Autora: Karla Oliveira(*)
"As escolas precisam reabrir com urgência". "Os danos causados pela pandemia à aprendizagem dos alunos são irreparáveis". "As escolas são ambientes seguros" [...]. Muitos profissionais da educação da rede estadual de São Paulo certamente passaram cerca de dois anos vendo, lendo e ouvindo frases como essas, insistentemente.
As aulas presenciais voltaram gradualmente, com distanciamento e revezamento no segundo semestre de 2021, e obrigatoriamente em 2022, chegando à queda da exigência do uso de máscaras, mesmo em locais fechados, já em meados de março, embora seja sabido (e bastante ignorado) que a pandemia não acabou.
Sem levar em conta a dificuldade de cumprimento dos protocolos sanitários de prevenção à Covid-19 e o acentuado (não causado) problema da queda no rendimento escolar em tempos de ensino remoto, por "n" fatores, a educação se depara nesse contexto com um desafio até difícil de se dimensionar: o reencontro dos alunos em espaço coletivo.
A sensação é de que a grande maioria dos estudantes perdeu as habilidades socioemocionais e que desaprendeu como conviver de forma pacífica e harmônica.
Em vinte e quatro meses de distanciamento, muitos alunos parecem ter perdido a noção de limites e a consciência da importância de se cumprir regras.
Eram esperados atritos e conflitos nesse retorno, mas a verdade é que ninguém esperava e nem estava preparado para lidar com a situação. Agressões verbais e mesmo físicas, por motivos banais, como um olhar, ou um suposto comentário aleatório, podem ter consequências desastrosas.
É preciso calma, mas também reflexão, e apoio do poder público, para que as equipes escolares consigam administrar seus problemas pontuais ou não.
Em qualquer pesquisa rápida (1) pelas redes sociais que contam com grupos de educadores, é possível perceber que se trata de um problema bastante comum e sem fórmula mágica para solução.
Se muitos adultos sofreram com questões emocionais durante a pandemia, seja por depressão, ansiedade, solidão, ou qualquer outro motivo, a saúde emocional dos jovens precisa estar em pauta constante neste momento.
É fundamental reaprender sobre respeito, tolerância, empatia e solidariedade, o chamado aprender a conviver, um dos Quatro Pilares da Educação no Século XXI, descrito por Jacques Delors em 2001.
É necessário reconstruir a disciplina e o equilíbrio dos ambientes escolares. Certamente esse triste episódio da história da humanidade ainda demorará muito tempo para ter suas consequências amenizadas.
Espera-se que as equipes escolares tenham paciência, sabedoria e apoio para lidar com mais esse grande desafio de acolhimento e socialização.
REFERÊNCIA
(1) DELORS, J. et. al. Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 1998
* KARLA REIS
MARTINS DE OLIVEIRA
- Diretora da EEPEI Professor Aroldo Azevedo, em Lorena/SP
- Pós-graduada em Supervisão Escolar, Psicopedagogia Clínica e Institucional, Gestão Escolar e Estudos Literários
- E-mail: karla.oliveira@educacao.sp.gov.br
- Twitter: @karla_martins18
- Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2680839596619365
- ORCID iD: https://orcid.org/0000-0003-4373-690
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Educar uma nação demanda tempo, dinheiro e projeto! A décadas uma escuridão toma conta deste tema! Político não entra em sala de aula! Para que nossa educação evolua precisamos RETROCEDER! Restabelecer a disciplina no ambiente escolar em TODOS os níveis é prioridade!
ResponderExcluirMuito obrigada pelo comentário. Realmente não está fácil!
ExcluirGostei muito do artigo, super atual e de grande utilidade para nossa profissão.
ExcluirCertamente o desandar da Educação não acontece hoje por conta da pandemia somente. A Educação já sofre as consequências do descaso do governo e o abandono/distanciamento da família e da isenção das responsabilidades já muitos e muitos anos. Precisamos urgentemente parar com o apontar de dedos da culpabilidade deste ou daquele grupo. É urgente que nós sejamos unidos para colocar o trem da Educação de volta agora trilhos
ExcluirConcordo, Roberta!
ExcluirParabéns pela reflexão, mto pertinente para o momento atual 👏👏
ResponderExcluirParabéns Karla pelo artigo, a convivência não é fácil e neste contexto atual está mais difícil ainda que tenhamos muita sabedoria e paciência para lidarmos com este retorno de tudo: das aulas presenciais ,da família após traumas de doenças, dos amigos que estão fragilizados e da sociedade. 🙏🏽🙏🏽🌹🌹😘😘
ExcluirMuito obrigada, amiga!
ExcluirOs danos causados pela pandemia afetaram muito a aprendizagem das nossas crianças mesmo,parabéns linda reflexão 👏👏👏
ResponderExcluirMuito obrigada pela participação!!!
ExcluirTive a experiência de fazer o EJA em 2017 e também de participar de alguns eventos dentro da escola, e já bem antes da pandemia, todas as dificuldades deveriam ser analisadas. Muitos estão ali só por estar e Naum são só os alunos🙊 desculpe!
