Marina Franco Barbosa (*)
Olá! Esta é a Seção de Depoimentos. Portanto, peço-lhes licença para escrever-lhes de "modo coloquial", para que tenhamos boas conversas.
A boa notícia é que teremos, ainda esse ano, a publicação do Censo 2022. Ocorrerá dois anos após o prazo, previsto para 2020.
No entanto, esse atraso nos parece providencial, pois inclui o período em que convivemos com a Pandemia Covid19, de modo intenso.
Conhecemos as mazelas as quais ainda persistem: mortes, fome, desemprego, carestia, o afastamento social de atividades que nos são essenciais como, por exemplo, a frequência regular à escola e a vivência do ano letivo escolar sem interrupções.
O Censo 2022 nos trará um novo mapa socioeconômico, um instrumento essencial aos Gestores Públicos de todo o país.
Saberemos os dados necessários às providências governamentais essenciais para com a população brasileira.
Constataremos quantos somos, onde residimos, faixas etárias, e, mesmo que superficialmente, em quais condições econômicas e de bem estar social, vivemos.
Saberemos onde se encontram os bolsões de pobreza, onde tudo falta. Um tema a ser desenvolvido em outra oportunidade.
Nesse contexto proposto inicialmente, a Educação Familiar e a Escolaridade se complementam.
Pais e Educadores almejam para as crianças e jovens a Educação Libertadora que lhes permitam a conclusão da Educação Básica para a continuidade de estudos, em nível técnico, para o início da formação profissional. Almejam também ao Ensino Superior.
Com o FUNDEB, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, criado pela Emenda Constitucional n. 53/2006 e regulamentado pela Lei n. 11.494/2007 e pelo Decreto n. 6.253/2007, com alterações no Decreto n. 6.571/2008, a Educação Básica no Brasil passou a incluir além do Ensino Fundamental, também a Educação Infantil e mais o Ensino Médio.
Avanço significativo, uma revolução, pois além da necessária e progressiva oferta de creches às crianças de zero a três anos, passaram a ser obrigatórias:
1) a garantia de vagas nas redes públicas de ensino para crianças de 4 anos até os jovens de 17 anos, ou pouco mais e
2) as matrículas de crianças, a partir de quatro anos e até o término da Educação Básica, por seus pais e ou responsável legal.
É previsível que se apresente, de modo mais acentuado, no Censo 2022 e no Censo Escolar, a evasão de alunos do Ensino Médio.
Onde estão nossos jovens que já concluíram o Ensino Fundamental? Trata-se da EVASÃO ESCOLAR.
Nos bons dicionários da Língua Portuguesa o verbete "evasão", que pode nos parecer vago, significa FUGA.
Fuga, no caso, o mesmo que a ausência à vivência de um direito e de um dever! Ser um aluno assíduo.
Em garantia a esses direitos e deveres, insistimos, sobre a mesa dos Gestores Públicos Educacionais deverão estar as publicações do Censo 2022, assim como, o mais recente Censo Escolar.
A intersecção dos dados nos mostrará a ausência que precisamos conhecer, para agirmos como cidadãos.
Alguns comentários duvidosos tais como: "Os pais deixam de acompanhar a vida escolar dos adolescentes", reflito e relembro que enquanto professora, diretora de escola e supervisora de ensino, presenciei o nítido desejo paterno de uma vida escolar de sucesso para seus filhos .
"Muitos estão à procura de um primeiro emprego", E como o conseguiriam sem a formação básica necessária?
A esses jovens devemos a ajuda solidária e profissional para a recuperação da autoestima e anseios por projetos de vida viáveis e reais.
Há rica Legislação a ser compreendida e vivida na prática:
A Constituição Federal de 05/10/1988, a Constituição Cidadã;
A Lei 8.069, de 13/07/1990, ou seja, o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente e
A Lei n.9394, de 20/12/1996 que dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Faz-se necessário perguntarmos também:
Onde estão as vagas para as matrículas dos alunos do Ensino Médio Regular e do Período Integral?
Onde são ofertadas matrículas para a Educação de Jovens e Adultos?
Temos escolas suficientes se incluirmos aqueles denominados desistentes ou evadidos?
