Tabela 1 - Variação do Índice de Inflação pelo IPCA (2019 a
2024) - acumulado no ano (%)
Ano 2019 2020
2021 2022 2023
2024 (Até Mai)
Índice Geral 2,27 4,52
10,06 5,79 4,62
2,27
IPCA
1- Alimentação e Bebidas 4,23
14,09 7,94 11,64
1,03 4,23
2- Habitação 1,37 5,25
13,05 0,07 5,06
1,37
3- Artigos de Residência -0,68 6,00
12,07 7,89 0,27
- 0,68
4- Vestuário 0,78 -1,13
10,31 18,02 2,92
0,78
5- Transportes 0,32 1,03
21,03 -1,29 7,14
0,32
6- Saúde e cuidados pessoais 3,81
1,50 3,70 11,43
6,58 3,81
7- Despesas Pessoais 1,54 1,03
4,73 7,77 5,42
1,54
8- Educação 5,62 1,13
2,81 7,48 8,24
5,62
9- Comunicação 1,98 3,42 1,38
-1,02 2,89 1,98
Fonte:
IPCA (2019 a 2024), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo IBGE, em 2019, o IPCA apresentou um índice de 2,27%, uma inflação considerada baixa. Os itens, com maiores impactos no IPCA foram educação 5,62%, alimentos e bebidas 4,23%, seguidos de saúde e cuidados pessoais 3,81%, três componentes essenciais para o consumo, portanto impactam a renda das famílias mais pobres. Os itens com menor efeito na inflação foram artigos de residência, uma queda de 0,68%, transportes, um crescimento de 0,32% e vestuário, uma alta de 0,78%.
Em 2020, o IPCA foi de 4,52%, representada por alimentos e bebidas, com a elevação de 14,09%. Os artigos de residência aumentaram 6,0% e habitação 5,25%, num cenário permeado pela pandemia da Covid-19, além de instabilidade política e econômica no governo Bolsonaro, foram itens que influenciaram na alta do IPCA. Enquanto vestuário contribuiu para queda do IPCA, com resultado de -1,13%, transportes e despesas pessoais, cada um, teve um crescimento de 1,03%, e educação de 1,13%.
De 2020 para 2021, o IPCA subiu de 4,52% (2020) para 10,06% (2021), uma elevação significativa para um ano. Os fatores de instabilidade política, impactos da pandemia da Covid-19, aumento nos gastos públicos, falta de direcionamento da política econômica, além de questões de oferta e alta do dólar, de 4,013 (2019) para 5,136 (2020), influenciaram no resultado do IPCA que trouxe efeitos negativos para as famílias de menor renda, pois corrói o poder de compra da moeda e desvaloriza o real.
Os itens que mais pesaram na alta do IPCA foram o transporte com alta expressiva de 21,03%, seguidos de habitação 13,05% e artigos de residência 12,07%. Os elementos com menor impacto no IPCA em 2021 foram: comunicação, com alta de 1,38%; educação, de 2,81%; saúde e cuidados pessoais, de 3,70%. Mesmo assim, apresentaram resultados elevados, se comparados com anos anteriores, fato que indicava uma tendência ao aumento da inflação no Brasil e inibição do consumo das famílias.
Em 2022, o IPCA caiu para 5,79%, devido a alta da taxa de juros Selic de 9,25% ao ano (2021) para 13,75% (2022), sendo que havia subido anteriormente de 2,00% (2020) para 9,25% (2021), com um diagnóstico equivocado de combate à inflação de demanda. A economia brasileira apresentava uma oferta superior a demanda, a inflação era de custo e não de demanda. A alta da taxa de juros Selic reduziu o nível de investimento na economia, a produção caiu, o desemprego aumentou e provocou queda na renda das famílias, como também no consumo. A economia brasileira caminhava para a desaceleração econômica, com tendência para a recessão.
Em 2023, o IPCA foi de 4,62%, a educação apresentou a maior alta, de 8,24%, transportes subiram 7,14%, além de saúde e cuidados pessoais 6,58%, enquanto alimentos e bebidas tiveram uma queda de 11,64% (2022) para 1,03% (2023), na mudança dos governos, com a saída do Bolsonaro e o resultado da política econômica do primeiro ano do governo Lula. Os itens com menores impactos no IPCA foram artigos de residência, com apenas 0,27% de alta e comunicação com elevação de 2,89%.
Em 2024, o IPCA acumulado até maio é de 2,27%, com destaques para a alta de educação 5,62%, alimentos e bebidas de 4,23%, além de saúde e cuidados pessoais de 3,81%. No entanto, artigos de residência tiveram queda de 0,68%, transporte, com alta de 0,32% e vestuário de 0,78%. A alta nos preços de alimentos e bebidas estão relacionados a uma menor safra no ano de 2024, problemas climáticos de secas e de enchentes que afetam a produção agrícola, a elevação de custo total na indústria e taxa de juros ainda alta para aumentar a oferta de crédito na economia e impulsionar o nível de investimento.
Verifica-se uma melhora no quadro da economia brasileira de 2023 para 2024, o PIB cresceu 2,9% em 2023, com 10,9 trilhões de reais no ano. Em 2024, o resultado foi de 2,5% (1º trimestre 2024/1º trimestre 2023) no acumulado do ano, com relação ao mesmo período do ano anterior. A taxa de juros Selic caiu de 11,75% (2023) para 10,50% (junho de 2024) ao ano, embora na última reunião do Conselho de Política Monetária do Banco Central do Brasil, a opção foi por manter a Selic e interromper uma tendência de queda.
A queda da taxa de juros Selic é relevante na recuperação do nível de investimento, na Formação Bruta de Capital Fixo (indústria de capitais, de máquinas e equipamentos, petróleo, aço, dentre outras), na recuperação da base da produção industrial, aumento do nível de emprego e da renda, para o crescimento do consumo e da poupança.
Dessa forma, para a economia brasileira retomar o círculo virtuoso, tendo em vista que a taxa de desemprego caiu e houve uma melhoria nos rendimentos dos trabalhadores, é essencial a continuação da queda da taxa de juros Selic. Se não houver a recuperação no nível de investimento e do crescimento da indústria no PIB, o crescimento econômico não se sustentará no longo prazo. A inflação medida pelo IPCA no patamar atual, não é uma ameaça para a redução da taxa de juros Selic. A queda da taxa de juros Selic reduz a especulação financeira, ao mesmo tempo, contribui para um crescimento mais elevado e sustentável do Produto Interno Bruto (PIB).
REFERÊNCIAS
BACEN.
Taxa de Juros SELIC - 2019, 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024.
Séries Temporais. Disponível em <www.bcb.gov.br/Sériestemporais>. Acesso
em: 11 de junho de 2024;
IBGE.
Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) - 2019, 2020,
2021, 2022, 2023 e 2024 (até maio). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/IPCA/Sériehistórica.>.
Acesso em: 10 de junho de 2024;
REGO,
José Márcio; MARQUES, Rosa Maria (Orgs). Economia Brasileira. São Paulo:
Saraiva, 2018; e
VASCONCELLOS,
Marco Antônio S.; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. São
Paulo: Saraiva, 2002.
*GERUSA COUTINHO RAMOS
- Mestre e Bacharelado em Ciências Econômicas, nas áreas de economia, terceiro setor, políticas públicas e meio ambiente pela Universidade Federal da Paraíba ;
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