ResponderExcluirConcordo. Muitos problemas foram acentuados, mas realmente não surgiram por conta da pandemia!
ExcluirBom dia🌹
ResponderExcluirParabéns Karla pelo artigo, a convivência não é fácil e neste contexto atual está mais difícil ainda que tenhamos muita sabedoria e paciência para lidarmos com este retorno de tudo: das aulas presenciais, da família após traumas de doenças, dos amigos que estão fragilizados e da sociedade. 🙏🏽😘
Muito obrigada pela colaboração!!!
ExcluirMuito interessante suas reflexões! Tivemos que retomar as atividades presenciais. Estamos nos deparando com situações difíceis. Temos que trabalhar o emocional dos estudantes. 🙏👏😘
ResponderExcluirExatamente. E temos que cuidar do nosso emocional também! Obrigada pela participação!
ExcluirInfelizmente uma triste realidade,que precisa de mudanças e apoio!!!
ResponderExcluirObrigada pela participação!!!
ExcluirMuito bem posto !
ResponderExcluirMinha admiração aos professores sempre! 👏👏👏
Muito obrigada!!!!
ExcluirOlhares educacionais..... simplesmente olhares
ResponderExcluirOlhares com e sem máscaras..
ExcluirInfelizmente os governantes não olham sem as máscaras
ExcluirOlhares educacionais..... simplesmente olhares
ResponderExcluirParabéns, parabéns, parabéns 👏👏👏
ResponderExcluirMuito obrigada, querida!!!
ExcluirEssa é uma reflexão importante demais para a educação. Nós que estamos na fileira da frente do combate, só nós, que estamos lá na sala de aula e nos arredores dela, sabemos o quão sofrido e incansável tem sido nossa luta.
ExcluirSerá que estamos conseguindo cumprir a nossa meta diária na escola?Desenvolver habilidades e competências, ser tutor, ser psicólogo, ser pai e mãe, lidar com violências de todo tipo, gestar a sala de aula, estudar e aplicar metodologias ativas, e do começo ao fim do dia, ser educado e paciente. Se cumprimos, o quanto nos custa?
Ao meu ver, tempos de pós-pandemia na escola nada mais é,do que a culminância de quase dois anos de descaso com a população, onde vimos crescer o abismo da desigualdade social, fruto de toda a violência que estamos presenciando.
E os nossos alunos? São os filhos dos pais que ficaram sem emprego, que passaram dificuldade diversas, que não conseguiram acompanhar as aulas online, que sofreram abusos dentro de casa. E se tiveram aqueles que não vivenciaram tudo isso ou parte disso, ainda assim, eles perderam o maior e mais importante vínculo social que é a escola, por quase dois anos.
É como se nossos alunos tivessem esquecido o que são regras, disciplina e boas maneiras.A escola precisa sim de apoio para enfrentar esse período pós pandemia.Nesse contexto, a educação deveria ser prioridade, mas parece que esqueceram da gente.
(Desculpa o texto longo)
Muito obrigada pela colaboração!!!
ExcluirEssa é uma reflexão importante demais para a educação. Nós que estamos na fileira da frente do combate, só nós, que estamos lá na sala de aula e nos arredores dela, sabemos o quão sofrido e incansável tem sido nossa luta.
ExcluirSerá que estamos conseguindo cumprir a nossa meta diária na escola?Desenvolver habilidades e competências, ser tutor, ser psicólogo, ser pai e mãe, lidar com violências de todo tipo, gestar a sala de aula, estudar e aplicar metodologias ativas, e do começo ao fim do dia, ser educado e paciente. Se cumprimos, o quanto nos custa?
Ao meu ver, tempos de pós-pandemia na escola nada mais é,do que a culminância de quase dois anos de descaso com a população, onde vimos crescer o abismo da desigualdade social, fruto de toda a violência que estamos presenciando.
E os nossos alunos? São os filhos dos pais que ficaram sem emprego, que passaram dificuldade diversas, que não conseguiram acompanhar as aulas online, que sofreram abusos dentro de casa. E se tiveram aqueles que não vivenciaram tudo isso ou parte disso, ainda assim, eles perderam o maior e mais importante vínculo social que é a escola, por quase dois anos.
É como se nossos alunos tivessem esquecido o que são regras, disciplina e boas maneiras.A escola precisa sim de apoio para enfrentar esse período pós pandemia.Nesse contexto, a educação deveria ser prioridade, mas parece que esqueceram da gente.
(Desculpa o texto longo)
Excelente Texto ������������
ResponderExcluirObrigada pelo comentário!!!
ExcluirObrigada!!!!
ExcluirTexto bastante pertinente
ResponderExcluirMuitíssimo obrigada!!!
ExcluirSó quem convive diariamente, sabe os impactos causados pela pandemia, na educação. Excelente colocação!
ResponderExcluirMuito obrigada, querida!
ExcluirSua publicação está perfeita precisamos nos reinventar todos os dias , não é tarefa fácil mas necessários para que a educação transforme de fatos as pessoas.
