sábado, 2 de junho de 2018

O Segredo do Verdadeiro Empoderamento do Indivíduo



A humanidade, ao longo da sua história, valorizou o registro escrito como forma de documentar o conhecimento acumulado. É certo que desde as primeiras civilizações, o ser humano possui uma necessidade intrínseca que o impele a anotar as mais diversas situações vivenciadas. Os primeiros vestígios escritos remontam à pré-história com a pintura rupestre na qual os indivíduos marcavam os costumes da época e que serviu como fonte de impressão da forma de vida naquele tempo e da evolução da sabedoria daquele povo. A partir desses apontamentos, no decorrer do avanço da sociedade foi possível reconstruir a cultura dos povos antigos. Essa necessidade do ser humano, quase que instintiva, impulsionou-o ao longo do tempo a aprimorar essas formas de registros que progrediram até chegar à escrita atual. 

Com o advento da escrita, as civilizações puderam aperfeiçoar suas formas de registro até chegar ao livro como o conhecemos. Ao encontrarem nele fórmula perfeita para documentar suas descobertas e aprimorar seus saberes, determinaram sua importância como instrumento de produção da sapiência humana que poderia passar de geração em geração estabelecendo o ponto de partida para a ascensão do conhecimento em suas mais variadas formas. 

A partir desse ponto, o livro estaria condenado a muitas perseguições, pois sabia-se que ele influenciaria de forma determinante àqueles que soubessem utilizá-lo como meio de desenvolver a inteligência. Não foram poucos os períodos da história em que o livro foi condenado e demonizado e a única forma de purificação e subordinação era promover a incineração completa de exemplares escritos por célebres expoentes da erudição. A inquisição católica no século XII e o período sob o regime de Adolf Hitler, na Alemanha, no século XX são apenas dois dentre tantos exemplos históricos da destruição da literatura. Separados por muitos séculos, esses dois fatos representam o temor que uma determinada classe dominante possuía a respeito da importância do livro como meio libertador e estimulador da inteligência e da coragem que poderiam exercer sobre um povo subjugado. Em sua obra “A História Universal da Destruição dos Livros”, Fernando Baez declara: "Um livro é destruído com a intenção de aniquilar a memória que encerra, isto é, o patrimônio de ideias de uma cultura inteira."

Não fosse a relevância da literatura, o que justificaria tamanha destruição? Além de contribuir para a sabedoria, os livros têm o poder de criar independência e opinião crítica e essas são características não muito apreciadas pela classe dominante porque um povo culto, crítico e consciente de seu papel na sociedade não pode ser manipulado. Seria essa uma das razões da precariedade do mundo literário em escolas públicas no Brasil? Seria intencional colocar a leitura em segundo plano na educação de crianças e jovens alegando ausência de políticas públicas para uma instrução eficiente e competente no que se refere à promoção do desenvolvimento de cidadãos mais conscientes de seu papel na sociedade? Tendo a crer que há uma acomodação por parte do Estado que une a real dificuldade econômica por que passa o país para justificar tal conduta. 

Formar leitores não é tarefa fácil principalmente em um sistema de ensino carente das necessidades mais básicas para o aprendizado e de recursos materiais e humanos. Apesar de terem o direito à educação e à cultura garantidos pela Lei 8069, Estatuto da Criança e do Adolescente, nossos alunos, na maioria das vezes, não são incentivados a se encantarem pela leitura na escola e no seio familiar as chances desse desenvolvimento são ainda menores caso consideremos as classes sociais menos favorecidas. Nas instituições de ensino, grande parte dos educadores deixam de priorizar a leitura alegando defasagens imensuráveis enfrentadas pelas crianças ou ainda tentam estimulá-la de forma mecânica ou forçada e obrigatória o que necessariamente conduzirá à aversão pela literatura. 

Diante da atual conjuntura, torna-se imprescindível e urgente que o Estado adote políticas públicas focadas em estimular e desenvolver nos alunos o encanto pelo livro que será o motor propulsor para a autonomia do estudante. Ao incorporar o hábito da leitura, o indivíduo se apropria do segredo do verdadeiro empoderamento do ser humano que é ser o Senhor de sua própria vida, pois já percorreu o caminho das pedras e sabe exatamente onde encontrar o alimento para a sua alma. 

POR CHRISTIANE PEREIRA













-Formada em Artes Plásticas, Pedagogia e Magistério com especialização em Educação Infantil;
Arte Educadora e Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental; e 
Atuou como Orientadora Pedagógica e Educacional
Twitter: @Chris_PPereira

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Acione o Limpador




Não sei quanto a vocês, mas às vezes esqueço que o carro possui um limpador de para brisa, então passo um tempão guiando e achando que está tudo normal, de repente, um estalo: jogo água e aciono o limpador, quanta diferença! Tudo mais nítido, mais belo e mais gostoso de olhar. 