Em Guaratinguetá/SP, ocorreu em 2018, a cessão de três prédios públicos escolares para outras finalidades.
Com toda certeza, nós farão falta.
Quanto às competências de acordo com as esferas administrativas União, Estados e Municípios:
Compete à União a oferta do Ensino Superior, a partir de: licenciaturas, graduações, pós-graduação, mestrado, doutorado...
Compete aos Estados, de modo prioritário, o Ensino Médio, e de modo suplementar, o Ensino Fundamental, em colaboração aos municípios.
Compete aos Municípios a Educação Infantil, de zero a cinco anos e o Ensino Fundamental de Nove Anos.
Para que os Municípios do Estado de São Paulo atendessem à essa demanda ocorrem há três décadas os Convênios Estado/Município que transferem para os municípios prédios escolares estaduais, seu acervo mobiliário, todo o acervo didático e mesmo servidores que, se de acordo, continuarão a prestar serviços no mesmo prédio, e terão seus proventos garantidos pelo Estado, se efetivos forem ou ainda, de acordo com as normas contratuais do Convênio Estado/Município, denominado municipalização.
Atualmente o número de escolas municipais é superior ao número de escolas estaduais, na grande maioria dos municípios.
Após a Publicação do Censo 2022 e os estudos necessários comparando-o ao Censo Educacional recente, novas providências serão necessárias.
Por exemplo, será inadmissível que Escolas Estaduais deixem de ofertar o Ensino Médio, como prioridade, e optem pela oferta exclusiva ao Ensino Fundamental.
Será emergencial que escolas municipais reorganizem o espaço escolar , sobretudo para o atendimento do Ciclo Final do EF, 8º e 9º anos.
Para tal oferta, há de se considerar ainda a organicidade do Ensino Médio Integral com aulas de todas as disciplinas da Base Curricular, sem exceções, em um período e a oferta de disciplinas profissionalizantes no contraturno, preferencialmente sob Convênios junto ao Sistema S: SENAI, SESC e SESI e considerando as presenças enriquecedoras do Centro Paula Souza e da UNESP - Universidade de São Paulo, presentes, em todo o território de São Paulo.
Também será evidente a necessidade de creches em bairros mais populosos ou de difícil mobilidade urbana. A conferirmos.
Assim, a chamada suficiente e o acolhimento aos educandos, nossas crianças e jovens, como claramente sabemos, competem ao Estado, à Família e à Sociedade. CF de 1988.
Como sociedade incluímos os meios de comunicação, do velho e bom rádio às mídias atuais.
Há muito a ser feito pela Educação Escolar em todos os níveis.
Da tarefa, um dever!
Apreciemos Fernando Pessoa!
"De tudo ficaram três coisas
A certeza de que estamos
Sempre a começar….
A certeza de que é preciso continuar….
A certeza de que não podemos ser interrompidos antes de terminar.
Por isso devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo….
Da queda, um passo de dança…..
Do medo, uma escada…..
Do sonho, uma ponte….
Da procura, um encontro".
A vocês, Paz e Bem!
Referências:
Constituição Federal de 05/10/1988, a Constituição Cidadã;
Lei 8.069, de 13/07/1990, o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente;
Lei n.9394, de 20/12/1996 que dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional;
Lei n.4.416, de 21/12/2012 que aprova o Plano Municipal de Educação de Guaratinguetá PME, para decênio de 2012 a 2022 e
FREIRE, Paulo. A Pedagogia da Autonomia. 1ª ed. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 1996.
*MARINA FRANCO BARBOSA
- Professora de Biologia , Química e Matemática;
- Bióloga graduada pela Universidade de Taubaté (1979);
-Pedadoga graduada pela Organização Geral de Ensino -OGE (1992);e
-Pós graduada em Gestão Educacional pela UNICAMP (2007)
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Excelente texto!
ResponderExcluirObrigada. É sempre bom nos posicionarmos quanto aos temas essencialmente relevantes.
ExcluirParabéns pelo belíssimo e verdadeiro texto
ResponderExcluirOlá! Como professoras e gestoras que fomos e nos mantemos nessa essência, a garantia desse primeiro passo para a presença de todos e todas à escola nos é mesmo fundamental. Que todos saibamos contribuir para o renascimento da Escola em 2023. Grata.