ResponderExcluirMuito obrigada pela participação!
ExcluirConcordo, plenamente " reinventar" é a palavra chave neste universo dinâmico e evolutivo.
ExcluirPercursos, contextos, redimensionamentos... Importante reflexão, delineando conjuntura social em que a visão humanizadora e transformadora vai convidando a processos de gestão (caráter multifuncional) com focos em compartilhamento de responsabilidades. Grato pelos apontamentos!
ResponderExcluirMuito obrigada pela colaboração, professor!
ExcluirMuito boa reflexão. Mais do que recuperar a aprendizagem, tão importante e exigida, precisamos sobretudo estar atento as demandas sócio emocionais, devido ao contexto da pandemia. Fato esse que infelizmente não vejo como preocupação nas escolas.
ResponderExcluirAcredito que a preocupação precise começar pelos governantes, para amparar as escolas. Obrigada pela participação!
ExcluirO desafio é grande. Temos que ter sabedoria para lidar com este momento de retomada da aprendizagem!!! Palavras perfeitas para o momento!👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
ResponderExcluirMuito obrigada, minha professora!!!
ExcluirAdorei! Retrata muito o que estavamos vivendo nas escolas. Acredito que o poder público deveria ter um plano com foco na convivência e no socioemocional em caráter de urgência. Todos foram afetados adultos e jovens, logo, as equipes escolares precisam de tal apoio para que possam também aprenderem a lidar com o atual momento.
ResponderExcluirExatamente, amiga! Obrigada!
ExcluirEstamos sentindo isso no dia a dia na escola...muito bom!
ResponderExcluirObrigada pelo comentário!!!
ExcluirExcelente reflexão! Leitura enriquecedora.
ResponderExcluirMuito obrigada!!!!
ExcluirUma grande reflexão nos dias atuais...
ResponderExcluirObrigada pela colaboração!!
ExcluirParabéns Karla!!! A pandemia só agravou o aprendizado das crianças, triste realidade.
ResponderExcluirObrigada pela colaboração!!
ExcluirKarla, excelente reflexão. Estar no chão da escola diariamente nunca foi fácil, hoje mais difícil ainda. O emocional de todos nós, gestores, professores, funcionários e alunos, está abalado e pede socorro. Voltar a conviver e saber respeitar novamente o espaço meu e do outro será tarefa árdua e necessária. Parabéns.
ResponderExcluirExatamente! Muito obrigada pela participação!!
ExcluirParabéns, Karla. Muito precisa sua reflexão sobre o cotidiano escolar pós pandemia. Como sempre, procuramos resolver os problemas da escola sem o apoio da secretaria da Educação.
ResponderExcluirMuito obrigada pela participação!
ExcluirKarla, sua reflexão nos aponta para o caos a que pode chegar a educação no Brasil. Dois anos de Pandemia nós forçaram a reinventar e a repensar sobre realmente o que essencial na educação. Os educadores do Estado de São Paulo foram pioneiros e criativos para fazer chegar o conhecimento até o aluno. Os professores heroicamente resistiram ao pânico, ao desânimo e ao cansaço. Foram os que menos receberam suporte adequado e os que mais foram cobrados e exigidos. Tornou-se a violência uma rotina nas escolas neste período considerado pós-pandemia. Os alunos retornaram para a escola mais desanimados, violentos e menos esperançosos sobre as possibilidades do futuro por meio do conhecimento adquirido na escola. E os professores? Ah, estes continuam sendo desvalorizados e super exigidos. O tempo, senhor da razão, nós dirá no futuro o quanto realmente foi perdido e quanto tempo levará para a sociedade avançar por meio de uma educação de qualidade, para além do discurso ideológico e falacioso dos nossos governantes
ResponderExcluirExcelente colocação! Obrigada!
ExcluirDo meu ponto de vista, a situação de desarmonia não é exclusiva da educação e muito menos do Brasil. O " perder se de si mesmo " se instalou nesta era a tempos e se agravou com as inúmeras variantes advindas da pandemia e de fora dela. A desorientação é geral. Tanto alunos, professores, pais e todos que estão ligados à educação, precisam de assistência psicológica, quando , não, material também.
ResponderExcluirEclodiu em todo planeta um ódio que, a princípio, pensei ser midiático e, hoje, percebo que, contamina crianças, jovens adultos e idosos. As pessoas perdem a noção de moral, disciplina e respeito. Como podem orientar crianças e jovens se, nossos adultos estão perdidos. Dois anos que não podem ser esquecidos ou enterrados. A educação é o único caminho desde que, fortalecida, apoiada, preparada, respeitada e bem cuidada
Obrigada pela colaboração!!
ExcluirParabéns pelo artigo!!
ResponderExcluirMuito obrigada!!
ExcluirRealmente, retornar ao ensino, além da dificuldade de todo esse tempo do ensino remoto, tem a dificuldade de relações e emoções que todos passaram por momentos difíceis nesses anos! Um desafio imenso pela frente
ResponderExcluirParabéns!
ResponderExcluir