quarta-feira, 24 de junho de 2020

Publicidade da Medicina e suas Consequências Jurídicas


Autor: Rômulo Ovando(*)


Atualmente, é facilmente perceptível que tornou-se frequente o assunto relativo às atividades médicas. Referido tema é relevante, em virtude de tratar das fases mais importantes da existência humana, quais sejam, o nascimento e a morte, preocupando-se em proporcionar que o lapso temporal entre tais eventos seja de extrema qualidade e constante bem estar.

Nesta senda, levando em consideração os momentos acima delineados, a medicina sempre deve ser pautada pelos princípios éticos e morais, devendo os profissionais agir com muito zelo e competência, garantindo aos pacientes e à sociedade todas as informações necessárias acerca dos procedimentos, técnicas utilizadas e avanços tecnológicos.

Nesse diapasão, ressalta-se que a sociedade mundial é extremamente consumista, o que nos leva a crer que os valores e princípios facilmente se desfazem. Assim sendo, no âmbito médico não é diferente, devendo ser impostos limites para não permitir a autopromoção, os excessos de sensacionalismo e da mercantilização desta nobre profissão.

A propaganda e a publicidade são armas lícitas que proporcionam ao mundo dos negócios inúmeros e vantajosos benefícios. No que se refere à atividade médica, é indiscutível os privilégios e legalidade dos anúncios de marketing, os quais devem se ater ao nome, títulos, especialidades, endereço e hora de consultas.

Por conseguinte, não é demais mencionar que o profissional da medicina (médico) possui o pleno direito de propagar sua imagem laboral, contudo, de forma discreta, sábia, moderada e pautada nos deveres éticos da profissão, objetivando a valorização das atividades médicas. 

Entretanto, infelizmente alguns profissionais não se adéquam aos limites dos critérios mencionados alhures e passam a praticar publicidade exclusivamente comercial, mediante divulgação de anúncios excessivos em porte e linguagem, práticas reiteradas de aviltamento de honorários, propagação de pseudo títulos de especialidades, dentre outros atos.

Não obstante, além dos métodos supramencionados, há um que é considerado completamente condenável pelo Conselho Federal de Medicina, qual seja, a propagação da atividade médica através da televisão e rádio, o que geralmente ocorre mediante a utilização de slides ou anúncios escancarados em referidos meios publicitários.


O Código de Ética Médica[1], em seu artigo 111, assim dispõe:


"É vedado ao médico:

Art. 111. Permitir que sua participação na divulgação de assuntos médicos, em qualquer meio de comunicação de massa, deixe de ter caráter exclusivamente de esclarecimento e educação da sociedade." (Grifo nosso).

Aliás, no que tange ao tema publicidade médica, o ilustríssimo doutrinador Genival Veloso de França[2], assim leciona:

"(...) A verdade é que o médico tem o direito de anunciar, porém de maneira sóbria, discreta e comedida. No entanto, nem sempre se observam os limites dessa exigência, passando-se para as formas publicitárias comerciais, através de anúncios exagerados em tamanho e linguagem, títulos falsos e ambíguos, especialidades diversas, prestação de serviços gratuitos em determinados dias da semana ou em certos locais para os "pobres", e a redução de honorários."

Dessa forma, denota-se que a utilização de práticas comerciais é completamente abusiva e denigre a imagem desta tão nobre e brilhante profissão que é a medicina, haja vista que não se trata de uma atividade comercial, mas sim de um mister que lida com bens tão valiosos como a vida humana.

Os profissionais da medicina ficam restritos ainda a diversas regras de publicidade, não podendo anunciar técnicas ou procedimentos não homologados pela classe científica, prometer, garantir ou induzir o paciente de que terá ótimos resultados do tratamento, visto que a atividade médica é atividade meio e não de resultado.

Além disso, os profissionais da medicina ao se depararem com entrevistas, comunicações ou publicações de obras literárias direcionadas ao público, sempre devem se abster da autopromoção e o sensacionalismo exagerado, buscando garantir a retidão e nobreza da profissão.

