domingo, 13 de novembro de 2016

Não tire o batom vermelho! – O violentar na sua forma mais sutil


“Eu vejo você como um porco”, era o que Marina*, 32 anos, mais ouvia do marido enquanto ele cuspia em seu rosto. Casada por 12 anos, ela ficou 10 sem ter coragem de se olhar no espelho. O marido a empurrava, gritava com ela, trancava-a dentro de casa por dias, humilhava-a. (...) “Eu não tinha direito a nada. Até no corte do cabelo dos meus filhos eu não podia opinar”. O seu único sentimento era o de culpa, já que ele sempre a fez acreditar que a forma como ele a tratava era por responsabilidade dela. “Eu sempre achei que ele estava certo e eu queria ser perfeita para ele”. (...).

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2011 indicam que mais de 70% das mulheres em todo o mundo sofrem algum tipo de violência de gênero ao longo da vida. 

[Os dados acima foram coletados no site Portal Brasil]

‘Marina’, cujo nome é fictício, é uma entre milhares de mulheres que sofrem caladas com a violência doméstica, e assim como ela, muitas mulheres sequer sabem que são vítimas. 

Mulheres em todo o mundo sofrem violência e discriminação, e a violência não é só física e/ou sexual. A violência psicológica é muito comum e toma formas tão sutis que muitas vezes são ainda mais difíceis de serem percebidas. 

“Eu vejo você como um porco” – a violência psicológica coloca a violência física em segundo plano. Seu primeiro objetivo é afetar psicologicamente o indivíduo, destruindo sua autoestima sem deixar lesões físicas aparentes. 

Algumas das formas mais utilizadas: 

- Controlar a maneira de se vestir - a maquiagem, o esmalte, e o tipo de sapato que usa; 

- Interferir nas amizades e relacionamentos familiares - proibir de sair, estabelecer horários para chegar; 

- Controlar a alimentação, controlar o peso - sempre colocar defeitos “Você está gorda demais”, “Você está magra demais”; 

- Colocar defeito em tudo que realiza e na maneira que se expressa;

- Não respeitar o seu lugar de fala - muitas vezes interrompendo com frequência; 

- Ofender, fazer duvidar da própria inteligência, corrigir em público – expor a situações desconfortáveis e humilhantes; 

Esses são apenas alguns exemplos das muitas formas de violência. São usadas como forma de controle e normalmente são seguidas de uma “inversão”, onde o agressor faz com que a vítima sinta-se culpada e merecedora da violência sofrida. “Eu sempre achei que ele estava certo e eu queria ser perfeita para ele”. 

Com o tempo as agressões vão destruindo a autoestima. Fazendo com que a pessoa passe a manter de si, apenas uma avaliação altamente negativa, e isso vai minando também o relacionamento com amigas/os e familiares. 

A violência psicológica toma formas muito sutis, mas de alguma maneira o sentimento de angústia pode ser percebido, e mesmo sem conseguir identificar o que há de errado a pessoa pode buscar ajuda. 

Não deixe de buscar ajuda caso você sinta que algo não está legal em seu relacionamento. E se perceber que alguma mulher está em um relacionamento abusivo, procure alertá-la. 

A matéria com o depoimento completo de “Marina” e outras mulheres, você encontra aqui: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/06/cerca-de-70-das-mulheres-sofrem-algum-tipo-de-violencia-ao-longo-de-sua-vida#wrapper

Artigo originalmente postado no dia 12/07/ 2016 em www.psicologakarlak.com.br 

POR KARLA KRATSCHMER











A psicóloga Karla Kratschmer atende em São Paulo/SP, em consultório particular localizado no bairro Chácara Santo Antônio, na região das Ruas Verbo Divino e Alexandre Dumas. 
Seu atendimento tem como base a teoria psicanalítica e é voltado a adultos​ e adolescentes. 
Dedica-se ao atendimento clínico desde o início de sua formação em psicologia, buscando também envolver-se em programas de psicologia diferenciada que visam melhoria na qualidade de vida, disponibilizando alguns horários para pessoas que desejam iniciar um processo psicoterapêutico, mas não tem condições de custear os valores de mercado. 
Karla Kratschmer | Psicóloga - CRP 06/121815 
Chácara Santo Antônio. Região das Ruas Verbo Divino e Alexandre Dumas. 

(11) 9 9613-5444 | karlak@karlak.com.br | psicologakarlak.com.br





2 comentários:

  1. Tenho para mim que não existe no universo conhecido ser mais forte e determinado que o ser feminino. Em qualquer raça. De qualquer espécie. No último século, a mulher o assunto em pauta, vislumbrou sair dessa amarra conjugal peçonhenta e amaldiçoada a que ficaram expostas por milhares de anos.
    Muitas se destacam e se destacaram em áreas predominantemente masculinas. Algumas chegaram ao topo da cadeia alimentar. Muitas souberam se aproveitar. Outras se perderam no caminho.
    Questiono esse coitadismo que impomos às nossas mulheres. Teimo em dizer que temos que fomentar em seus ideais não a luta por melhorias, mas a gana pela sua valorização individual.
    Mulheres guerreiras são combatentes. Mulheres de fibra jamais deixarão que homens pobres de espírito, fracos de moral as venha subjugar apenas por um prato de comida ou qualquer que seja o aparato superficial que produza.
    A única coisa que detém um homem maléfico e covarde é o enfrentamento. Mas ouso dizer que:
    A DISTÂNCIA ENTRE A FELICIDADE E A SEGURANÇA DE UMA MULHER ESTÁ RELACIONADA ÀS SUAS ESCOLHAS...

    ResponderExcluir
  2. Pelo jeito mulheres passaram a ser feito de vidro e ninguém nos avisou.
    Opinar quanto a forma de vestir, quanto aos amigos e a alimentação é VIOLÊNCIA? Meu Deus. Textos e pensamentos assim só servem para vulgarizar este tema, tirando a importância dos verdadeiros casos de violência, como no exemplo apresentado.
    De qualquer forma, se isso acontece com o homem, também é violência? Se a mulher brigar com o marido porque ele insiste em mater um círculo de amizade com as garotas da sua época da faculdade, muitas das quais ele já teve um caso de uma noite. É violência? Se ele passa horas no Whatsapp com essas amigas e a namorada reclama, também é violência? Se ele quiser sair com elas e a namorada proibir, também é violência?
    Tenho certeza que se o gênero desses exemplos fosse invertido, a resposta da escritora seria positiva para tudo.

    ResponderExcluir