presidência da República quando ataca virulentamente a imprensa profissional, para dar um show de cinismo, boçalidade, deboche e desrespeito a sociedade, na República da cercadinho (muito bem apelidado por Otávio Guedes).

Bolsonaro apequena o Executivo quando avança sobre órgão de Estado como sendo extensão particular dos interesses da família.

Neste cenário corrosivo, de desmonte dos órgãos de controle, de passos largos rumo ao totalitarismo, neste regozijo do bestial, tosco e do obscurantismo que alcançou o alto comando do País é que precisamos, enquanto sociedade, nos levantar em defesa do princípios democráticos e republicanos.

Em 2022 teremos mais uma oportunidade, enquanto sociedade e classe política, de aprender com os erros de 2018, quando homens sérios, comprometidos com resultados, foram defenestrados nas urnas pelos extremos populistas; em parte pela desunião de cada qual defender seus próprios interesses.  

Os homens passam, as Instituições devem permanecer. É nosso dever enquanto sociedade defende-las dos tiranos, dos tresloucados, dos canalhas, dos usurpadores, dos genocidas. Somos presas fáceis de populistas, oportunistas e inescrupulosos, todos eleitos a imagem e semelhança do povo. Ainda tenho esperança que um dia chegarem a ser, verdadeiramente, uma Nação.


*MARILSA PRESCINOTI 

REVISÃO de MARESSA FERNANDES













De acordo com suas próprias palavras:
-Administradora de empresa, blogueira e twiteira,
politicamente engajada, esposa, mãe e cidadã comum.

Nota do Editor:

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