Logo, é facilmente perceptível que a medicina exige critérios principiológicos e éticos no intuito de garantir a aplicabilidade de uma atividade direcionada ao bem estar da sociedade, preservando ainda, a maneira correta e leal a serem utilizadas pelos profissionais na busca incessante pelo mercado de trabalho.

Por derradeiro, conclui-se que a publicidade é um meio muito importante e fundamental para a promoção de determinados negócios ou marcas com o objetivo claro de auferir lucro, contudo, na medicina deve-se ater aos limites impostos pela legislação para que os profissionais não incorram em processos ético-disciplinares e também não venham a causar prejuízos aos pacientes que, porventura, se enquadrem na figura de consumidor.

REFERÊNCIAS


[1] CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA - CFM. Resolução CFM Nº 2.217/2018, de 27 de setembro de 2018. Aprova o novo Código de Ética Médica.
[2] FRANÇA, Genival Veloso de. Direito Médico. 12ª ed. revista, atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Forense, 2014

*RÔMULO GUSTAVO MORAES OVANDO














-Mestre em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco;
-Especialista em: 
  -Direito Médico e Hospitalar pela Escola Paulista de Direito/SP; 
    -Direito Civil e Direito Processual Civil pela Escola Paulista de Direito/SP;
  -Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus; 
-Graduado em Ciências Jurídicas pela Universidade Católica Dom Bosco; 
-Advogado no Escritório Jurídico Ovando & Varrasquim Advogados;
-Professor Universitário na Universidade Católica Dom Bosco.

Contatos: 67 99238 5742/ 67 3382 0663


Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Sociedade de Propósito Específico -SPE e o Artesanato Regional


Autor: Alceu Albregard Junior(*)


Uma medida de grande importância para o mercado, principalmente de artesãos, foi a previsão legal de funcionamento das Sociedades de Propósito Específico, permitindo a união de esforços de diversos produtores de pequeno porte para alcançar mercados maiores, distantes do centro de produção, tanto no país como no exterior. 

O pequeno artesão regional de produtos típicos é bastante valorizado nos locais turísticos próximos à localidade de residência, porém, a pequena quantidade de vendas e a sazonalidade do turismo o deixa sempre em grande desvantagem. 

Para vencer a sazonalidade, esses pequenos produtores, que elaboram desde estatuetas de barro, quadros, bijuterias, toalhas, produtos em croché e até móveis, sempre estiveram à mercê dos altos custos de produção, divulgação, distribuição e entrega de seus produtos, submetidos a uma concorrência desigual com empresários de maior porte, que lhes compram a produção por preços ínfimos para a revender em centros comerciais mais distantes com altos lucros. 

Conhecidas como Sociedades de Propósito Específico, sua existência é prevista no artigo 981 do Código Civil Brasileiro de 2002, e seu funcionamento disciplinado pela Lei Complementar 123, com alterações dadas pelas Leis Complementares 128, de 9/12/2008 e 147, 07/08/2014. 

Permitindo a reunião de empresas que sejam optantes do simples nacional, as SPE’s permitem a criação de CENTRAL DE COMPRAS, CENTRAL DE VENDAS e OPERAÇÕES CONJUNTAS DE MARKETING, porém, sempre voltadas às sócias dessa empresa. 

Por meio de sua central de compras, esses artesãos podem adquirir máquinas, equipamentos, materiais de embalagem e outros insumos, a preços mais competitivos, diante de uma maior quantidade e valor de pedidos. 

Essa nova sociedade também pode comprar a produção de cada uma de suas sócias e, em esforço conjunto, proceder a divulgação (marketing) desses produtos e sua venda em grandes centros comerciais, tanto no país como no exterior, como empresa autônoma, aumentando assim, sua capacidade de concorrência. 

Enfim, é assim que nossos produtos regionais vêm alcançando, lentamente, mercados significativos, possibilitando o acesso às belas toalhas de renda produzidas no litoral de Pernambuco tanto aqui, em São Paulo, como em mercados de Bruxelas e Tokyo.

