domingo, 21 de junho de 2020

Uma Nova Forma de Olhar




Autora: Juliana Fuzinohara(*)

"Estou aqui ansiosa, louca para chegar em casa e abraçar meu filho e marido. Claro, minha família, me esperando na porta do metrô depois de um dia inteiro de trabalho"

Pensamentos como estes eram diários no período que voltava para casa. Não pensava muito no que carregava nas mãos, de quantas pessoas tive contato durante o dia, apenas queria abraçá-los. Essas demonstrações de sentimentos sempre foram automáticas e apenas sentidas.  O que fazer com todo nosso sentimento, agora?

Durante esses últimos meses tivemos muitos momentos de aprendizado sobre higiene que várias pessoas não sabiam e que muitos sabiam, mas se esqueciam de colocar em prática. Um exemplo que não me canso de dizer, são os sapatos recém chegados da rua,  agora ficam próximos da porta ou até do lado de fora das casas.  Todo esse tempo nos fez e está fazendo repensar sobre hábitos que antes eram automáticos.

De modo geral, sentimentos e emoções vem carregados das interpretações que fizemos ao longo da nossa vida, sendo significados como uma forma única, sem dupla visão. Eles provem de pensamentos automáticos que antes eram despercebidos, apenas tomados pela emoção.

Depois dessa situação de extrema vulnerabilidade temos uma nova forma de cognição em várias pessoas, o abraço não tem só uma função de demonstração de afeto, ele não vem direto como reação de um pensamento. Agora vem com pensamentos mais  conscientes  que podem também ter cognição de hiper alerta/sinal de perigo, como possibilidade de transmissão.

Quem já não passou por uma situação nesses últimos dias? Quando algum conhecido se aproxima e o automático seria? Sim cumprimentar, e ai ambos ficam se sentindo constrangidos , se afastam e conversam de longe, e se despedem das mesma forma. Estranho, porém necessário!!  Essa sensação de desproteção, desconfiança e medo permeou nossas demonstrações de afeto e vem trazendo uma modificação de como usá-lo.

O uso constante de máscara juntamente com o isolamento social, nos fez usar muito mais os olhos para comunicação e fazer uso da tecnologia para essas demonstração de afeto. O índice de ligações por vídeo e uso de aplicativos de redes sociais subiram drasticamente,novos logins e novas adaptações de pessoas que eram contra o uso, passaram a utilizar para não se sentirem isolados.  A maior interação tecnológica mudanças  nas formas como nos comunicamos e trabalhamos, de como nos representamos como indivíduo.

Gostaria aqui de pontuar sobre o reforço do uso dos olhos agora para a comunicação. Sempre nos comunicamos com os olhos, eles sempre disseram  muito sobre nós, de um silêncio até um desagrado. Porém hoje eles serão nossa nova forma de comunicação não verbal, mais usada. Será através dos olhos que poderemos sorrir, abraçar e demostrar aos outros o que estamos sentindo e neste momento não poderemos fazer como estávamos acostumados.

Acho que cada vez mais Da Vinci e Shakespeare tinham razão  quando pontuavam sobre os olhos serem a janela da alma e a linguagem do coração.

Se cuidem e reaprendam a usar os seus próprios olhos!!


Os olhos são a janela da alma e o espelho do mundoLeonardo da Vinci .
" o olhar é a linguagem do coração." (William Shakespeare)

 *JULIANA ALENCAR FUZINOHARA


-Psicóloga formada pela Universidade Paulista (2013);
-Palestrante sobre Terapia Cognitiva Comportamental; 
-Psicóloga ambulatorial no Hospital São Paulo (NEUROSONO/UNIFESP);
-Trabalha com TCC para tratamentos em distúrbios de sono e com Terapia Cognitivo Comportamental;
-Atende adultos e idosos em consultório em São Paulo; e
-Realiza atendimentos online
-Contato (11) 94769-989en8

Nota do Editor:

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