Penso que na vida é bem parecido, preconceitos, tabus, "não pode isso, não pode aquilo, se comporte" e tantos outros mecanismos que nos fazem olhar a vida de forma a achar que embora esteja tudo sujo, mais difícil de ver, é assim mesmo, é natural, e seguimos a guiar os nossos passos através de um vidro sujo, de uma paisagem sem graça, sem enxergarmos as belezuras dessa vida. 

Acione seu limpador, permita-se olhar pra vida sem as sujeiras dessa sociedade hipócrita e tristemente desprovida de felicidade real, veja, assim como os olhos de uma criança que em tudo se admira, que em tudo percebe o melhor, enxergue o outro além de posses, títulos, cargos, marcas, etc. 

Permita-se ser e fazer feliz quem de você se aproxima, a vida é mais que a sujeira que enxergamos no dia-a-dia. 

Acione seu limpador, limpe seu cérebro de tantos conceitos engessados, é muito, muito mais simples quando não nos fechamos para a vida e as possibilidades que ela pode oferecer.

POR MARTA ALVES  LEMOS













-Graduada em Pedagogia e especialista Em Pedagogia e os Desafios a Gestão: novos mercados, novas relações, pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL e
-Educadora de coração, corpo e alma - atua na Educação há 15 anos e como Técnica de Referência no atendimento a jovens cumprindo medidas Socioeducativas há dois anos.
Nota do Editor:
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domingo, 27 de maio de 2018

Autismo:Uma Questão de Saúde Pública



Escrevo esse artigo com o intuito de levar ao maior número de pessoas algumas questões que envolvem o Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de alertar que esse assunto é uma questão de saúde pública. 

O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) traz o autismo como um espectro, ou seja, ele é amplo e engloba diferentes níveis de gravidade. As características essenciais do transtorno são prejuízos persistentes na comunicação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. 

Alguns dados nos mostram que a questão do autismo não pode ser mais considerada como algo raro ou que "só vai acontecer na família do vizinho". 

No Brasil, mais de 2 milhões de crianças são afetadas pelo transtorno (2015). No mundo 1:68 crianças apresentam os sintomas. Esse número é maior que a quantidade de crianças com diabetes, câncer, paralisia cerebral e epilepsia juntas. 

Depois de saber essas informações você ainda acha que o autismo é raro???? 

O que percebe-se é que não existe uma política pública para atender as crianças e dar suporte aos seus pais e cuidadores. As faculdades da área de saúde ainda não reformularam seus currículos para formar profissionais capacitados para atender essas crianças.

Os movimentos que ocorreram na sociedade para que os autistas tivessem seus direitos garantidos foram feitos pelos pais/cuidadores (Lei 12.764, de dezembro de 2012). Esses se organizaram e pressionaram a classe política e a classe dos profissionais da área da saúde para que seus filhos tivessem seus direitos garantidos. 

A importância do engajamento dos pais de crianças autistas vai além da pressão política, esses pais precisam ser capacitados para que a evolução social e comportamental de seus filhos seja alcançada. A capacitação dos pais possibilitaria que esses fossem multiplicadores de conhecimento, compartilhando as experiências com outros pais e difundindo informações para toda a comunidade.

Não é raro escutar o relato de um pai que diz que quando recebeu o diagnóstico os sentimentos presentes foram de incapacidade e impotência diante da nova realidade. Capacitar os pais faria ressurgir a confiança deles diante de uma realidade delicada. 

Não podemos mais ter em mente que o autismo é algo raro e que está longe da realidade em que vivemos. É necessário a união da classe médica e demais profissionais da área de saúde, família e outros setores da sociedade para que tenhamos maior êxito no tratamento das pessoas com autismo. 

Fontes: 

A&R – Manual para Síndrome de Asperger ;
Mundo singular – Ana Beatriz Barbosa Silva;
Miami Children’s Hospital Dan Marino Center; 
Superspectro.com.br e
DSM-V 

POR KEITY TEIXEIRA FONSECA VALIM















-Psicóloga Clínica;
-Especialista em Neuropsicologia pelo CEPSIC-ICHC/FMUSP;
Especialista clínica na abordagem analítica – Unicamp;
Experiência como coordenadora pedagógica, formação de professores e assessoria educacional;
contato: keityteixeirafonseca@yahoo.com.br
Nota do Editor:

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