*ALCEU ALBREGARD JUNIOR











-Graduação em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie(1985);
-Atua principalmente nas áreas dos Direitos Tributário,Imobiliário e Consumidor.
Contato: alceu.adv@albregard.com.br

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

São seus Olhos



2ª EDIÇÃO

Autora: Jacqueline Caixeta(*)

"São meus olhos" "Amo tanto que de tanto amar acho que ela é bonita"

Esse pequeno trecho de uma música de Chico Buarque resume o que pretendo escrever. Assim sendo, desta vez, estou começando pelo final, dando a ideia principal logo de inicio é uma boa maneira de poupar-lhes as vistas e a paciência lendo o restante. Então... fiquem à vontade para terminar a leitura por aqui mesmo.

Mas... se você tem "saco" e tempo, vamos lá!

De onde vem a beleza da vida?

As paisagens, rios, mares, céu estrelado, lua cheia e clara, por do sol no mar e nas montanhas, a chuva fina acariciando a terra, enfim, as belezas estão aí, criadas por Deus para o nosso prazer.

Mas... muitas e muitas vezes, a vida nos parece amanhecer feia, sem graça ou beleza alguma, nada é belo, nada é lindo. Outras vezes, o dia mais escuro e frio, sem cor, sem luz, sem brilho, sem calor, nos parece lindo, como se toda a beleza do mundo morasse naquele dia feio.

Como explicar esse fenômeno do belo e do feio?

Ah! A única explicação deve morar em algum lugar, um lugar bem escondido de onde sai um tipo de pó mágico, talvez o mesmo lugar onde deva também morar sentimentos como a felicidade, o amor, a ternura, a mágoa, a raiva, a tristeza...

Talvez todos esses sentimentos tenham endereço certo, eles devem morar em algum túnel que passa pelos olhos, que sai de dentro pra fora, porque muitas vezes o que está do lado de fora continua o mesmo e, muitas vezes, fica tão diferente. É de dentro que sai todo o segredo do mistério que nos faz ser e ver tudo belo ou ser e ver tudo feio.

O nosso jeito de ver as coisas depende de como estamos por dentro. "Os olhos são o espelho da alma", eles refletem o que sentimos, como estamos e, o nosso "estado de graça" ou não, é o termômetro que nomeia o belo e o feio.

Os olhos têm grande responsabilidade na nossa felicidade ou infelicidade, eles ouvem a voz do coração e a traduzem.

Se estamos bem, amando, tudo estará lindo aos nossos olhos.

Quanto poder temos, não? Sabemos que dentro de nós moram os segredos da vida, mora o que somos, mora o que queremos que o outro seja, mora como enxergamos o mundo, então, que tal nos tornamos vigilantes de nós mesmos e buscarmos a felicidade em nós ao invés de querermos buscá-la nas pessoas, nas coisas, nos fatos? Porquê sempre querer responsabilizar o outro por nossa tristeza, se sabemos onde encontrar a alegria?

Fácil falar...difícil fazer! Mas é bom sempre lembrarmos que somos os únicos responsáveis por nossos dramas exagerados, por tanta tempestade em copo d`água, só nós temos o poder sobre nossos sentimentos, pois eles estão no nosso íntimo e o nosso coração é do tamanho do nosso desejo.

Vamos então, desejar um belo dia e, se não conseguirmos enxergar realmente um belo dia, vamos fazer uma viagem ao nosso coração e tentar descobrir o que está nos impedindo de refletir para nossos olhos a beleza desejada. Vamos sempre vasculhar nossa "caixa preta" para desvendar nossos mistérios e assim, ser e ver o belo em tudo.

Sempre que não conseguir ver a beleza em um dia lindo, vá até dentro de você e tente descobrir que "nuvem escura" há e, sempre que enxergar cores e luzes em um dia escuro e feio, por favor, procure as pessoas que você ama e tente contagiá-las com sua felicidade, grite alto que o mundo é lindo, exagere nos abraços, beijos, palavras e olhares, permita que todos possam se deliciar com sua alegria e, quem sabe, comecem a procurar também uma maneira de enxergar o belo no feio.