ExcluirObrigada pelo comentário, Maria Lúcia!
ExcluirParabéns e verdadeiro este texto.
ResponderExcluirPrezado(a)! Por onde andei, em todas as classes, escolas e ambientes de interação para a socialização e elaboração dos "saberes e fazeres" necessários à vida, à cidadania sempre buscamos: "Educação com Compromisso, Seriedade e Parcerias". Grata. Vamos em frente!
ExcluirOlá respondi acima! Vamos sair do anonimato? Quem é você. Abraço.Bom domingo! Marina.
ExcluirCaríssima, peço perdão por politizar seu texto de fundamentado em dados concretos, mas; um governo que não ia ceder ao to-ma-la-da-ca, que embutiu a religião indicando pastores cedentos, militares incompetentes e um chefe semianalfabeto, acredita mesmo que o senso e o censo trarão alento a este tema educação?
ResponderExcluirCom os exemplos que temos , nossos jovens acham incentivos para concluir e realmente se esforçar para se graduar?
Sou um crítico contumaz da educacao no Brasil! Parabéns!
Olá, Álvaro! A escola é como uma "célula", viva! Seus elementos necessitam interagir para que o todo prevaleça e alcance a sintonia fina necessária. É também autônoma em suas peculiaridades. Nossa legislação é densa e rica. Basta que a sigamos com a clareza de responsabilidades de cada um. Em uma escola todos estudam e também aprendem, sem exceções. À sala do Diretor chegam os assuntos os mais variados que o tiram dali para o convívio com a comunidade em busca de respostas e soluções.Na vivência das salas de aulas o mesmo ocorre, indivíduos exigem de nós diferentes estímulos. Eu acreditarei sempre na Gestão bem sucedida enquanto houver compromisso, seriedade, parcerias, foco no trabalho e gestão por prioridades. Nesse contexto o aluno aprende a ser autônomo e a fazer escolhas, e a ser mais próximo, a ser ouvido e a contribuir. Muito a conversarmos. Continuemos o rumo dessa prosa...Grata.
ExcluirExcelente análise e preocupações Marina! Artigo muito bem escrito e com muita clareza nos argumentos! Obrigada por compartilhar suas opiniões e propostas. Abraços e fique com Deus Amiga!
ResponderExcluirOlá! Fazer a chamada à escola é sempre o primeiro passo. Viabilizar a presença é dever de todos nós. Acolher e vivenciarmos o cotidiano nos fará crescermos sempre. No rol das Políticas Públicas a Educação jamais poderá ser minimizada. Cuidemos para que o convívio seja salutar e produtivo. Grata.
ExcluirOlá! Respondi a você no anonimato e agradeço. Vamos nos revelar apesar de que conheço bem esse "...fique com Deus Amiga". Bom domingo! Abraço.
ExcluirBom dia a todos e todas. As respostas que constam como "Anonimo: foram dadas por mim, Marina, autora do texto. Agradeço a leitura e contribuição de todos. Para a Educação em 2023, a oferta de vagas e o Ensino de qualidade, abrangente,
ResponderExcluirexigirá o nosso acompanhamento seja como pais, professores, membros de Conselhos. Exigirá zelo e empenho de todos nessa retomada de providências e na vivência do ano letivo. Paz e Bem
Parabéns pelo texto, Marina. Sem dúvida, a luta pela excelência na educação para nossas crianças e jovens não pode ser interrompida e deve ser uma das prioridades em nosso país. Lula já afirmou em um de seus discursos que matar a fome do povo e a educação serão suas prioridades.
ResponderExcluirOlá Isabel! Sim. É prioridade a chamada àquelas crianças fora da escola. A matrícula e a frequência são essenciais até mesmo.para o repasse do benefício.proveniente do FUNDEB. ¡Adelante!
ExcluirEsse é um tema necessário aos gestores e governantes.
ResponderExcluirSim. Hora de cobrarmos a organização já pensando no ano letivo de 2023. Mãos e Mentes às obras.
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