"Quero sua risada mais gostosa, esse seu jeito de achar, que a vida pode ser maravilhosa..." ( Ivan Lins)

*Jacqueline Caixeta  





-Especialista em Educação
jacquecaf@hotmail.com






Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

O Olhar pelas Janelas em Tempos de Coronavírus


Autora: Cristina Bento (*)

Coronavírus, pois é, dizem por aí que começou na China. Penso que por lá, talvez, algum desocupado ou curioso resolveu mexer no que estava quieto. Desconfigurou o tal Corona, que passou a alastrar-se mundo afora. Certeza se foi assim? Bem, ainda não se tem. 

Mas, ele virou o mundo de perna para o ar. As estatísticas chegam a amedrontar pelo nº de mortos e infectados. Temos um pequeno alívio com os índices de curados da COVID-19. Há app para verificar em tempo real como a coisa se verte por aí. Estamos em meio a guerra do inimigo invisível.

Uma senhorinha linda, toda arrumadinha, de coração grande. Em outros dias, ela contava dos tempos da gripe espanhola. Dizia que seu pai morreu com essa gripe. Desde que o pai adoecera ela nunca mais o viu. Soube que havia morrido. Repetia ela, ele morreu e a gente nem pode ver...

Por conta deste Corona, vi os profissionais da saúde criarem folhetos, livros, variados formatos de texto para orientar a população. Alertaram sobre a necessidade do isolamento social, uso de máscaras, água e sabão e o álcool em gel. O povo fez a piada! Os familiares destes profissionais pediram muitas orações a todos os conhecidos, oraram a todos os santos e anjos para a proteção da saúde.

Até o Papa fez alertas a população. Orou sozinho na Praça de São Pedro – evento inédito na história do Vaticano. Ele também disse que é preciso: "Curar as pessoas, não poupar (dinheiro) para ajudar a economia, (é importante) curar as pessoas, que são mais importantes do que a economia."

No começo... fecharam tudo: praça, lanchonete, bar, loja, shopping, loteria, motel, hotel, escola, praia e sei lá mais o quê. Permaneceram com as portas abertas aqueles estabelecimentos que vendem produtos alimentícios, de limpeza e higiene. 

Esse tal Corona desestabilizou muita coisa. Professor deu aula em casa, quase morreu de cansaço de tanto fazer aulas remotas. Mães enlouquecidas com as crianças em casa em período integral. Pior foi mãe tentando arrumar celular, notebook e sei lá mais o quê para os filhos estudarem, isso não foi fácil! Vendedores de todo tipo de produto iniciaram ou melhoraram a tal da venda online. Os motoboys de plantão rodaram mais que ... advogados e demais profissionais da área também tiveram que se render ao trabalho online. Na construção civil a coisa ficou assim, tem din-din toca, sem din-din para. 

Nesse turbilhão na economia o povo descobriu a necessidade de estudar sobre Marketing 4.0, ou seja, não basta vender por meio das redes sociais; carece saber utilizar metodologias, redes, acompanhar para obter resultados diferenciados. 

Depois... mesmo neste tempo vi algumas pessoas na praia, caminhando, pedalando, arrumando desculpa para sair, pois o comércio voltou a funcionar. Há os refugiados no bar da esquina, a turma do skate continuou na rua, os que foram passear no supermercado no final de semana, pois foi o espaço que restou. Festas clandestinas, de todo tipo – aniversários, as só para bebericar, fofocar, comemorar os velhos títulos dos times de futebol, sucedeu até festas promovidas com o auxílio emergencial. 

E o ser humano diz que tem medo da morte! Mas, não parece saber cumprir o isolamento social como orientado. Acho que brinca com a sorte. Parece que tem gente querendo conhecer São Pedro de perto. 

Nas redes sociais o assunto era Corona em todas as áreas: política, economia, educação, saúde... Creio até que há quem tenha a pretensão de estar se tornando especialista em Corona. 

O grupo de risco tentou isolar-se quando deu... quando não deu tornou-se vítima do COVID-19. Há os isolados em suas casas, cumprindo a ordem: Fique em casa! Orando mais do nunca a Deus e a todos os santos e anjos, estes descobriram até a vela virtual.

Sufoco foi quando as coisas começaram a estragar no período do fique em casa. Quebrou o chuveiro, a torneira, o vaso entupiu, a lâmpada queimou, o gás acabou, o cano de água vazando. Quando o fulano morava em prédio ficou fácil, sobrou para o síndico, mas quando era em casa... manda mensagem para pedir indicação de profissional, depois liga pro cara pra ver se pode vir, combinar os cuidados, etc., etc. 

No início, o povo foi ficando em casa de pijama, homens barbudos, a mulherada com a tinta do cabelo pelo meio, engordando, alguns até deprimidos por conta de tanta informação e pouco conhecimento. Isso também gerou contratempos entre familiares, pois informação, conhecimento e fé se misturaram em desavenças online, às vezes presencias e sabe-se lá se também com pelo menos 1 metro de distância... 

Essa coisa da distância implicou, do mesmo modo, nas relações sexuais. Inicialmente, as dúvidas. Pode? Não pode? Pode assim? Assim não pode? Por fim, virou piada a ponto de ser criada a lista para os filhos geridos ou nascidos neste período, a saber: Maria Clorokyna, Fakenilson, Covidy, Pandemira e por aí a lista vai até onde manda a criatividade. 

Mas, pasmem...quem muito trabalhou durante a pandemia de corona vírus, claro, depois dos heróis de branco - PROFISSIONAIS DA SAÚDE, foi o celular e seus app. 

Foi um tal de fofocar pelas redes sociais, a falar pela boca miúda sobre os convidados-19, criar estatísticas de mortos e curados. Pais que chamaram os avós para cuidarem das crianças e esqueceram do isolamento e que os avós pertencem ao grupo de risco; inúmeras ligações e mensagens para pedir um celular para os estudos; para o trabalho; muitas outras mensagens e ligações para combinar enviar o link da reunião. Teve reunião da empresa, da escola, de pais, de amigos de 40 anos ou mais. Uso de App para pedir comida, comprar qualquer coisa já que o povo não podia sair para gastar. A família que precisava se reunir para decidir como fazer com a mamãe no dia das mães. Já que era proibido reunião de toda e qualquer espécie.

Imprudente mesmo foi o ser humano esquecer-se como ser humano. Adicionou-se a este período de tormenta o aumento do descaso com o ser humano. Agressões e morte houveram porque o povo acabou desaprendendo a conviver em tempo integral, esqueceu que negro, amarelo, índio, branco, criança, jovem, ancião, são humanos e possuem direitos consolidados pela lei divina e pela lei dos homens. 

Pois, será mesmo o Coronavírus uma metamorfose que se deu na China ou será Deus tentando colocar um empecilho ao ser humano racional e calculista? 

Por outro ângulo, este tempo pode ser percebido/sentido/lido como um tempo de recuperação do meio ambiente. O planeta Terra parece estar respirando melhor, fato observado pelos estudiosos de plantão; casos a serem constatados pelo mar e algumas de suas criaturas. Tem um amigo que desafiou o isolamento social e foi registrar a presença de um Tapicuru – uma ave já não tão comum no centro da cidade. Ganhei uns amigos diferentes no quintal, um deles bem verdinho; o famoso grilo que segundo a lenda traz prosperidade, alegria e boa sorte. 

Boa sorte a todos para um pós pandemia. Mais saúde, mais alegria, mais confiança, por mais perdão, mais compreensão e mais força para superar desafios. 

*MARIA CRISTINA MARCELINO BENTO

- Graduada em Pedagogia; 
- Mestre em Educação pela UMESP-SBC; 
-Doutora em Tecnologias da Inteligência e Designer Digital;
- Atuou na Educação Básica por 22 anos;
Atualmente é Professora titular da FATEA nos cursos de graduação e pós-graduação e
-Professora Coordenadora do Curso de Pedagogia da Fatea

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

domingo, 21 de junho de 2020

Uma Nova Forma de Olhar




Autora: Juliana Fuzinohara(*)

"Estou aqui ansiosa, louca para chegar em casa e abraçar meu filho e marido. Claro, minha família, me esperando na porta do metrô depois de um dia inteiro de trabalho"

Pensamentos como estes eram diários no período que voltava para casa. Não pensava muito no que carregava nas mãos, de quantas pessoas tive contato durante o dia, apenas queria abraçá-los. Essas demonstrações de sentimentos sempre foram automáticas e apenas sentidas.  O que fazer com todo nosso sentimento, agora?

Durante esses últimos meses tivemos muitos momentos de aprendizado sobre higiene que várias pessoas não sabiam e que muitos sabiam, mas se esqueciam de colocar em prática. Um exemplo que não me canso de dizer, são os sapatos recém chegados da rua,  agora ficam próximos da porta ou até do lado de fora das casas.  Todo esse tempo nos fez e está fazendo repensar sobre hábitos que antes eram automáticos.

De modo geral, sentimentos e emoções vem carregados das interpretações que fizemos ao longo da nossa vida, sendo significados como uma forma única, sem dupla visão. Eles provem de pensamentos automáticos que antes eram despercebidos, apenas tomados pela emoção.

Depois dessa situação de extrema vulnerabilidade temos uma nova forma de cognição em várias pessoas, o abraço não tem só uma função de demonstração de afeto, ele não vem direto como reação de um pensamento. Agora vem com pensamentos mais  conscientes  que podem também ter cognição de hiper alerta/sinal de perigo, como possibilidade de transmissão.

Quem já não passou por uma situação nesses últimos dias? Quando algum conhecido se aproxima e o automático seria? Sim cumprimentar, e ai ambos ficam se sentindo constrangidos , se afastam e conversam de longe, e se despedem das mesma forma. Estranho, porém necessário!!  Essa sensação de desproteção, desconfiança e medo permeou nossas demonstrações de afeto e vem trazendo uma modificação de como usá-lo.

O uso constante de máscara juntamente com o isolamento social, nos fez usar muito mais os olhos para comunicação e fazer uso da tecnologia para essas demonstração de afeto. O índice de ligações por vídeo e uso de aplicativos de redes sociais subiram drasticamente,novos logins e novas adaptações de pessoas que eram contra o uso, passaram a utilizar para não se sentirem isolados.  A maior interação tecnológica mudanças  nas formas como nos comunicamos e trabalhamos, de como nos representamos como indivíduo.

Gostaria aqui de pontuar sobre o reforço do uso dos olhos agora para a comunicação. Sempre nos comunicamos com os olhos, eles sempre disseram  muito sobre nós, de um silêncio até um desagrado. Porém hoje eles serão nossa nova forma de comunicação não verbal, mais usada. Será através dos olhos que poderemos sorrir, abraçar e demostrar aos outros o que estamos sentindo e neste momento não poderemos fazer como estávamos acostumados.

Acho que cada vez mais Da Vinci e Shakespeare tinham razão  quando pontuavam sobre os olhos serem a janela da alma e a linguagem do coração.

Se cuidem e reaprendam a usar os seus próprios olhos!!


Os olhos são a janela da alma e o espelho do mundoLeonardo da Vinci .
" o olhar é a linguagem do coração." (William Shakespeare)

 *JULIANA ALENCAR FUZINOHARA


-Psicóloga formada pela Universidade Paulista (2013);
-Palestrante sobre Terapia Cognitiva Comportamental; 
-Psicóloga ambulatorial no Hospital São Paulo (NEUROSONO/UNIFESP);
-Trabalha com TCC para tratamentos em distúrbios de sono e com Terapia Cognitivo Comportamental;
-Atende adultos e idosos em consultório em São Paulo; e
-Realiza atendimentos online
-Contato (11) 94769-989en8

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.